José Geraldo Mageste
Engenheiro florestal, Ph.D. e professor da Universidade Federal de UberlândiaUFU/ICIAG
João Flávio da Silva
Engenheiro florestal, doutor em Melhoramento Florestal (USP) e gerente de Pesquisa da Eldorado Brasil ““ Três Lagoas (MS)
joao.silva@eldoradobrasil.com.br
Daniela Flávia Said HeidSchettini
Engenheira florestal
O melhoramento das várias espécies de Pinus sp. visando o aumento de produtividade começou no Brasil na década de 1970. Mas, antes disto, alguns estudos já tinham sido realizados visando à adaptação desta espécie às condições pedoclimáticas brasileiras.
Assim, Bessa (1966) já havia instalado experimento visando à avaliação de progênie e procedências para as condições do Norte do Brasil, especialmente onde a Cia Vale do Rio Doce desejava instalar um polo de desenvolvimento florestal, no Estado do Maranhão, nas cercanias de Imperatriz. Para esta condição foram levados materiais genéticos de pinus tropicais, trazidos principalmente da região do Caribe.
Outros estudos foram desenvolvidos em regiões de maior semelhança climática da ocorrência natural desta espécie. Assim, mais uma vez, a região do planalto paulista, de olho no aumento da produção de celulose e papel de fibra longa, começou a investir na investigação das potencialidades desta espécie florestal,mesmo porque já se mostrava limitante a continuidade de produção de madeira nativa do Paraná, representada pela Araucária, espécie com madeira semelhante ao pinus em termos de qualidades físico-mecânicas.
Evolução genética
Os resultados foram surpreendentes, e já em 2000 foi possível perceber que o material da primeira geração com uso da ferramenta de seleção de progênies superiores para melhoramento genético propiciava ganhos de volume de até 50% comparado aos plantios tradicionais.
Estes resultados já apontavam para o caminho a seguir para rápidos ganhos de produtividade, mas também já indicava que outros ramos da ciência florestal deveriam ser perseguidos, principalmente com os olhos voltados para a produtividade de outros países produtores de madeira e derivados desta espécie.
Os ganhos com a pesquisa na outras espécies, até mesmo gimnospermas, como araucária, indicavam que era possível obter ganhos com o melhoramento genético na formação dos povoamentos florestais. No entanto, este esforço inicial não cuidou de outros aspectos da produção, como a melhoria da qualidade dos produtos.
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Com sorte, esta espécie não apresenta problemas de doenças ou formas do fuste, como aconteceu com a seringueira e o eucalipto. Então, estas características não são buscadas no pinus.
A maioria das árvores desta espécie possui a forma de cone (ou árvore de natal), que proporciona a formação de troncos comerciais relativamente cilÃndricos, facilitando o desdobramento. É lógico que a altura das árvores pode ser influenciada pelo espaçamento, sendo ideal aquele que permite o crescimento do fuste sem estiolamento ou competitividade excessiva por luz.
Uma característica desejável em quase todos os programas de melhoramento genético é o aumento da produtividade, ou seja, o maior volume de madeira por unidade de área (m3.ha-1).
Então, existem povoamentos e linhas de melhoramento para diversas situações, conforme o objetivo principal do investidor. Por exemplo, para produção de lápis o desejável é a ocorrência do foxstein(rabo de raposa), com internódios distantes no fuste. Este característica é indesejável para produção de tábuas, por exemplo, já que reduz a resistência à flexão horizontal.
As tábuas de pinus são muito usadas para produção de móveis, especialmente aqueles usados por crianças. Ela é preferida, principalmente, dada a sua pouca variação dimensional com as oscilações de clima (temperatura e umidade), mas também pelo pequeno peso específico (móveis leves e fáceis de serem manuseados).
Por outro lado, se as tábuas forem usadas para forros ou coladas para formação das terças dos telhados, a ocorrência de foxstein é totalmente indesejada. O pinus não brota (é uma gimnosperma), logo, diferente dos povoamentos de eucalipto ou seringueira, por exemplo, após o corte das árvores novas mudas devem ser plantadas para dar origem a novos indivíduos.
Versatilidade
Outro uso do pinus é a produção de resina, muito usada na fabricação de colas, vernizes e tintas. O Brasil é um grande importador dessa matéria-prima, principalmente de Portugal. Uma linha do melhoramento genético visa associar o aumento da produtividade com o aumento da produção de resina.
Esta é uma característica que varia com a espécie, em que o Pinus oocarpa é o maior produtor de resina (que é uma espécie de clima temperado a frio). Mas, esforços de melhoramento genético também têm sido feitos no Pinus caribaehondurensis (PCH), uma espécie tropical largamente plantada no Brasil nas mais variadas condições climáticas do cerrado brasileiro.
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