Fabiano Pacentchuk
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal – Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)
Margarete KimieFalbo
Médica veterinária, doutora e professora do curso de Medicina Veterinária ““ Unicentro
ItacirEloiSandini
Engenheiro Agrônomo, Doutor E Professor Do Curso De Agronomia ““ Unicentro
É evidente que com o aumento da população mundial tem-se a necessidade de aumentar a produção de alimentos, entretanto, de forma paradoxal ao aumento da produção, busca-se uma redução nos impactos ao ambiente e da abertura de novas áreas. Deste modo, procuram-se técnicas que possibilitem o acréscimo de produtividade com sustentabilidade.
É conhecido também que o fornecimento de nutrientes para as plantas é um dos fatores que mais onera o custo de produção. Logo, em muitos casos buscam-se fontes alternativas para o fornecimento de nutrientes, como os resíduos in natura de origem animal e/ou vegetal.
O uso de resíduos animais in natura resulta embaixa eficiência de utilização dos nutrientes, perdas porlixiviação e volatilização, e aumenta o risco de contaminaçãoambiental (JUNEK, et al.,2014). Além disso, os adubos orgânicos apresentam baixas concentrações de N, P e K e devem sercomplementados com a adubação mineral para que as plantas possam usufruirmelhor os nutrientes por meio do sincronismo de liberação ao longo do crescimento delas.
Bissani, et al. (2004) salientam que mesmo os adubos orgânicosapresentando baixas concentrações de N, P e K, quando complementadoscom adubação mineral, propiciam efeitos positivos às plantas, uma vez queestas aproveitam melhor os nutrientes pelo sincronismo de liberaçãoao longo de seu desenvolvimento.
Os organominerais
É importante salientar que os nutrientes dos resíduos orgânicos, para serem disponibilizados paraas plantas, precisam ser mineralizados, processo que depende do clima, das característicasdo solo e da composição quÃmica do material orgânico(RABELO, 2015).
Aliado a essa questão e diante daaplicação de grandes quantidades de resíduos orgânicos para atender as exigências nutricionais das plantas que resultam em elevados custos econômicos, a utilização de fertilizantes organominerais é capaz de fornecer os nutrientes em sincronismo com aépoca de maior demanda das culturas (TEIXEIRA, 2013).
Alternativas como o aproveitamento de nutrientes provenientes da pecuária e a tecnologia de produção de fertilizantes orgânicos e organominerais estão sendo testadas e propostas para uso nos sistemas de produção agrícola, principalmente emrelação às formas sólidas com fontes solúveis de P, estão relacionadas à tecnologia de desenvolvimento dos organominerais nas formas sólida e fluÃda, que vêm se destacando nomercado (FERREIRA, 2014).
Por definição
O fertilizanteorganomineral é definido como: “produto resultanteda mistura física ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos“, e estes devemapresentar, no mÃnimo: carbono orgânico: 8%; CTC: 80 mmolc kg-1; macronutrientesprimários isolados (N, P, K) ou em misturas (NP, NK, PK ou NPK): 10%; de macronutrientessecundários: 5% e umidade máxima de 30%.
Ainda, os organominerais são caracterizados por apresentarem potencial químico reativo relativamente inferior ao fertilizante mineral, porém, sua solubilização é gradativa no decorrer do período de desenvolvimento da cultura. Assim, sua eficiência agronômica pode se tornar maior se comparada às fontes minerais solúveis (KIEHL, 2008).
Vantagens
A adubação organomineral com fertilizantes minerais obtidos porprocedimentos físicos, como a moagem das rochas, vem sendo utilizada para ofornecimento de nutrientes às culturas em substituição aos fertilizantes sintéticos, que emsua maioria são obtidos de processos de grande gasto de energia.
Quando aplicados, os fertilizantes organominerais podem melhorar a eficiênciaagronômica e apresentar vantagens como a melhoria da interação da planta com o mineralatravés da redução de adsorção de fósforo no sistema coloidal do solo (PARENT et al, 2003), minimizar a transformação de P2O5 em formasindisponíveis para as plantas (KHIARI&PARENT, 2005 e modificara oxirredução no solo (TISHKOVITCH et al., 1983).
Em relação às vantagens comparativas do fertilizante organomineral em relação ao uso de resíduos in natura, observa-se uma reduçãosignificativa das perdas de nitrogênio pelo uso de fertilizante organomineral em relação à aplicação superficial de resíduos de suÃnos e aves, uma vez que o enterrio ou injeção do resíduo no sulco de plantio reduz a volatilizaçãode amônia.
Nessa mesma lógica, o uso de fertilizantes organominerais reduzas emissões de gases de efeito estufa, representando ganhos ambientaisem relação ao uso dos resíduos in natura (BENITES, 2010).
A matéria orgânica
Outro fato de extrema importância e que merece destaque é o fato de que os fertilizantes organominerais fornecem matéria orgânica para o solo. A matéria orgânica tem implicações sobre o comportamento físico do solo, quer seja por atuar diretamente sobre alguns de seus processos físicos, quer seja por seus efeitos indiretos.
No que tange as influências da matéria orgânica no solo, a agregação é uma característica física importante em relação às funções do solo, e influencia a porosidade, a infiltração e retenção de água, a resistência do solo à compactação, acarretando reflexos indiretos no desenvolvimento e produtividade das culturas (BAUMGARTL & HORN, 1991).