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Controle genético do nematoide da goiabeira com uso de híbrido

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Para quem acreditava que o controle do nematoide da goiabeira estava ainda longe de acontecer, o pesquisador Carlos Antonio Fernandes Santos, da Embrapa Semiárido, trouxe a solução. Ele é o responsável por uma promissora tecnologia de controle do nematoide na cultura da goiabeira: uma planta híbrida que mistura características da goiabeira e do araçazeiro.

Os resultados das pesquisas que ele realizou foram animadores: primeiro, em casa de vegetação com inoculação artificial do verme, por mais de um ano; depois, durante quase cinco anos, em terreno infestado do nematoide no solo. Em todo este período as plantas híbridas se desenvolveram bem, sem manifestar qualquer sintoma de ataque, como galhas nas raízes.

A equipe de pesquisadores e estudantes de pós graduação, formada por Carlos Antonio, Soniane Rodrigues da Costa, Rejanildo Robson Candido de Souza, José Egidio Flori e José Mauro da Cunha e Castro, também monitorou a resistência desse material em propriedades com histórico de elevada incidência de nematoide em quatro áreas do submédio do Vale do Rio São Francisco, trabalho que perdurou quase três anos. O objetivo foi usar esse híbrido como porta-enxerto das variedades comerciais, como Paluma e Pedro Sato. O projeto contou com apoio financeiro do CNPq.

Nas avaliações em áreas de produtores as cultivaresPaluma e Pedro Sato enxertadas no híbrido apresentaram produção em torno de 40 t frutos/ha, em colheitas realizadas 30 meses após o transplantio, demonstrando a alta compatibilidade com essas cultivares, sendo porta enxerto agronomicamente e ambientalmente seguro e viável.

 

Por meio da genética, o nematoide da goiabeira já pode ser controlado - Créditos Shutterstock
Por meio da genética, o nematoide da goiabeira já pode ser controlado – Créditos Shutterstock

A técnica

Carlos Antonio vê com otimismo seu trabalho ser disponibilizado para os agricultores. “Buscamos uma técnica ainda não tentada pelos vários grupos de pesquisa empenhados, em todo o País, na superação desse grave problema fitossanitário, responsável por dizimar mais de 50% da área cultivada com goiaba nas áreas irrigadas de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA)”, afirma.

“Ao invés de investigarmos a aplicação de inseticidas, métodos de controle biológico e mesmo o uso de porta-enxerto de araçá, como vinha sendo feito, fomos a vários lugares do Brasil, do Rio Grande do Sul a Roraima, e coletamos cerca de 160 tipos de goiabeiras e de araçás, e passamos a avaliar o grau de resistência ao nematoide Meloidogyne enterolobii“, explica.

Segundo o pesquisador, a avaliação desses materiais, já no ano de 2009, mostrou que todos os tipos de goiabeira eram suscetíveis ao nematoide, enquanto plantas de araçazeiros eram resistentes. Uma delas, originária de Roraima, foi usada em cruzamentos artificiais com goiabeira.

“O híbrido de Psidium (goiabeira x araçazeiro) possui 50% do genoma de goiabeira, minimizando a incompatibilidade, entre as quais o baixo porte do araçazeiro. O híbrido apresenta ainda planta de grande vigor, conhecido como vigor de heterose, que o torna ideal para ser usado como porta-enxerto“, explica o pesquisador.

Créditos Shutterstock
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Cruzamentos

A equipe se dedicou a fazer cruzamentos entre algumas espécies de Psidium. Tecnicamente, isto se faz com a retirada da parte masculina da flor de goiabeira, seguida da polinização na parte feminina com pólen do araçazeiro comprovadamente resistente ao nematoide.

Para surpresa da equipe, plantas de um dos cruzamentos apresentaram resistência em testes de casa de vegetação já na primeira geração, sugerindo que a resistência é de herança simples. Este foi um trabalho realizado pela doutoranda da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Soniane, sob a orientação de Carlos Antonio.

De 1.200 cruzamentos feitos na primeira fase da pesquisa, no Laboratório de Genética Vegetal da Embrapa Semiárido, obtiveram sucesso apenas cinco. Um deles, porém, resultou no híbrido foi testado em áreas de plantios comerciais. Esse híbrido foi registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o nome de BRSGuaraçá, e deverá ser posto em oferta pública para viveiristas nos próximos meses (confirmar com Flavio)

Este trabalho continua e envolve outras espécies de araçazeiros. Os pesquisadores buscam aumentar as fontes de resistência ao nematoide como forma de prevenção à possível quebra de resistência do atual híbrido por outros ecotipos do nematoide.

Solução

“Os agricultores já podem virar a página, que desde os anos 90 registra um recuo de mais de 50% na área de plantio com goiaba, que reduziu mais de sete mil postos de trabalho e causou prejuízos de mais de R$ 200 milhões. O controle genético, como o que estamos apresentando, é superior a todos os outros métodos, pois não implica em gastos recorrentes em insumos para cultivo da goiabeira”, afirma o pesquisador da Embrapa.

Essa matéria você encontra na edição de março 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

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