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Controle de pragas no milho com uso de inimigos naturais

Crédito Marina Torres
Crédito Marina Torres

No passado, a crítica que se fazia ao controle biológico era porque a praga naturalmente chega primeiro à plantação. “A praga chega, coloca seus ovos e nascem as lagartas que começam a comer a planta. Só depois os insetos benéficos aparecem na lavoura. Com isso, havia danos suficientes para reduzir a produtividade de qualquer cultura, o que prevaleceu por vários anos“, lembra Ivan Cruz, engenheiro agrônomo, doutor em Entomologia e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo.

Há cerca de 30 anos o inimigo natural Trichogramma pretiosum se tornou muito importante no mundo inteiro, incluindo o Brasil, pelo avanço tecnológico em sua criação em grande escala e a baixo custo, o que tem viabilizado sua utilização no campo. Assim, ele se tornou o carro-chefe de inúmeras biofábricas comerciais no mundo inteiro.

Seu maior diferencial, em relação a outras tecnologias, é que sua atuação ocorre nos ovos (antes que o dano seja causado) demariposas e borboletas, que são as pragas principais de quase todos os cultivos, enquanto os demais métodos, incluindo a pulverização e o uso de plantas geneticamente modificadas, atuam nas lagartas. “Assim, uma vez liberado no campo, o Trichogrammasai à procura dos ovos da praga e coloca o seu próprio ovo lá dentro, inativando-a.Quando vamos ao campo e vemos a postura de uma praga e o ovo está escuro, é sinal claro de que ali há uma vespinha de Trichogramma e que então não nascerá lagarta, ou seja, não haverá nenhum tipo de dano à plantação“, explica o pesquisador.

Liberação de Trichogramma em milho - Crédito Embrapa
Liberação de Trichogramma em milho – Crédito Embrapa

O segundo diferencial, já conhecido, pesquisado e publicado, é que a eficiência da vespa deTrichogramma no controle de pragas é igual à eficiência de outros métodos. E o terceiro diferencial, igualmente importante, é que, para fazer a pulverização de inseticidas com sucesso, é preciso entrar com equipamento na área e aplicar o produto em todas as plantas. Com o Trichogramma basta que a vespa seja colocada em poucos pontos dentro da área, e ela se encarrega de ir voando atrás dos ovos.

“Vejo também como vantagem da opção de usar o controle biológico, ou seja, a liberação dessa vespinha, que o produtor não vai usar agroquímicos, e como o controle inicial é muito bom com o Trichogramma, haverá aumento de outras espécies benéficas, que juntas passarão a ter uma atuação expressiva no controle de pragas“, pontua Ivan Cruz.

Em outras palavras, o manejo biológico ainda permite que outros insetos benéficos se aproximem espontaneamente da lavoura, o que não acontecia antes devido às pulverizações, que os eliminavam. “O manejo biológico dá chance a esses novos benéficos de atuarem juntos, recompondo a biodiversidade“, ressalta o especialista, garantindo que, com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), praticamente todas as pragas do milho podem ser combatidas.

Cadeia biológica

A utilização do controle biológico aplicado, como é o caso do uso da vespa Trichogramma,não evita o aparecimento de pragas que não são controladas por ela. Porém, como não há aplicação de produtos químicos para a praga-alvo, conforme já citado, há uma composição da biodiversidade de insetos benéficos que atuam na praga-alvo e outros que atuam em outras pragas.

Ivan Cruz cita casos de alguns percevejos muito importantes na cultura da soja que também são parasitados por parasitoides de ovos que são da espécie Trichogramma. “Nesse conjunto da biodiversidade formada consegue-se ter o manejo de maneira global. Omaior exemplo que temos,e que pode ser verificado no campo, é o aumento substancial das áreas com cultivo orgânico, que por lei não podem usar nenhuma medida à base de produtos químicos ou Bt para combater as pragas e funcionam muito bem sem isso“, considera.

Manejo

O controle biológico tem se mostrado uma alternativa interessante contra pragas - Crédito Miriam Lins
O controle biológico tem se mostrado uma alternativa interessante contra pragas – Crédito Miriam Lins

Como o Trichogramma atua nos ovos, estes devem estar presentes no campo no momento da soltura das vespas. Para monitorar a presença do ovo existe uma ferramenta fundamental que também pode ser utilizada na pulverização de produtos biológicos, como o Bt ou Baculovírus, que é a armadilha de feromônio. Ivan Cruz esclarece que se trata de uma estrutura plástica com atraente sexual que captura a mariposa, indicando a sua chegada na área de cultivo.

“Colocando essa armadilha na lavoura do milho logo após o plantio, o macho da mariposa será atraído diretamente para ela. O feromônio tem um cheiro mais forte, por ser sintético.Já sabemos, pela nossa pesquisa, que se forem capturadas três mariposas nessa armadilha, significa que o produtor poderá ter danos econômicos se não tomar uma medida imediata“, relata o pesquisador.

Ivan Cruz acrescenta que a presença dessas mariposas na armadilha significa que elas chegaram, mas ainda não há lagartas. “Quando elas iniciarem a colocação dos ovos, é o momento de liberar o Trichogramma, que imediatamente sai à procura do seu alvo“.

Investimento

Quando se fala em custos, são dois os componentes básicos ““ investir no químico, no milho Bt ou no Trichogramma? Como já salientado, na agricultura orgânica a vespinha é a opção. No sistema convencional de cultivo a escolha é do agricultor.

No entanto, mesmo que o custo total do controle da praga seja similar,“o controle biológico apresenta vantagens comparativas importantes, bastando analisar a interferência danosa ao ambiente, incluindo a contaminação do solo, da água e do próprio alimento, o risco para o aplicador, a necessidade de maquinários,mão de obra, entre outras vantagens, que com certeza os benefícios advindos do uso do Trichogramma são bastante superiores aos demais métodos“, compara Ivan Cruz.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

 

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