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O tratamento de sementes e as pragas que ameaçam a safrinha

A época do milho de segunda safra é propícia para insetos que atacam a plantação, desde a germinação até a formação das espigas. Por isso, é necessário um correto manejo fitossanitário, além do tratamento de sementes

 

Crédito Ademir Torchetti
Crédito Ademir Torchetti

O milho safrinha é definido como o milho de sequeiro cultivado extemporaneamente, de janeiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, na região centro-sul brasileira, envolvendo basicamente os Estados do Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, Minas Gerais.

Há cerca de 25 anos, a safrinha praticamente não existia. Esse sistema de plantio extemporâneo, sem irrigação, teve seu início por volta de 1978/79.  O milho safrinha era semeado principalmente após a colheita da soja precoce (situação que prevalece até a atualidade), após a colheita do feijão “das águas“, e mesmo plantado nas entrelinhas da própria cultura do milho da safra normal, depois que este atingia a maturação fisiológica, quando então o milho era “dobrado“ (uma prática utilizada no passado).

A partir das experiências pioneiras, esse sistema de plantio, inicialmente considerado marginal, feito fora da época normal e em condições climáticas desfavoráveis, cresceu tanto e estendeu-se a outras regiões que se tornou componente fundamental das cadeias produtivas que têm na produção e no consumo do milho um item importante.

Em números

A segunda safra brasileira de milho de 2016 deverá somar 52,133 milhões de toneladas, segundo projeção de SAFRAS & Mercado. A nova estimativa indica um corte de 3,896 milhões de toneladas, o equivalente a 6,95%, na comparação com a estimativa anterior, de 56,029 milhões de toneladas.

Obstáculos

Segundo José Fernando Jurca Grigolli, pesquisador da Fundação MS, os principais obstáculos referentes a esta janela de plantio são operacionais. “Temos no campo situação de colheita de soja, aplicações de dessecação de plantas daninhas ou de soja para a colheita, além da semeadura do milho. O controle fitossanitário é bastante complexo nesta época em função da dinâmica de pragas polífagas, que migram da soja para o milho, dificultando o seu controle. Além disso, temos a questão operacional destacada anteriormente e situações de dificuldade de controle de algumas pragas, como os percevejos, que se encontram embaixo da palhada da soja, impedindo o controle, pois os ingredientes ativos não atingem o alvo de forma correta“, destaca.

O tratamento de sementes

O tratamento de sementes é uma ferramenta bastante interessante, comparado ao seguro de um carro. Em situações de altas pressões de lagartas e percevejos, pode ser fundamental para a sanidade das plantas. Por outro lado, pontua José Fernando, se não houver fluxo destas pragas, o investimento é passado de forma despercebida.

Em casos de alta pressão, o tratamento de sementes pode resultar em maior rendimento de grãos das plantas e menor necessidade de aplicações de inseticidas químicos, geralmente.

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

Manejo

Existem diversos produtos disponíveis no mercado para o tratamento de sementes de milho. Geralmente, trata-se a semente com fungicidas e inseticidas, visando proteger o desenvolvimento inicial das plantas de doenças de solo e de pragas iniciais, que podem reduzir o estande de plantas e acarretar em menor rendimento de grãos.

“O principal detalhe a ser observado é a questão alvo/produto. Conhecer bem a propriedade é fundamental para planejar um tratamento de sementes personalizado e que traga o melhor resultado possível, visando controlar o problema local de cada talhão. A utilização de uma receita dificulta o manejo de pragas e doenças, pois a distribuição destes alvos em cada propriedade é diferente, e conhecer esta distribuição possibilita investimentos mais ponderados e precisos, por exemplo, de inserir ou não fungicidas no tratamento de sementes em áreas sem histórico de doenças iniciais de solo“, pondera o pesquisador.

Tratamento industrial ou onfarm?

Para José Fernando, os dois tratamentos de sementes (na fazenda ou industrial), se bem feitos, são eficientes. “Entretanto, o tratamento industrial geralmente é mais uniforme, ou seja, a distribuição dos produtos nas sementes é mais aferida e nas dosagens necessárias. Além disso, o risco aos funcionários é bem menor, visto que os indivíduos não têm contato com os produtos, os quais ficam em tanques de tratamento de sementes e são utilizados de forma computadorizada“, diz.

Investimento

O custo envolvido na operação depende do produto utilizado, mas um dos tratamentos padrão utilizados atualmente para o manejo de percevejos em tratamento de sementes de milho gira em torno de R$ 60,00 por hectare, segundo calcula José Fernando.

“Quanto ao retorno do investimento, em situações de alta pressão de percevejos podemos obter rendimento de grãos de até 20 sacas por hectare de milho a mais, e se considerarmos o valor da saca de milho de R$ 20,00, teremos um retorno de aproximadamente R$ 400,00. Em suma, é uma ferramenta com alto custo-benefício“, conclui.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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