Mário Calvino Palombini
Engenheiro agrônomo
Como em todas as plantas, o magnésio (Mg) é essencial na síntese de clorofila e na fixação do CO2 no morangueiro. Também é ativador de várias enzimas, em particular as fosforilativas, responsáveis pela absorção do fosforo (H2PO5).
Os sintomas de deficiência de magnésio no morangueiro podem ser visualizados nas folhas e frutos. Nas folhas, quando os níveis de deficiência forem baixos, podem ficar latentes, sem o surgimento de sintomas aparentes, prejudicando a sua identificação.
O magnésio é muito móvel na planta e, por este motivo, quando os sintomas se tornam perceptÃveis, já ocorreram em folhas velhas, muitas vezes podendo ser confundidos com uma senescência antecipada.
Os sintomas começam com o escurecimento das folhas, passando para uma coloração púrpura (vermelho escuro), com necrose (morte) de forma circular e bem definida em suas margens.
A deficiência do magnésio geralmente não causa redução do porte da planta, do sistema radicular e nem da produtividade. O dano econômico ocorre pela redução da qualidade do fruto, ocasiona um sabor amargo e coloração pálida, podendo evoluir, em casos mais graves, para um aspecto albino (manchas da coloração branca em frutos maduros).
EquilÃbrio é tudo
Obviamente, a falta da adubação contendo magnésio pode ser um dos motivos da sua deficiência, mas existem outras causas prováveis, como a relação inadequada de potássio com o somatório do cálcio e magnésio, aplicações de quantidades excessivas de amônia (NH4) e pH abaixo de 5,5, que prejudica a absorção do magnésio pelas plantas.
Em cultivo no solo, os principais motivos que levam ao desequilíbrio são as inadequadas correções de solo, com proporções desequilibradas de calcário calcÃtico (somente com cálcio), dolomÃtico (com cálcio e magnésio) e excessivas aplicações na fertirrigação de potássio e amônia.
 Em sistemas semi-hidropônicos ou hidropônicos por gotejamento, estes desequilíbrios podem ter origem tanto na inadequada relação de nutrientes da solução nutritiva como no manejo da fertirrigação. Isso porque, em condições climáticas específicas, o substrato pode, no decorrer do tempo, reter determinados nutrientes em detrimento a outros.
Ainda, como o magnésio é facilmente lixiviável, aplicações de solução nutritiva intercalada com excessivas quantidades de água podem provocar perdas significativas do magnésio na drenagem.
A falta de alguns cuidados na preparação da solução nutritiva também podem ser a causa da deficiência de magnésio. Se o preparo não for feito respeitando a incompatibilidade entre adubos, capacidade de diluição e o pH, tanto no preparo da solução nutritiva concentrada como na diluÃda pode ocasionar reações químicas indesejáveis entre os adubos, tornando o magnésio e outros nutrientes indisponíveis para as plantas.
Quando aplicar
Como o magnésio é facilmente móvel na planta, aplicações imediatas promovem o desaparecimento dos sintomas rapidamente, mas é importante tomar cuidado com o aumento gradativo das doses, pois a excessiva adubação com magnésio pode prejudicar a absorção pela planta de cálcio e potássio.
É necessário fazer uma avaliação completa do manejo adotado na fertirrigação para identificar e corrigir o mais rápido possível as reais causas da deficiência. Não existe um momento específico para fazer essas correções. Como a solução imediata decorre de aumentar ou adicionar adubos com magnésio à fertirrigação, as aplicações irão depender da programação de fertirrigação adotada.
Viabilidade
A solução imediata, com a introdução ou o aumento de quantidades de adubações contendo magnésio, gera um pequeno aumento no custo de produção, mas há um custo-benefÃcio favorável ao produtor.
Como a deficiência pode ser um indicativo de outros problemas no processo produtivo, as relações custo-benefÃcio são variáveis. Podem representar uma redução de custos pela diminuição de alguns nutrientes que estão sendo usados em quantidades excessivas até a reformulação das técnicas de fertirrigação, podendo requerer investimentos da estrutura produtiva.