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Controle eficiente da lagarta-elasmo

Cecilia Czepak

Professora de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFGO)

ceciczepak@yahoo.com.br

 

Crédito Roberto Zito
Crédito Roberto Zito

A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), da família Pyralidae, também conhecida como broca-do-colo, é uma praga de hábito polífago que ataca mais de 60 espécies de plantas nas regiões temperadas e tropicais da América.

No Brasil, causa prejuízos principalmente em grandes culturas, especialmente gramíneas e leguminosas. A infestação da praga pode ser responsável por até 70% de perdas na cultura do milho, 50% no feijão e 25% na cana-de-açúcar, sendo também frequente no cultivo da soja e trigo.

Os maiores prejuízos são causados nos períodos iniciais após a emergência das plantas e se agravam quando são acompanhados de longos veranicos, comprometendo o estande inicial e, consequentemente, a produção, devido à redução no número de plantas/m2.

Quando o ataque ocorre em plantas recém-emergidas, só se percebe a presença da praga pela redução do estande, visto que as plantas secam rapidamente e se confundem aos restos de cultura ou ao próprio solo. Neste caso, não há muito o que fazer, pois os controles curativos dificilmente eliminam esta praga que, geralmente, está protegida no casulo abaixo da superfície do solo ou na haste da planta atacada.

 Em plantas mais desenvolvidas é comum o ataque, e mesmo não conseguindo matar a planta, provoca o perfilhamento em gramíneas e o enfraquecimento do colmo em leguminosas, culminando em tombamentos após chuvas com vento.

 

Alerta geral

Torna-se necessário esclarecer que esta praga não abandona as áreas de cultivos após o desenvolvimento das plantas – apenas não consegue matá-las e, neste caso, sua presença muitas vezes é negligenciada.

Ataques intensos desta praga estão associados a períodos de estiagem, com temperaturas altas e baixa umidade do solo, combinação que acelera o ciclo biológico da praga, aumenta sua voracidade, além de prejudicar de forma irreversível a reação da planta ao ataque.

De olho nos sintomas

A lagarta-elasmo, ou broca-do-colo, após a eclosão pode alimentar-se das folhas, principalmente em ataques a gramíneas. Em seguida se dirige para a base da planta hospedeira, penetrando na haste logo abaixo do nível do solo, fazendo galerias ascendentes, provocando, nas gramíneas, a morte da gema apical e, como consequência, a planta amarelece e as folhas centrais secam. Este sintoma denomina-se “coração-morto”.

Em leguminosas, as galerias ascendentes construídas a partir da sua alimentação impedem o fluxo de seiva e, como consequência, a planta seca e morre. Sua presença é facilmente constatada devido à sua associação com a planta hospedeira, pois constrói um casulo na parte externa junto ao orifício de entrada, com restos vegetais, terra e teia, dentro do qual se abriga. Terminado o período larval, a lagarta se transforma em crisálida no solo, dentro do casulo, próximo à haste da planta.

Foto 02 Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo - Crédito Cecilia Czepak
Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo – Crédito Cecilia Czepak

Foto 02 A  Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo - Crédito Cecilia Czepak
Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo – Crédito Cecilia Czepak

Foto 02 B Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo - Crédito Cecilia Czepak
Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo – Crédito Cecilia Czepak

Foto 02 C Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo - Crédito Cecilia Czepak
Plantas mortas por ataque da lagarta-elasmo – Crédito Cecilia Czepak

Culturas prejudicadas

Leguminosas e gramíneas, isto é, inúmeras plantas cultivadas e espontâneas são hospedeiras desta praga, entre elas: cana, arroz, trigo, amendoim, soja, sorgo, milho, feijão, algodão, caupi, etc.. Até mesmo tiriricas são passíveis do ataque desta broca.

Sabe-se que áreas de solos argilosos e plantios convencionais favorecem a sobrevivência desta praga, porém, quando a população de adultos é alta, devido principalmente à manutenção de áreas em pousio com gramíneas ou tigueras, nem mesmo o plantio direto escapa do ataque desta praga.

Para tanto, o monitoramento pré-plantio se torna imprescindível, principalmente para a escolha da melhor tática de controle, a qual, muitas vezes, para esta praga, tem caráter preventivo.

Manejo

Monitoramentos frequentes para se determinar a presença do adulto e de lagartas na área são recomendados, mas infelizmente quase nunca são adotados, assim como evitar a manutenção de plantas espontâneas e tigueras, pois estas perpetuam a praga na área.

Tratamento de sementes

Outra recomendação seria o tratamento de sementes como forma preventiva de controlar a praga. Também nos plantios com tecnologia Bt a adoção do tratamento de sementes é recomendável, mas devemos sempre lembrar que toda tática de controle é apenas uma ferramenta, e não a solução dos problemas, e pragas como a lagarta-elasmo devem ser tratadas dentro do sistema produtivo, já que a mesma pode se estabelecer com muita facilidade em rotações de leguminosas com gramíneas.

Áreas recém-queimadas devem ter os cuidados redobrados, já que o cheiro atrai ainda mais os adultos, pois os mesmos entendem ser uma área com possibilidade de alimento farto para a prole, visto que novas brotações virão em sequência.

Atualmente, essa é uma alternativa válida e eficiente, porém, não devemos esquecer que a mesma não impede a perda de estande, pois, para morrer, a lagarta muitas vezes terá que comer a planta contaminada com o inseticida.

Além disso, esse fato pode ser observado com frequência quando se tem períodos favoráveis às pragas e desfavoráveis à planta. Assim, com certeza sua adoção ajuda na manutenção do estande mesmo em ataques severos, principalmente quando comparamos a áreas não tratadas.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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