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Pimenta-do-reino – Tempo de mudanças

Sueli Vieira Rodrigues

Especialista em Agricultura Biodinâmica, diretora da Bioneem Tecnologia Indústria e Comércio e da Novaphito Biotecnologia e Recursos Genéticos Ltda, e coordenadora da Comissão de Produção Orgânica no Estado de Minas Gerais

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Em tempos de crise financeira internacional, secas intensas, aquecimento global, zika vírus e sustentabilidade em alta, a pimenta-do-reino tem pela frente um cenário de inovação e oportunidades, do cultivo à comercialização, que promete tempos promissores e grandes desafios.

Os maiores produtores são os Estados do Pará e do Espírito Santo, seguidos pela Bahia, mas devido às secas intensas dos últimos cinco anos, o zoneamento agrícola da cultura vem mudando para o médio Jequitinhonha (Araçuaí-Itinga) – devido às terras férteis, água para irrigação e clima quente, Vale do Mucuri e Rio Doce.

Com a seca intensa no Espírito Santo, os produtores estão migrando para a Bahia, nos municípios de Itabela, Itamaraju e Eunápolis. Após os intensos ataques de fusariose que destruíram vários plantios no Estado do Pará ou reduziram drasticamente a produtividade de outros, as instituições de pesquisa e setor de biotecnologia trabalharam para oferecer aos produtores subsídios, com opções de variedades e manejo, que neste momento fornecem informações para implantação e gerenciamento de seus plantios.

O clima ideal para a pimenta-do-reino é quente e úmido,com chuvas bem distribuídas, com precipitação superior a 1.800mm/ano e umidade relativa do ar superior a 80%,com temperaturas entre 25 e 27ºC.Necessita de solos bem drenados, topografia plana, livres de contaminação de culturas anteriores, como pepino, maxixe, melão, melancia, abóbora, da mesma forma não é aconselhável consorciar essas culturas de hábito comum em áreas irrigadas.

Boas práticas

Os maiores produtores de pimenta-do-reino são os Estados do Pará e do Espírito Santo - Crédito Franco Cosme
Os maiores produtores de pimenta-do-reino são os Estados do Pará e do Espírito Santo – Crédito Franco Cosme

Boas práticas agrícolas de colheita, beneficiamento e armazenamento são diferenciais para melhorar a comercialização e valor agregado da pimenta-do-reino. Neste momento é possível, inclusive, acessar informações sobre cada variedade, com sua composição química detalhada, com teores de óleos essenciais, oleorresinas, piperina e outros compostos, bem como período de maturação, produção média, se são viáveis os plantios consorciados e quais as espécies favoráveis (frutíferas, arbóreas, essências florestais, etc.)

Variedades específicas

Diante dessas informações associadas à meteorologia e zoneamento agrícola de cada região, o produtor pode planejar suas ações de cultivo, beneficiamento e comercialização para o cenário mais favorável.

Se o produtor pretende plantar pimenta-do-reino para fins alimentícios, especiaria nobre, dependendo dos mercados aos quais tem acesso, poderá escolher a variedade “Apra“ com teores de 55,06% de piperina, média, picante e equilibrada, que agrada ao paladar brasileiro e atende bem a demanda do mercado interno.

Para o paladar europeu, que prefere teores mais suaves, para não descaracterizar o sabor primordial dos alimentos, a variedade Bragantina com 41,16% de piperina agrada em cheio os italianos, portugueses, franceses e espanhóis, que se orgulham dos sabores de seus produtos e preferem especiarias menos picantes.

Para aqueles produtores que têm acesso ao mercado asiático, que prefere o “apimentado“ a Cingapura, responde ao quesito com um teor de piperina de 69,09%,que agrada em cheio o paladar de indianos, malaios, chineses, coreanos, filipinos e demais países da Ásia.

As boas práticas agrícolas para a espécie recomendam ao produtor sempre trabalhar com mais de uma variedade, para aumentar a diversidade genética das áreas de cultivo, intervalos de floração, maturação e para evitar a ocorrência de doenças e pragas.

A cultura necessita de solos bem drenados e topografia plana - Crédito Bioneem
A cultura necessita de solos bem drenados e topografia plana – Crédito Bioneem

Nicho de mercado

Considerando que só uma parcela da pimenta produzida mundialmente é destinada à alimentação e a outra parte, bem maior, é destinada à indústria química, para fabricação de medicamentos, defensivos agrícolas, repelentes e cosméticos, esse é um nicho que oferece muitas oportunidades no mercado atual. Permite agregar valor, substituindo a venda da pimenta-do-reino minimamente processada.

Os produtores podem optar por processar o produto de forma individual, se tiverem a devida estrutura, ou se organizarem em arranjos produtivos, para extrair princípios ativos, óleos essenciais (que valem mais que ouro) e outros derivados.

As operações se tornam mais complexas, mas o valor agregado é correspondente. Para aqueles que pretendem acessar esse outro nicho de mercado, podem planejar trabalhar com variedades que sintetizam princípios ativos específicos para esse fim, como por exemplo, a Bragantina, que apresenta 29.62%de outros compostos e a Guajarina, pouco cultivada, mas que apresenta altas concentrações de ativos, por volta 38,07%.

Grande parte da produção é destinada à indústria química - Crédito Wellington Secundino
Grande parte da produção é destinada à indústria química – Crédito Wellington Secundino

Regras

É importante que os produtores estejam atentos.Assim como a pimenta-do-reino destinada à alimentação,os outros produtos do processamento também são regulados, com normas rígidas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária e IBAMA, que regulamentam as atividades de cultivo, colheita, processamento, armazenagem e comercialização.

As exigências são muitas, mas não devem desestimular o produtor, que deve tomar para si o desafio. As normas estabelecidas são, principalmente, boas ferramentas de gestão integrada aos diversos aspectos da propriedade, e uma ferramenta de venda do produto.

Sistema de irrigação por gotejamento - Crédito Bionem
Sistema de irrigação por gotejamento – Crédito Bionem

O clima ideal para a pimenta-do-reino é quente e úmido - Crédito Bioneem
O clima ideal para a pimenta-do-reino é quente e úmido – Crédito Bioneem

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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