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Manejo da poda apical no tomateiro

 

Rerison Catarino da Hora

Doutor e professor da Universidade Estadual de Maringá ““ campus de Umuarama (PR)

rcdahora@yahoo.com.br

 

Créditos Rerison Catarino
Créditos Rerison Catarino

Considerada uma das hortaliças mais cultivadas no Brasil, o tomateiro se destaca também pela sua complexidade no que se refere à necessidade de tratos culturais, uma vez que para algumas práticas o conhecimento da técnica e a qualificação do produtor (trabalhador) são itens fundamentais para o sucesso da cultura.

Por ser de ciclo longo, quando comparada a outras hortaliças, alguns manejos podem interferir na durabilidade do seu ciclo produtivo e, consequentemente, na produtividade do tomateiro. A exemplo desta afirmação, podemos citar as condições fitossanitárias e nutricionais da planta, a época do ano, as condições de cultivo (campo aberto ou ambiente protegido), o material genético utilizado, o manejo da água, o espaçamento adotado e, principalmente, o manejo das brotações laterais e a poda apical.

A desbrota

No cultivo do tomateiro, uma operação dispendiosa e que ocupa grandes gastos com mão de obra é a desbrota lateral que, no passado, já chegou a ser considerada uma prática com resultados controversos, porém, sempre foi amplamente utilizada pelos produtores, principalmente aqueles que cultivavam em ambiente protegido.

Hoje, porém, já está muito claro para todos aqueles envolvidos com essa cultura que o tomateiro possui nitidamente duas unidades fisiológicas bem definidas conhecidas como fonte e dreno, onde as folhas e o caule atuam como fontes e as raízes, flores, frutos e as zonas de crescimento (brotos laterais e meristema apical), atuam como dreno.

No entanto, alguns órgãos podem atuar como dreno na fase “jovem“ e como fonte já em seu estádio “adulto“. Assim, o manejo correto da planta pode influenciar diretamente em seu desenvolvimento, com consequências na durabilidade do ciclo e na produção.

A eliminação das brotações laterais diminui a competição que haveria entre este broto e os frutos a serem formados naquele intervalo - Créditos Reri
A eliminação das brotações laterais diminui a competição que haveria entre este broto e os frutos a serem formados naquele intervalo – Créditos Rerison Catarino

Benefícios da técnica

Ao manejar corretamente a planta do tomateiro, com a eliminação das brotações laterais (plantas com hábito de crescimento indeterminado) o produtor estará diminuindo a competição que haveria entre este broto e os frutos a serem formados naquele intervalo, conferindo assim maior oportunidade para que os frutos apresentem ganhos de massa, tornando-se maiores e mais pesados.

Outra decisão que o produtor também deverá tomar é em relação à poda apical das plantas, que consiste em remover a gema de crescimento, limitando assim a altura das plantas e o número de racemos que seriam emitidos, além de determinar, neste momento, a longevidade da cultura.

Segmentação

Na tomaticultura, têm-se diferentes segmentos em relação ao mercado que se quer trabalhar ou atingir. Há o chamado tomate rasteiro, que na maioria das vezes tem sua produção destinada à indústria, com cultivo no solo desnudo ou na presença de mulching sobre esse solo.

Para este sistema utilizam-se materiais genéticos de crescimento determinado, não havendo assim a necessidade de condução. Porém, alguns produtores utilizam este mesmo material genético para cultivar o tomate em sistema de meia estaca, onde as plantas são tutoradas em uma espécie de espaldeira simples com aproximadamente 1,5 m de altura, onde as plantas têm seus ramos amarrados evitando o contato direto dos frutos com o solo.

Outro segmento é o tomate de mesa, cujas plantas possuem hábito de crescimento indeterminado e obrigatoriamente devem ser conduzidas por um sistema de tutoramento, o que acontece também com os mini-tomates, popularmente conhecidos como cerejinhas.

Para esses dois últimos segmentos, o produtor deverá então utilizar os diferentes tipos de poda que consistem, como discutido anteriormente, na eliminação das brotações laterais (desbrota), na remoção da gema apical (desponte ou capação), na remoção do “excesso“ de folhas (desfolha) e, em alguns casos, no desbaste, que é a eliminação do excesso de flores e frutos, dando aos frutos que permanecerem no racemo melhores condições de atingir tamanho e peso comercializáveis.

Importante saber

A poda apical consiste em remover a gema de crescimento - Créditos Rerison Catarino
A poda apical consiste em remover a gema de crescimento – Créditos Rerison Catarino

O importante nesses diferentes conceitos de poda é entender que a prática de se podar uma planta consiste única e exclusivamente em oferecer a ela condições ideais para que possa expressar o máximo do seu potencial produtivo dentro daquele manejo e, para isso, devemos promover a redução metódica de parte dos seus diferentes “órgãos“, buscando sempre o equilíbrio entre suas características vegetativas e reprodutivas.

Uma prática também muito usual no segmento de mini-tomates é a eliminação das folhas naquela altura em que os frutos já iniciaram o amadurecimento, o que promove uma maior aeração do terço inferior e mediano das plantas, melhorando a maturação e a coloração dos frutos, o tratamento fitossanitário e a colheita.

Quando comparamos o tomate indeterminado para mesa e o mini-tomate, devemos fazer uma reflexão do momento comercial que o mercado está vivendo. Para o tomate de mesa, a decisão de limitar seu crescimento com a poda apical deve vir cercada de várias outras avaliações, principalmente a projeção do valor pago pelo quilo na época da colheita em detrimento do custo em se manter aquela planta com todos os tratos culturais por um período maior.

Já o mini-tomate tem seu mercado muito bem definido, uma vez que são consumidores, na sua maioria, bastantes distintos e que apenas deixam de consumi-lo quando há uma variação no preço.Neste caso, o produtor de mini-tomate poderia conduzir as plantas por um período bem maior em relação ao de mesa, desde que as condições fitossanitárias estejam dentro de limites aceitáveis.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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