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Manejo das viroses do maracujazeiro

David Marques de Almeida Spadotti

Pós-doutorando- FAPESP/ESALQ/USP

Rosemary M. de A. Bertani

Doutora e pesquisadora Científica – APTA Polo Regional Centro Oeste, sede Bauru (SP)

rosemary.bertani@apta.sp.gov.br

Roseli Visentin

Mestranda ““ FCA/Unesp ““ Botucatu (SP)

Crédito David Spadotti
Crédito David Spadotti

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, com aproximadamente 60% da produção total. O Estado de São Paulo teve média de produção de 26.757 toneladas entre os anos de 2006 a 2012 (Anuário da Agricultura Brasileira, 2015).

Atualmente, o cultivo está em todas as regiões do Brasil, mas a distribuição da produção mudou ao longo do tempo, conforme segue:

Brasil/região Maracujá
Área colhida (ha) Quant. produzida (ton) Rend. Médio ““ produção (kg/ha) Valor produção (mil Reais)
2010 2015 2010 2015 2010 2015 2010 2015
Brasil 62.177 50.837 922.334 694.539 14.834 13.662 797.088 921.275
Norte 4.307 5.032 50.180 71.385 11.650 14.186 52.867 134.420
Nordeste 47.683 36.308 699.266 450.783 14.664 12.416 571.923 501.063
Sudeste 7.188 5.605 128.629 105.309 17.894 18.788 114.377 174.938
Sul 1.272 2.764 16.518 56.890 12.985 16.603 20.580 68.060
Centro-oeste 1.727 1.128 27.741 21.172 16.063 18.770 37.338 42.794

Fonte: IBGE ““ PAM ““ Produção Agrícola Municipal – 2015

Assim, observa-se que o rendimento médio (kg/ha), que em todas as regiões cresceu, apresenta significativa queda somente no Nordeste, especialmente em função da quantidade produzida, que teve uma redução acentuada de 35% entre os anos de 2010 e 2015.

Apesar de outras regiões, como a Sul e Norte, terem produzido mais, quando comparamos os anos de 2010 e 2015, o total do Brasil só cresceu em valor, o que reflete melhoria no preço.

Já na região sudeste, para o mesmo período de comparação, houve aumento no rendimento médio, ainda que a quantidade produzida tenha sido menor.

As viroses

A cultura do maracujazeiro é afetada por diversas espécies de vírus, destacando-se o vírus do endurecimento dos frutos (Cowpeaaphid-borne mosaicvirus ““ CABMV), uma espécie do gênero Potyvirus, predominante em todas as regiões produtoras de maracujá no Brasil.

Nos últimos anos há relatos de algumas espécies do gênero Begomovirus na cultura. Outras espécies de menor ocorrência atual já foram descritas no Brasil, entre elas o vírus da pinta verde, o vírus do mosaico comum do pepino, o vírus do mosaico amarelo do maracujazeiro, o vírus do clareamento das nervuras do maracujazeiro e o vírus do mosaico do maracujá-roxo.

Folha de maracujá com sintomas de mosaico comum extremamente severo e redução do limbo foliar causados pelo CABMV - Foto David Spadotti
Folha de maracujá com sintomas de mosaico comum extremamente severo e redução do limbo foliar causados pelo CABMV – Foto David Spadotti

Sintomas e prejuízos

Os vírus, de uma maneira geral, causam sintomas nas folhas do tipo mosaico que variam de fraco a severo, podendo ocasionar redução do limbo foliar, presença de bolhas nas folhas e frutos, nanismo da planta e depreciação comercial dos frutos.

É de fundamental importância o reconhecimento dos sintomas causados pelo CABMV, caracterizado pelo mosaico comum, podendo exibir manchas anelares e distorção foliar, possível presença de bolhas em folhas e frutos, além de frutos menores e deformados não comerciais, com menor produção de polpa e graus variáveis de endurecimento do pericarpo do fruto.

Os prejuízos que os vírus podem causar são muito variáveis, dependendo de diversos fatores. Esses fatores são a fase de entrada do vírus na cultura após seu transplantio, a pressão de inóculo primário e secundário do vírus, a agressividade da espécie de vírus, a presença de plantas hospedeiras na área e áreas vizinhas e os cuidados tomados antes e durante o cultivo da cultura.

No caso do CABMV, trabalhos relatam áreas com 100% de plantas infectadas após quatro meses do transplantio, e redução do limbo foliar da ordem de 50%, portanto, reduzindo drasticamente a produtividade das plantas e a produção final. A vida útil da cultura é reduzida de três para um a 1,5 ano.

 

Manejo preventivo

O manejo preventivo é a principal ferramenta que o produtor deve utilizar no combate aos vírus da cultura. No caso do CABMV, é imprescindível o uso de mudas sadias produzidas em viveiros com telas antiafídeos, uso de mudas altas no plantio (aproximadamente 1 m), retirada de plantas velhas e doentes do campo, evitar o plantio de leguminosas próximas ao plantio, plantio em áreas sem o histórico da doença, plantio de março a agosto quando a população dos insetos vetores é menor, e a época de plantio deve ser a mesma entre os produtores da mesma região.

Sem cura

Não existem produtos com efeitos curativos contra vírus de plantas. Após o vírus entrar na cultura, o ideal é evitar sua disseminação, com a eliminação (rouguing) das plantas sintomáticas. No caso do CABMV, devido às suas características epidemiológicas, que incluem a não transmissão por sementes e os pulgões vetores não colonizarem a cultura do maracujá, o principal hospedeiro do vírus é o maracujá.

Assim, os hospedeiros alternativos dos vírus restringem-se às espécies da sua própria família e a poucas espécies de leguminosas, tornando a prática do rouguing econômica e viável, pois eliminando as plantas doentes infectadas por pulgões virulíferosde fora (disseminação primária) a disseminação secundária é reduzida, ou seja, a disseminação da doença entre as plantas de dentro do próprio plantio será menor.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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