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Armadilhas de feromônios no controle da falsa-medideira

Crédito Edson Hirose
Crédito Edson Hirose

A lagarta falsa-medideira (Chrysodeixisincludens) passou a ser considerada uma praga importante na cultura da soja após as safras de 2002/03e 2003/04, devido ao desequilíbrio do agrossistema, ocasionado tanto pela constante aplicação de fungicidas para o controle da ferrugem asiática como de produtos não seletivos para o controle de pragas, afetando os inimigos naturais da lagarta.

Com isso, a lagarta que anteriormente era considerada praga secundária em várias regiões do País, passou a ter um papel importante na cultura, exigindo medidas específicas para seucontrolenão somente na soja, mas também no algodão, feijão e outras culturas.

A falsa-medideira pode atacar a cultura da soja no mesmo período de infestação da lagarta da soja,Anticarsiagemmatalis, que também provoca danos econômicos para a cultura.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o entomologista Crébio José Ávila, embora hoje no sistema de produção de soja exista a preocupação com a lagarta da soja Helicoverpa armigera e lagarta da maçã,Heliothis virescens, o que tem deixado os produtores em alerta é a falsa-medideira.

No monitoramento, feito por meio do contato constante com as instituições parcerias -Fundações MS e Chapadão ““ Crébio comentou que a explosão populacional desta lagarta tem causado preocupação devido à dificuldade de controle.“Enquanto a lagarta da soja fica no topo superior da planta, a falsa-medideira fica no baixeiro, ou na parte mediana da planta, predominantemente. Então, quando se aplica o inseticida, se não for utilizada a tecnologia adequada o controle será insatisfatório.Com um bico leque simples, por exemplo, todo o inseticida vai ficar depositado no topo da planta, e neste caso o produto não vai ter a eficácia desejada“, explica.

Crébio José Ávila, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste - Crédito Sílvia Zoche Borges
Crébio José Ávila, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste – Crédito Sílvia Zoche Borges

Pesquisas

Num trabalho desenvolvido recentemente pela Embrapa, foi observado que durante as horas mais amenas do dia, a partir das 18 até 21 horas, as lagartas sobem para o topo superior da planta da soja para se alimentar, principalmente as lagartas maiores.Nesta condição, em que as lagartas estão mais expostas, segundo Crébio, é o momento mais adequado para fazer a pulverização. “O trabalho noturno é muito mais eficiente do que o diurno, porque neste último as lagartas estão menos acessíveis, por estarem posicionadas no baixeiro da planta“, justifica.

Segundo o pesquisador, hoje o mercado dispõe de vários produtos com comprovada eficiência no controle desta praga. Os fisiológicos (de ação mais lenta, mas com residual maior), os que têm efeito de choque (com efeito mais imediato), as diamidas, as espinozinas, carbamatos e um mais recente, oindoxacarbe, que também tem apresentado bons resultados contra a falsa-medideira.

Crébio explica que para ter um efeito de choque e garantir o efeito residual, alguns produtores aplicam um produto que derruba a lagarta no chão, e em seguida entram com o produto fisiológico para garantir maior residual.

Armadilhas de feromônios

Crébiode Ávila, além de observar o comportamento da lagarta no perfil das plantas de soja, tem estudado a utilização de armadilhas de feromônios para captura de adultos da falsa-medideira, com o objetivo de correlacionar a população adulta com a de ovos e lagartas.“O objetivo deste estudo é encontrar correlação para posteriormente orientar o controle baseado nas capturas de adultos com o emprego do feromônio. A pesquisa ainda não conseguiu esse ajuste, mas segue com a ideia de que no futuro (ao conseguir essa correlação) se possa, a partir do número de mariposas encontradas na armadilha de feromônio, orientar o produtor para que dali a um certo número de dias realize o controle“.

 

Biológicos como alternativa

 

Outra forma de manejar a falsa-medideira no campo é utilizar o controle biológico aliado ao químico. Para isso, devem ser intercalados e respeitados os intervalos de aplicação dos inseticidas em relação aos inimigos naturais da praga. O controle biológico é baseado na ocorrência natural de fungos, insetos já existentes na lavoura e no método inundativo, que é a liberação de insetos parasitoides da praga na área de cultivo.

Os fungos entomopatogênicos são inimigos naturais da falsa-medideira já existentes originalmente na área e podem ter sua população aumentada em climas mais úmidos e com chuva, devido à formação de microclima no interior do dossel da cultura após seu fechamento nas entrelinhas.

O fungo Nomuraearileyi causa a doença branca na falsa-medideira e na lagarta da soja, provocando a morte das pragas pelo seu crescimento vegetativo esbranquiçado. O fungo ocorre em períodos com umidade do ar maior que 75% e se dispersa pelo vento, infectando outras lagartas presentes na lavoura.

O método inundativo é realizado por meio da instalação de cartelas contendo ovos da falsa-medideira parasitados pela vespa Trichogrammasp, que se dispersa na cultura, parasitando novos ovos da lagarta, diminuindo a população da praga. Esse método geralmente é utilizado a partir do estádio fenológico V2 (presença do segundo nó na planta e primeiro trifólio aberto) ou V3 (terceiro nó e segundo trifólio aberto) da cultura da soja, sendo liberadas 100.000 vespas/ha, três vezes por semana.

Dessa forma, a falsa-medideira pode ser manejada através do monitoramento e práticas do MIP, preservando os inimigos naturais no campo, obtendo boa produtividade com redução dos custos de aplicação de inseticidas e prejuízos econômicos que podem ser causados pela praga.

Essa matéria você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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