Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa e professor do IF Goiano ““ campus Morrinhos
SÃlvio Luís de Carvalho
Engenheiro agrônomo, mestrando em Olericultura e professor da Fafich ““ Campus Goiatuba
João Paulo Marques Furtado
Graduando em Agronomia – IF Goiano ““ campus Morrinhos
Brenda Ventura de Lima e Silva
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa e servidora do IF Goiano ““ campus Morrinhos
Os principais gêneros de fitonematoides importantes em hortaliças no Brasil são: Meloidogyne (causador das galhas em raízes), Pratylenchus (conhecido como nematoide-das-lesões radiculares), Ditylenchus (nematoide das hastes e bulbo) e Scutellonema (nematoide da casca preta).
Destes, Meloidogyne é o que possui maior poder destrutivo, com destaque para as espécies M. incógnita e M. javanica, as quais possuem uma distribuição mais ampla no Brasil, além de M. arenaria e M. hapla, com distribuição mais restrita. Atualmente, vêm sendo relatados problemas sérios com M. enterolobii.
Prejuízos às hortaliças
Os danos causados por fitonematoides não estão associados somente à redução no peso do órgão atacado, mas às alterações físico-químicas em resposta à infecção, com interferência direta na qualidade comercial das raízes e dos produtos.
O ataque ocorre principalmente nos órgãos subterrâneos, tornando as plantas enfraquecidas pelas diversas lesões necróticas ou pela formação de galhas (no caso de Meloidogyne), o que interfere na absorção de água e nutrientes (principalmente nitrogênio), tornando as plantas amareladas, raquÃticas e murchas.
Muitas vezes os sintomas podem ser confundidos com severa deficiência nutricional, levando a consequências negativas na quantidade e qualidade da produção de frutos e bulbos.
Danos às raízes e tubérculos
ÃœSintomas do gênero Meloidogyne em batata: ocorrem geralmente em reboleiras (concentrados em determinados pontos da lavoura). Os principais danos ocorrem nas raízes e nos tubérculos, sendo que nestes ocorrem inúmeras formações de protuberâncias ou caroços, mais conhecidos como “galhas“ ou “pipocas“, com consequente redução na produção e qualidade do produto na colheita, pois podem apodrecer com facilidade, além da quantidade reduzida de amido nas regiões lesionadas.
ÃœSintomas do gênero Pratylenchus: De modo semelhante aos nematoides das galhas, os danos provocados ocorrem nos tubérculos, sendo, contudo, de outra natureza. Os fitonematoides produzem galerias nos tecidos, resultando em manchas ou lesões de coloração escurecida.
Os sintomas são mais visÃveis quando os tubérculos são atacados e pequenas lesões podem passar despercebidas, sendo confundidos muitas vezes com lenticelas. As galerias abertas podem servir de porta de entrada para outros patógenos e organismos, principalmente de natureza fúngica ou bacteriana, podendo ocorrer o apodrecimento do produto, tornando-o imprestável para comercialização e consumo.
Manejo dos nematoides
Primeiramente, deve-se ter em mente que o manejo deve ser preventivo, recomendando-se a diagnose por meio de análises nematológicas do solo antes do plantio. Para tanto, deve-se coletar amostras simples de forma distribuÃda em toda a área, com um número que seja representativo, na profundidade de 0-20 cm.
Após a coleta, encaminhar para um laboratório mais próximo, podendo ser ele particular ou de universidades. Com o resultado em mãos, o produtor terá um melhor conhecimento do manejo a ser implantado, sobre qual variedade utilizar e alternativas de controle de acordo com a população de nematoides presentes no solo.
O manejo na lavoura de tuberosas relacionado ao controle de nematoides não se diferenciará muito das demais culturas. Portanto, é de extrema importância que o produtor não “sobrecarregue“ o solo com monocultivos intensivos. É interessante que o mesmo sempre alternea cultura implantada, realize a rotação de culturas, e com isso reduza os problemas com nematoides.
As principais formas de manejo dos fitonematoides são preventivas ou culturais, como a não implantação desses organismos nas áreas de cultivos onde são ausentes, a quarentena de materiais propagativos (sementes, mudas, bulbos, etc.), uso de água de irrigação não-contaminada, utilização de máquinas e implementos agrícolas limpos, manutenção de animais fora da área de cultivo, plantio antecipado ou tardio, plantio consorciado, plantio de plantas não-hospedeiras, alqueive, utilização de matéria orgânica e rotação de culturas.
A aplicação de nematicidas deve ser feita no solo 15 dias antes do plantio, e não quando a cultura já está estabelecida, considerando-se que os nematoides se alojam nos tecidos dos hospedeiros e assim estarão protegidos contra o efeito destes defensivos.
Em algumas culturas, como a cenoura e o tomate, podem-se plantar cultivares com resistência genética. Todas estas medidas devem estar imersas no contexto do manejo integrado, para a viabilidade do cultivo das hortaliças.