Laércio Boratto de Paula
     Engenheiro agrônomo, DSc. em Fitotecnia e professor do Instituto Federal Sudeste de MG ““ campus Barbacena
laercio.boratto@ifsudestemg.edu.br
De maneira bem simples, podemos considerar que adubação inteligente é aquela em que os fertilizantes aplicados ao solo liberam os nutrientes aos poucos, disponibilizando os elementos necessários às plantas de forma controlada, parcelada,de maneira a atender melhor as necessidades da cultura em diferentes momentos de seu ciclo.
São considerados adubos inteligentes especialmente os nitrogenados, aqueles revestidos por derivados de ureia, por pelÃculas de diferentes naturezas, e aqueles em que os nutrientes estão ligados a um material orgânico, como a turfa, em que à medida que este material se decompõe no solo, permite a liberação controlada de nutrientes.
Não podemos esquecer que adubos orgânicos também possuem este ‘viés’ de inteligência, já que a liberação de nutrientes, nestes adubos, também é feita de maneira controlada. O detalhe é que a concentração de nutrientes, nesse caso, é bem menor que a verificada nos adubos químicos.
Por fim, mais um detalhe: a adubação inteligente, embora em tese possa ser aplicada a qualquer nutriente, é mais utilizada para os que possuem N na sua constituição.
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A cenoura
Se considerarmos a adubação convencional da cenoura, em Minas Gerais, por exemplo, a recomendação é que façamos a fertilização nitrogenada e potássica em três etapas: parte no semeio e mais duas adubações em cobertura, aos 20 e 40 dias após o semeio.
No caso de se usar adubos “inteligentes”, este parcelamento, em tese, seria desnecessário, podendo-se fazer apenas uma aplicação de fertilizante. Em lavouras de alta produtividade em cenoura tem-se recomendado até parcelamentos mais extensos de N (no semeio e mais duas a três aplicações) e de K (semeio e mais três a seis aplicações), obviamente atendendo a expectativas de produtividade, tipo de solo, genótipo, etc.
Neste caso de mais parcelamentos, talvez sejam ainda maiores os benefícios advindos do uso de um fertilizante de liberação controlada de nutrientes, o que facilitaria muito o manejo da cultura.
Vantagens da adubação inteligente
Basicamente, a adubação inteligente traz como vantagens: economia de mão de obra, no sentido de não necessitar da aplicação de nutrientes em cobertura; o revolvimento menor do solo, o que causaria menos estresse à planta; a não circulação excessiva de máquinas/implementos e até de trabalhadores, causando assim menor compactação do solo; e especialmente, a possibilidade de sincronizar melhor a disponibilização de nutrientes com a demanda nutricional da planta ao longo de todo o ciclo.
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O produto certo
A escolha de um adubo passa, necessariamente, pelo crivo técnico do responsável pelo cultivo, pela idoneidade do fabricante do produto, pelas características físico-químicas do solo utilizado, pela disponibilidade de mão de obra, pela expectativa de produtividade, pelas condições climáticas, entre outros fatores.
É bom lembrar que, na produção de cenoura, o custo com a aquisição e aplicação de fertilizantes varia, de maneira bem geral, de 10 a 20% do custo total da produção.
Estudos preliminares têm mostrado que a produtividade das culturas tem se mantido a mesma com o uso de fertilizantes nitrogenados de liberação lenta com 70 a 80% da dose equivalente a um fertilizante comum. Se essa economia de 20 a 30% na aquisição de adubos nitrogenados valerá a pena, dependerá do valor de aquisição deste adubo comparativamente ao de liberação lenta.
Embora o investimento em adubação seja, normalmente, sinônimo de maior produção, esta verdade precisa ser mais bem esclarecida.Em muitos casos, o produtor promove sucessivas adubações e correções do solo, o que, naturalmente, eleva sua fertilidade. Assim, existem situações em que adubações maciças tornam-se desnecessárias ou superdimensionadas.
Embora esta seja uma situação mais comum no cultivo de plantas anuais, na olericultura este quadro precisa ser olhado com mais carinho, já que muito fertilizante pode estar sendo desperdiçado e muito dinheiro, consequentemente, pode estar sendo jogado fora.
Em resumo, solos com maior teor de nutrientes necessitam de menores doses de adubos, o que pode estar acontecendo em boa parte de nossos cultivos, sem que o produtor se dê conta.