Diego Tolentino de Lima
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Entomologia – ICIAG-UFU
LÃsias Coelho
Engenheiro florestal, Ph.D. e professor – ICIAG-UFU
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, mestre em Fitopatologia e doutorando em Fitopatologia Florestal – ICIAG-UFU
Florestas plantadas são atacadas, do plantio à colheita, por muitas espécies de cupins que causam danos consideráveis e muito variáveis. Os eucaliptos, por exemplo, podem ser afetados desde as mudas plantadas no campo até árvores adultas.
Danos
Os cupins que atacam mudas, desde o plantio até a idade de um ano, conhecidos como cupins das mudas, cupins das raízes ou cupins do colo, são considerados uma praga de solo muito destrutiva que ataca o eucalipto, danificando a árvore, impedindo seu crescimento e desenvolvimento inicial, destruindo o sistema radicular ou anelando a planta na região do colo.
Também atacam árvores formadas a partir de quatro anos de idade, destruindo o interior (cerne) da planta. No Brasil ocorrem quatro famílias de cupins, Kalotermitidae, Rhinotermitidae, Termitidae e Serritermitidae. Dentre estas, a Termitidae é a principal família, que constrói diferentes tipos de ninhos e possui hábitos alimentares variados, como por exemplo, madeira, folhas, raízes, húmus, etc.
Essa família é bastante diversificada e compreende cerca de 85% das espécies de cupins conhecidas do Brasil. Os principais gêneros são Cornitermes, Nasutitermes, Syntermes e Anoplotermes.
Os Rhinotermitidae constroem ninhos subterrâneos, atacando plantas vivas e madeira morta. Alguns deles são pragas importantes e os principais gêneros são Heterotermes e Coptotermes, conhecidos por cupins de cerne, pois atacam preferencialmente essa parte da madeira.
Principais espécies de importância florestal
Cupins subterrâneos
Heterotermestenuis e Heterotermeslongiceps
ð Características: ninhos subterrâneos e difusos, operários pequenos, esbranquiçados e de aspecto vermiforme;
ð Prejuízos: provocam danos às raízes, colo e caule, causando perda do poder de estabelecimento, prejudicando o desenvolvimento das plantas. Também atacam o cerne da planta, provocando perda de material lenhoso (também pode ser chamado de cupim do cerne).
Syntermesmolestus, SyntermesobtususeSyntermesinsidians
ð Características: ninhos subterrâneos com pequenas câmaras semelhantes às das formigas “lava-pés”. Há comunicação entre as câmaras e entre estas e o exterior, por meio de canais estreitos e tortuosos, que se abrem na superfície do solo como “olheiros”, com diâmetro de 5 a 8 cm. Sua atividade é, principalmente, noturna.
ðPrejuízos: forrageamento das folhas e roletamento do caule na altura do coleto, prejudicando o seu crescimento ou causando a morte de mudas recém-transplantadas no campo.
Cupins do cerne
Coptotermetestaceus
ðCaracterísticas: ninhos subterrâneos; geralmente com alguma conexão com a madeira.
ðPrejuízos: atacam as árvores vivas, instalando suas colônias no interior do cerne da planta cultivada. Provocam perda direta do material lenhoso. Além disso, as plantas perdem sua resistência e se quebram quando ocorrem ventos fortes.
Cupins-de-montÃculo
Cornitermescumulanse Cornitermesbequaerti
ðCaracterísticas: ninhos em montÃculos de formato variado e com 50 a 100 cm de altura, câmara externa de terra, de 6 a 10 cm de espessura, cimentada com saliva, parte interna de celulose e terra, menos dura, com galerias horizontais superpostas e separadas por paredes verticais, revestidas por camada escura;
ðPrejuízos: dificultam os tratos culturais e o manejo, dependendo do nível de tecnologia adotado. Com relação ao consumo de plantas, é mais importante na fase inicial da cultura, quando pode reduzir o estande. Quando a cultura já está estabelecida, o cupim-de-montÃculo causa poucos danos às plantas.
Perdas econômicas
Os gêneros Cornitermes e Syntermes, também chamados de cupins-das-mudas, vêm recebendo atenção especial pelos grandes prejuízos no início da formação da floresta. As perdas são muito expressivas, por exemplo, para produtividade de uma floresta de eucalipto de 40 m3 ha-1 ano-1, ou seja, de 240 m3 ha-1 na idade de corte (seis anos) e supondo dano médio de 20% de mortalidade por cupins, aconteceria o seguinte:
I – perda de 48 m3 ha-1 ou 267 árvores ha-1 (em um estande de 1.333 mudas ha-1 ou espaçamento 3 x 2,5 m); e,
II – os prejuízos podem chegar a R$ 1.920,00 ha-1 no final do ciclo de produção (1 m3 = R$ 40,00).
Principais sintomas do ataque nas raízes
Quando se vê uma muda murcha no campo, provavelmente ela sofreu ataque por cupins no sistema radicular. O que pode contribuir para a conformação desse sintoma ser causado por cupins é a distribuição das plantas murchas em reboleiras no plantio.