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Podridão branca em alho – Manejo da doença nas condições do Brasil

 

João Paulo CaloreNardini

Mestrando em Horticultura pela Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP ““ Botucatu (SP)

jpnardini@hotmail.com

Marcelo Agenor Pavan

Doutor e professor titular em Fitopatologia – Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP ““ Botucatu (SP)

mapavan@fca.unesp.br

 Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

 

A podridão branca é uma das mais importantes doenças da cultura do alho (Alliumsativum). Sclerotiumcepivorum é o agente causal desta doença de ordem mundial, capaz de causar perdas de até 100% nas lavouras, dependendo do grau de infestação de escleródios (estrutura de resistência e multiplicação) presentes no solo.

A princípio, a doença se distribui na lavoura em forma de reboleiras, constituídas por plantas subdesenvolvidas, com sintomas de amarelecimento das folhas mais velhas e consequente morte das mesmas.

Nos bulbos das plantas atacadas, nota-se o micélio do patógeno, uma estrutura cotonosa branca que dá nome à doença. Este micélio infectivo do fungo invade a epiderme das raízes, causando ampla degradação dos tecidos, ocasionando a murcha e consequente morte das plantas.

Com o tempo, este micélio dá origem a escleródios negros, brilhantes, pequenos e esféricos (0,3 a 0,5 mm de diâmetro), que são estruturas de resistência para sobrevivência do patógeno, podendo sobreviver por mais de 10 anos dessa maneira no solo. Os escleródios são ativados somente quando as raízes de plantas do gênero Allium liberam compostos voláteis (dialildisulfuro e N-dipropildissulfuro) no solo numa faixa de temperatura entre 09 e 24°C, portanto, essa doença se manifesta nas épocas mais frias do ano e com alta umidade.

Infestação

No Sul do País, sobretudo na Serra Gaúcha, a podridão branca está presente na maioria dos municípios produtores de alho, sendo mais presenciada nos meses de agosto a outubro, quando a temperatura do solo é mais baixa nesta região.

Em microrregiões serranas da região sudeste, a ocorrência da doença também se faz presente. Entretanto, tem aparecido em regiões onde o cultivo de alho é mais recente; no cerrado brasileiro, sobretudo na região de São Gotardo (MG), cujo clima é notavelmente favorável ao cultivo do alho e à propagação da doença.

Já em regiões produtoras mais quentes, como é o caso de Cristalina (GO), a incidência da doença é baixa ou nula.

Atenção

O produtor que não possui histórico da doença em sua propriedade deve estar atento e evitar a entrada do Sclerotium em sua área de cultivo, que se dá principalmente por sementes infectadas. Nestas áreas isentas da doença, devem-se adotar as seguintes medidas de prevenção:

ÃœAquisição de alho-semente de procedência: o ideal é obter sementes de alta qualidade fitossanitária, provenientes de cultura de tecidos. Lançar mão de fungicidas específicos registrados para tratamento de sementes em pré-plantio;

ÃœNão utilizar máquinas, equipamentos e ferramentas provenientes de propriedades com histórico da doença. A circulação de pessoas e animais também pode disseminar a doença;

ÃœUtilizar água de irrigação de qualidade e isenta do patógeno;

ÃœEvitar plantios em baixadas, que possam receber enxurradas com água contaminada de lavouras infestadas.

Métodos de controle

Vale frisar que atualmente não existem métodos 100% eficazes para o controle da podridão branca, nem cultivares de alho resistente à doença. Portanto, para áreas com histórico da doença, recomenda-se um controle integrado para minimizar os efeitos deste patógeno, entre os quais estão destacados a seguir:

ðRealizar tratamento químico do bulbilho-semente e pulverização de fungicidas para produzir, exclusivamente, alho comercial. Em solos com baixo potencial de inóculo o controle químico pode apresentar boa eficiência, mas em solos com alto potencial este controle pode ser pouco eficiente e economicamente inviável. Existem poucas moléculas registradas para a cultura do alho, que podem ser consultadas no AGROFIT – portal do MAPA (http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons).

ðO controle biológico com o fungo Trichoderma, que deve ser utilizado em tratamento de sementes, bem como em forma de pulverização na cultura, tem efeito mais expressivo após três ou quatro anos consecutivos de aplicação. Vale ressaltar que existem cepas do fungo Trichoderma mais eficientes para o controle da podridão branca.

ðA solarização contribui para o controle do patógeno, principalmente quando a população de escleródios presentes no solo é baixa. Entretanto, este método de controle é viável para pequenas propriedades ou pequenas áreas infestadas.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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