José Luis da Silva Nunes
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia, grupo técnico do BADESUL, Agência de fomento do Estado do Rio Grande do Sul
A cultura da framboesa ainda é pouco explorada e pesquisada no Brasil. Oferece boa rentabilidade, além de se caracterizar como alternativa econômica para o aproveitamento intensivo de áreas com acentuada declividade.
A framboesa é uma das centenas de espécies do gênero Rubus. Este gênero, além da framboesa, inclui a amora-preta e muitos híbridos das duas espécies. As plantas deste gênero apresentam como característica a presença de espinhos, sendo que algumas cultivares são muito espinhosas.
São plantas originárias de climas temperados do Hemisfério Norte, do Norte da América, crescendo do Alasca até o Norte da Carolina do Sul, além do Norte e Noroeste da Europa. Na América do Sul, são plantadas nas regiões mais frias, como Sul da Argentina e Chile.
No Brasil é cultivada economicamente nas regiões mais altas da Serra da Mantiqueira (acima de 1.200 m de altitude) e no Sul do País. Além disso, encontra-se por aqui uma framboesa silvestre conhecida como Rubusrosaefolius.
A grande diferença entre framboesa e amora-preta é a presença ou ausência do receptáculo após a colheita. No caso da framboesa, o receptáculo não permanece na fruta após a colheita, enquanto que o fruto de amora-preta permanece com o mesmo.
Exigências climáticas
O clima frequentemente determina como as framboeseiras podem crescer. As plantas requerem um extenso período de temperaturas abaixo de 7°C para superar o período de dormência e permitir às plantas a retomada do crescimento normal.
No Brasil, ainda não existem programas de melhoramento genético visando à obtenção de cultivares adaptadas às nossas condições. Com isto, as cultivares utilizadas são exigentes em clima, com temperaturas de média a baixa, mais baixas do que as exigidas pela amora-preta.
No verão, as temperaturas máximas devem estar em torno de 28°C e médias de até 23ºC. No inverno, suportam temperaturas abaixo de 0ºC e máximas de 18ºC, sendo importante ter-se o máximo de temperaturas abaixo de 7°C e o mÃnimo possível acima de 18°C.
O número total de horas de frio varia com a cultivar e a espécie de framboesa. O suprimento das necessidades de horas frio resulta em uma quebra de dormência dos botões no início da primavera.
Existem cultivares com exigências altas de frio, de cerca de 1.400 horas, e cultivares com baixo requerimento de frio, de menos de 250 horas. As framboeseiras não são bem adaptadas aos climas quentes das regiões tropicais, devido ao requerimento de frio.
As fases da framboesa
No inverno, a framboeseira perde as folhas, iniciando outra estação de crescimento na primavera, após a quebra de dormência. Antes e depois do período de dormência podem ocorrer condições desfavoráveis que alteram as condições de crescimento das plantas.
O estado fisiológico das plantas é importante tanto para a entrada como para a saÃda de dormência. Quando as condições de crescimento tornam-se novamente favoráveis, normalmente o crescimento inicial é reduzido. Vários graus de dormência podem ocorrer durante a estação inicial de crescimento e são resultado das condições do tempo instável da meia estação.
A dormência em si é caracterizada por vários fatores, tanto genéticos como ambientais, que atuam no nível das substâncias reguladoras de crescimento. Quando as condições não são suficientes, a brotação das gemas dos ramos da planta é parcial. Então, para superar a dormência, lança-se mão de produtos químicos como o óleo mineral e a cianamida hidrogenada. A aplicação se faz quando as gemas estão inchadas, mas não brotaram.
Em geral, as framboeseiras são bastante resistentes ao frio, podendo resistir a temperaturas de até -29°C. Em geral, são mais resistentes que as amoras-pretas às baixas temperaturas.
Crescimento e desenvolvimento
As plantas do gênero Rubus apresentam muitas características anatômicas e fisiológicas em comum. Todas elas têm flores com cinco pétalas. O fruto é, na verdade, um agregado de muitas pequenas drupas em torno de um receptáculo.
A framboeseira tem raízes perenes e crescimento bianual, produzindo frutos no terço superior do crescimento do ano. O terminal que produz frutos morre após a frutificação, porém, as gemas da base emitem ramos que irão frutificar, morrendo após a frutificação.
As framboeseiras vermelhas apresentam raízes concentradas no nível superior do solo, até 45 cm, estendido lateralmente em todas as direções. As raízes têm muitos botões vegetativos ao longo de seu comprimento. Durante o primeiro ano, muitos desses botões produzem novos brotos, que desenvolvem novas raízes que podem estabelecer novas plantas. Já as framboeseiras negras não apresentam estes novos botões e as púrpuras apresentam um meio termo entre ambas.
