As canaletas surgem como uma opção de produção em sistema semi-hidropônico, e suas vantagens se agregam às do substrato de fibra de coco. Com o manejo certo, o produtor pode ter respostas muito positivas em seu cultivo
O cultivo hidropônico em substrato, chamado no Brasil de sistema semi-hidropônico, vem se popularizando muito rapidamente em cultivos de ciclo médio/longo, como: tomates, pimentões e morangos, para citar algumas culturas.
Para Adriano Edson Trevizan Delazeri, fundador e consultor da Hidroponic, tal fato se dá primeiro pela segurança na produção, por reduzir os riscos de falta de energia, pois a carga de nutrientes no substrato pode manter a planta durante muitas horas e até dias em algumas condições, e depois por oferecer ao sistema radicular uma área maior de desenvolvimento e possibilitar um melhor equilíbrio entre oxigenação e umidade.
“Mas a novidade, já não tão recente, é a produção em sistema semi-hidropônico com o reaproveitamento da solução, em sistema fechado. A solução aplicada à cultura, depois de passar pelo substrato, é recolhida e reajustada, podendo novamente ser injetada. Além da vantagem econômica, com o reaproveitamento a solução não é descartada no solo“, expõe o especialista.
Calhas de cultivo
Para sistemas de cultivo semi-hidropônico existem: vasos, slabs e, recentemente, as calhas de cultivo. Em sistemas com vaso ou slabs, para que se faça o reaproveitamento da solução, é necessário que sob eles se construa uma calha. Logo, indaga Adriano Delazeri,porque não plantar direto na calha? “A partir daà surgiram muitas ideias, dentre as quais: calhas feitas de plástico e fios de aço, calhas de isopor, de plástico termoformado, plástico injetado, madeira, etc. As diferenças entre elas estão relacionadas ao custo de produção, formato (largura x altura) e forma de montagem. Algumas são mais indicadas para uma cultura que outras“, define.
Segundo o especialista, independente do modelo da calha, é certo que o resultado de produtividade está relacionado à capacidade do substrato de oferecer para a planta, em cultivo, um bom equilíbrio entre nutrição, umidade, oxigenação e conforto térmico.
O substrato
Em resumo, Eduardo Ferreira Rodrigues, doutor em Agronomia e professor da Universidade Estadual do Maranhão, afirma que os substratos devem satisfazer um princÃpio importante: “a utilização de diferentes componentes na formação de substratos para a produção de mudas e para o cultivo de hortaliças visa, especialmente, uma redução do peso para o transporte do conjunto recipiente/substrato/planta e o incremento das propriedades físicas ““ porosidade (boa aeração), pH e químicos como C.E., que não alterem a formulação da solução hidropônica, em que se pretende que as raízes das hortaliças se desenvolvam“, detalha.
Dentre os substratos que se destacam, a fibra de coco verde tem se tornado um grande atrativo para os produtores de hortaliças. Em uma dissertação apresentada no ano de 2007, SILVA, trabalhando com fibra de coco verde na produção de alface, concluiu que a incorporação da fibra ao solo foi um fator de otimização para o cultivo de alface em condições orgânicas.
“Um aspecto interessante que merece análise é que a produção de coco verde em vários Estados do Nordeste e em diversas regiões do litoral do nosso país ainda não possui o beneficiamento deste subproduto, que pode favorecer o processo produtivo de plantas cultivadas em canaletas“, pontua Eduardo Ferreira.
Existem vários tipos de compostos que podem ser utilizados para a formulação de substratos para o cultivo semi-hidropônico. Dentre eles Adriano Delazeri concorda com o colega, e destaca a fibra de coco, que tem grande capacidade de retenção de nutrientes, e ao mesmo tempo mantém uma boa carga de ar no perfil do substrato, oferecendo ao sistema radicular boa oxigenação, sem encharcamento. “É estável física e quimicamente e, sendo assim, bastante resistente à decomposição. Isso também traz a vantagem de o substrato poder ser usado por mais de um ciclo/ano de produção“, esclarece.
Em sistemas de cultivo em calhas com fibra de coco, Adriano aponta mais uma vantagem – a significativa diminuição dos problemas de fungos e doenças nas culturas, característica da sanidade da fibra que gera um sistema radicular muito robusto e equilibrado.
“Também mantém a camada superficial do substrato na calha mais seca por conta da boa drenagem, diminuindo o aparecimento, fixação e desenvolvimento de fungos e doenças. Essas vantagens ficam mais evidentes em calhas com mais profundidade e com comprimentos de até 25 metros, seja por gotejamento ou subirrigação“, explica.
Como montar
Adriano Delazeri tem observado que os sistemas que apresentam melhor resultado são aqueles em que a calha tem uma inclinação na faixa de 2% e comprimentos entre 20 e 25 metros. “Mas, devemos respeitar o espaçamento da cultura para evitar competição por luz. E para fazer um bom controle nutricional é preciso avaliar a condutividade de entrada e de saÃda da calha, corrigindo regulamente a reservatório da solução nutritiva, além de também avaliar a umidade da fibra na calha. Uma forma prática é pegar um punhado de substrato/fibra a meia altura de profundidade da calha, e ao pressionar na mão ele não deve soltar muito líquido. Depois de aberta a mão, a porção de fibra deve manter a forma“, ensina o especialista.