Janaina Marek
Engenheira agrônoma, mestre e doutoranda em Produção Vegetal na Universidade Estadual do Centro-Oeste
Dione de Azevedo
Engenheiro agrônomo e consultor
As solanáceas, no Brasil e a nível mundial, representam culturas de grande interesse, por sua importância econômica, social e cultural. Em termos nutricionais, são consideradas por vários pesquisadores como alimentos funcionais, com significativos níveis de vitamina C, ácido fólico, betacaroteno, entre outras substâncias de grande valia para a saúde humana.
Fitossanidade
As doenças interferem diretamente na qualidade e no valor dos frutos das espécies destinadas ao mercado consumidor. A antracnose, causada por fungos do gênero Colletotrichum, é considerada uma das mais importantes e destrutivas doenças em solanáceas, principalmente as de fruto, como o tomate, pimentão, pimentas, jiló e berinjela. Estas espécies são pertencentes aos gêneros Solanum e Capsicum.
Estudos registram que a doença está distribuÃda mundialmente (África do Sul, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Índia e Nova Zelândia). No Brasil, a antracnose, que ocorre de forma generalizada, limita o crescimento da produção das solanáceas, sendo responsável por perdas de 60 a 100% da produção e, além disso, aumenta os custos durante o cultivo e a pós-colheita.
Gênero Capsicum
Nas pimentas e pimentões a antracnose está entre as doenças mais destrutivas, causando perdas significativas à produção. Em pimentão (Capsicumannuum), as principais espécies de Colletotrichum são: C. acutatum, C. gloeosporioides, C. coccodes e C. scovillei.
Por outro lado, nas pimentas (Capsicum spp.), algumas das espécies de Colletotrichum de importância são: C. capsici, C. acutatum, C. coccodese C.gloeosporioides.
Gênero Solanum
Em berinjela (Solanummelongena), duas espécies de Colletotrichum afetam a cultura: C. gloeosporioides e C. coccodes. Entretanto, a doença é menos expressiva, devido ao uso de cultivares com níveis mais elevados de resistência. Porém, em cultivares suscetÃveis observa-se a ocorrência de 35 a 100% de frutos infectados.
As cultivares comerciais de jiló (Solanumaethiopicum grupo gilo) são suscetÃveis à infecção dos frutos por Colletotrichum spp. As principais espécies causadoras de antracnose em jiló são a C. gloeosporioides e C. acutatum, sendo as mesmas espécies relatadas na cultura do tomate (Solanumlycopersicum).
Etiologia e epidemiologia do gênero Colletotrichumspp
O gênero Colletotrichum spp., agente causal da antracnose, doença caracterizada por lesões profundas, escuras e geralmente circulares em diversas espécies, principalmente na família Solanaceae, é considerado um dos principais patógenos a nível mundial.
Como um fungo de solo, uma vez estabelecido na área, pode sobreviver por vários anos. Caracteriza-se por produzir conÃdios (esporos), que são disseminados em curtas distâncias por respingos de água de chuva ou irrigação, e pelo vento. Sementes, mudas, implementos, botas e ferramentas contaminadas também podem dispersar o agente causal em longas distâncias.
A antracnose pode infectar as plantas em qualquer estágio de desenvolvimento. O processo de infecção tem início com a germinação dos esporos do fungo na presença de água na superfície da planta que, ao entrar em contato com a cutÃcula dos tecidos vegetais (folhas, caule e frutos), promovem o desenvolvimento do patógeno.
O início da infecção pode ser identificado pela presença de pequenas manchas arredondadas, que com o tempo de expandem.Os maiores danos desta doença ocorrem na estação quente e chuvosa, pois altas temperaturas e umidade elevada favorecem o seu aparecimento.
Segundo alguns pesquisadores, epidemias severas de antracnose são mais comuns na primavera e verão, quando as temperaturas variam de 22 a 30°C, aliadas à alta umidade. No Brasil têm sido observadas e relatadas perdas que variam de 60 a 100%, geralmente em cultivares altamente suscetÃveis conduzidas em condições de campo.
Sintomas da antracnose em solanáceas
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As espécies patogênicas de Colletotrichum (entre elas saprófitas e/ou fitopatogênicas) ocorrem em diversas espécies de hospedeiros, desde culturas agrícolas (como as solanáceas) e plantas medicinais, aos arbustos e árvores silvestres, causando podridões em colmos, caules e frutos, seca de ponteiros, manchas foliares, infecções latentes e antracnoses.
Nas plantas hospedeiras, pode sobreviver na forma de infecções latentes ou induzir níveis variados de doença.Em solanáceas predomina a ocorrência da antracnose, caracterizada como lesões necróticas profundas e delimitadas nos tecidos atacados.
Os sintomas da antracnose nos frutos das diferentes solanáceas são semelhantes, caracterizados por lesões deprimidas e aquosas; no interior destas lesões, em condições de alta umidade, observam-se massas de esporos de coloração rósea ou alaranjada.