Pedro Victor V. Quinute Teixeira
Técnico Agrícola, graduando em Agronomia pela UFLA,membro do Núcleo de Estudos em Sementes e consultor na Terra Júnior Consultoria Agropecuária
Maria Beatriz Pereira da Silva
Graduanda em Agronomia pela UFLA e membro do Núcleo de Estudos em Genética e Melhoramento de Plantas (GEN)
Rosangela Cristina Marucci
Professora adjunta do Departamento de Entomologia da UFLA
rosangelac.marucci@den.ufla.br
A cultura do tomate, apesar de ser uma das mais expressivas e rentáveis na olericultura nacional, é muito suscetÃvel a pragas e doenças, que causam desde danos físicos em frutos, o que dificulta o processo de comercialização, até o depauperamento das plantas e, consecutivamente, a morte. Os prejuízos, além de diminuir a produtividade das lavouras, é a perda da qualidade do produto comercializável.
As injúrias causadas pelos insetos às plantas são variadas e podem ser observadas em todos os órgãos vegetais. Um inseto só pode ser considerado praga quando sua densidade populacional atinge um determinado nível que pode causar dano econômico para a cultura plantada, consequentemente, redução da produção.
Assim, o manejo eficaz das principais pragas do tomateiro visa obtenção de plantas de tomate bem estabelecidas, vigorosas e com qualidade no momento da colheita.
Ataque voraz
Entre as principais pragas do tomateiro destacam-se:
ðTripes (Frankliniellaschultzei, ThripspalmieThrips tabaci): se caracterizam pelo tamanho diminuto e coloração variada entre amarelo e marrom. Podem ser encontrados na face inferior das folhas, nas flores, hastes e gemas apicais, ficando abrigados entre dobras e reentrâncias das plantas.
São facilmente encontrados na inflorescência do tomateiro. Possuem aparelho bucal que permite raspar e perfurar os tecidos da planta e sugar a seiva. Áreas foliares atacadas progridem para necrose devido à morte do tecido e em ataques intensos as folhas ficam com aspecto de bronzeamento ou queimadura, com brilho prateado, e logo em seguida caem.
Além das folhas, atacam também flores, causam esterilidade e prejudicam o desenvolvimento dos frutos. No entanto, sua importância como praga na cultura do tomate advém do fato de ser vetor do vírus causador do vira-cabeça-do-tomateiro.
ðMosca-branca (Bemisia tabaci): a mosca-branca é um inseto que se alimenta de mais de 500 espécies de plantas. Também é vetor de fitovírus, causando doenças viróticas que paralisam o desenvolvimento da planta do tomateiro. As principais injúrias ocasionadas pela mosca-branca são a debilitação da planta, murcha geral, queda das folhas e amadurecimento irregular dos frutos. Este sintoma ocorre pelo fato de que no momento em que o inseto se alimenta da seiva ocorre simultaneamente a inserção de toxinas, gerando os danos vegetativos e reprodutivos.
ðTraça-do-tomateiro (Tuta absoluta): sua ocorrência se intensifica no período mais seco, sendo dificilmente encontrada em áreas irrigadas. Os adultos são pequenas mariposas de cor cinza, marrom ou prateada, com tamanho próximo a 10 mm. As larvas formam minas nas folhas e se alimentam nestas, além de penetrarem nos frutos, tornando-os imprestáveis.
Graças aos danos, a área fotossintética ativa é diminuÃda e a entrada de patógenos é facilitada devido à presença da ruptura foliar.
ðBroca grande (Helicoverpa zea): popularmente conhecida como broca grande do fruto, faz orifÃcio no fruto do tomate trazendo grandes prejuízos ao produtor rural. Os ovos são depositados nas flores do tomateiro, e após a eclosão as larvas já penetram nos frutos, deixando uma cicatriz de entrada, que é uma forma de identificar o ataque. As perdas podem chegar a 100% quando não controladas devidamente.
Sintomas
A melhor forma de detectar pragas na agricultura, de modo geral é, sem dúvida, realizando frequentemente monitoramento na lavoura. Este deve ocorrer periodicamente e ser realizado por um técnico treinado e capacitado a desempenhar a função.
É importante que se tenha em mãos ferramentas que auxiliem na determinação da densidade populacional da praga e a identificação exata da espécie e estágio do inseto para que o controle seja realizado no momento correto, de maneira adequada.
Manejo
Devido à elevada suscetibilidade da cultura do tomateiro a pragas, atualmente há à disposição dos produtores diversos defensivos para realizar o controle (Quadro 1). Além do controle químico, há o controle biológico, em que os custos são menores e exige um maior conhecimento da praga e de seus inimigos, além da possibilidade de cultivo de plantas resistentes a insetos, o que possibilita o manejo da praga antes de atingir o nível de dano econômico.
Como as medidas isoladas nem sempre são eficientes, o ideal é a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), em que os procedimentos englobam toda a cadeia produtiva, desde a genética, solo, tratos culturais, monitoramento de praga e outras atividades.