Ricardo Machado
Coordenador de Assuntos Regulatórios da Koppert do Brasil
Inserido no mercado de proteção de plantas, que movimenta aproximadamente US$ 9,6 bilhões de dólares por ano no Brasil, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal ““ SINDIVEG, o segmento de controle biológico vem crescendo a uma taxa de aproximadamente 15% ao ano, em média, de acordo com levantamento realizado pela CPL Bussiness Consultants.
A safra 2013/14, em especial, foi um marco para a consolidação dessa categoria de produtos, com o uso de diferentes defensivos biológicos para o controle eficiente e sustentável da lagarta Helicoverpa armigera, praga que causou grandes prejuízos, principalmente nas lavouras de soja do País.
Este novo cenário, com a maior adoção da tecnologia por parte dos produtores, os números expressivos e o grande potencial de crescimento do mercado, despertam o interesse econômico de muitas pessoas que, de alguma maneira, estão envolvidas na indústria de insumos ou na agricultura do País. Neste sentido, o surgimento de novas empresas e produtos de controle biológico pode abrigar um perigo ao setor e aos produtores, pois há oportunistas sem conhecimento algum querendo pegar a onda.
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Mitos e verdades
Apesar de os biológicos possuÃrem características bem diferentes dos defensivos convencionais, o fato de o Brasil não possuir uma legislação exclusiva para este tipo de produtos faz com que os mesmos sejam enquadrados e registrados sob a Legislação de Agrotóxicos e Afins, uma das mais rigorosas do mundo. Consequentemente, a empresa e seus produtos devem atender uma série de complexas exigências e cumprir diversos requisitos para atuar no mercado de forma legal.
Existe uma longa estrada entre a abertura e regularização da empresa, desenvolvimento, registro e comercialização dos produtos. Este complexo caminho passa por diferentes licenças em órgãos da administração municipal, estadual e federal, além de filiação a entidades de classe e associação a diferentes órgãos relacionados ao setor. É um investimento alto em termos de tempo e de recursos.
 Além disso, a responsabilidade da empresa por seus produtos é grande, e vai desde a compra da matéria-prima para produção dos produtos até o recolhimento das embalagens vazias após o uso por parte do produtor, uma vez que a empresa que coloca um produto no mercado é responsável também por qualquer dano que ele possa causar à saúde de quem os utiliza ou ao meio ambiente.
Posto isso, o surgimento repentino de diversos novos players nesse mercado chama a atenção pelo lado negativo. Em um momento de consolidação da tecnologia, em que empresas idôneas e engajadas no crescimento do controle biológico buscam inovações para levar produtos de alta qualidade para o campo, é preocupante ver o número de produtos ilegais e tecnologias de qualidade duvidosa que aparecem a cada nova safra.
A fabricação e comercialização de produtos de alta qualidade demandam padrões rÃgidos de produção, transporte por meio de uma logÃstica adequada e aplicação no campo de forma correta. Tudo isso só é possível com uma estrutura apropriada, a qual não se constrói da noite para o dia.
O barato pode sair caro
A utilização de produtos ilegais, sem registro ou com desvio de uso, além de uma prática ilÃcita, alimenta uma indústria que prejudica o controle biológico, entregando produtos de baixa eficiência e colocando o agricultor e o meio ambiente em risco.
A fiscalização deste mercado é dever do governo. Porém, é imprescindÃvel que os produtores selecionem e utilizem produtos legais e registrados, sob o risco de comprometermos o caminho de sucesso do controle biológico no Brasil.