Douglas Furtado
Engenheiro agrônomo e diretor da Geofito
Cada vez mais populares, os drones caÃram na graça do mercado agrícola, como já era previsto na pesquisa realizada nos EUA pela Associação Internacional dos Sistemas de VeÃculos Não Tripulados em 2013. A pesquisa concluiu que o mercado dos drones vai movimentar 82 bilhões de dólares nos EUA em 2025 e que a agricultura representará 80% das vendas anuais de drones.
Devido a esta grande oportunidade, muitos profissionais querem saber como realizar a agricultura de precisão com drones. Neste artigo iremos abordar como os VANTs (VeÃculos Aéreos Não Tripulados), popularmente conhecidos como drones, podem auxiliar na gestão estratégica das lavouras.
Versatilidade
O drone pode ser utilizado em toda a safra. No primeiro momento, para sobrevoar áreas de interesse de modo que o profissional decida qual propriedade arrendar. Na fase de pré-plantio pode ser utilizado para realizar a topografia do terreno a fim de mensurar a área, dividir os talhões, planejar o escoamento da água da chuva, entre outros.
Após a plantação o drone fornece indicadores qualitativos e quantitativos do plantio que irão mensurar a eficiência do plantio realizado. Alguns indicadores já utilizados no mercado são o levantamento de falhas no plantio, contagem de pés, mapa de saúde da vegetação e mais uma variedade de soluções, dependendo da cultura.
O mapeamento aéreo com drones é mais uma tecnologia que otimiza a ação do produtor ou do agrônomo em campo. Fazendo uma analogia, o drone é como um raio-xpara um médico: ele identifica os problemas, quais as suas dimensões e qual a sua localização no campo.
De posse deste mapa da lavoura, o agrônomo ou produtor vai até o campo visitar as áreas que estão com problemas para verificar quais são as causas e prescrever as ações necessárias.
Apontamentos
Os problemas podem ser diversos, como a compactação do solo, falta de nitrogênio, ervas daninhas, propriedade do solo, irrigação, falhas no plantio, entre outros. Após a verificação da causa, o agrônomo/produtor irá determinar quais ações serão executadas para sanar tais deficiências da lavoura, ou seja, o drone vai informar se está bom ou não, e caberá ao agrônomo ou produtor analisar as causas e apresentar as soluções.
Vamos imaginar a seguinte situação hipotética: após o mapeamento aéreo com drones e de posse das coordenadas dos problemas encontrados na lavoura, um agrônomo vai até o local onde a deficiência se encontra. Após algumas análises ele constatou que nesta determinada região será necessária a aplicação de nitrogênio.
Em seguida, após o prazo necessário para o produto agir, faz-se um novo voo e compara-se com o voo anterior para analisar se houve melhorias e qual foi a eficiência da aplicação.
Entenda melhor
É importante entender que o VANT/drone é dividido em duas partes: a plataforma e o sensor embarcado. A função da plataforma é transportar o sensor, garantindo um voo estabilizado e seguro, enquanto os sensores (câmeras) são responsáveis por capturar as informações do terreno.
Pode-se embarcar diferentes tipos de câmeras que capturam diferentes dados. Na agricultura de precisão as duas principais câmeras utilizadas são a RGB e a NIR.
A câmera RGB captura imagens no espectro visÃvel, ou seja, basicamente o que nossos olhos conseguem ver e com estas câmeras é possível realizar toda a fase de pré-plantio e gerar alguns indicadores, como o levantamento de falhas do plantio.
Já no caso da câmera NIR (NearInfrared ““ Infravermelho Próximo), a captura de informações ocorre na banda infravermelho próximo. Nós humanos não conseguimos enxergar nessa banda, portanto, por meio da câmera NIR é possível identificar problemas que ainda não ficaram visÃveis.
Após uma operação realizada com as bandas vermelho e infravermelho próximo, conhecida como NDVI (Ãndice de Vegetação por Diferença Normalizada) é possível identificar quais áreas estão saudáveis e quais não estão.
Estratégia que funciona
Como podemos ver o mapeamento aéreo é uma tecnologia que fornece suporte para o gerenciamento estratégico do plantio. Por meio dele você extrai indicadores quali e quantitativos que, se bem interpretados, aumentam a produtividade e diminuem os custos.
É interessante acompanhar toda a lavoura e armazenar as informações em um banco de dados, por meio de um SIG (Sistema de Informação Geográfica) e é possível convergir os dados e fazer análises sazonais em diferentes épocas. Com o histórico da sua propriedade e das suas ações é possível otimizá-las nas próximas safras, aumentando a eficiência e previsibilidade.
Geração de mapas planialtimétricos para desenvolvimento de projetos
ü Projeto de alinhamento de plantio;
ü Locação de carreadores;
ü Construção de terraços;
ü Projetos de descarte de água residual;
ü Projetos de barramentos;
ü Projetos de irrigação, entre outros.
 Tecnologia embarcada
Estes VANTs/drones mais modernos possuem embarcado sistema inercial, GPS epiloto automático, permitindo que o mesmo realize voos de forma totalmente automática desde o lançamento, realizado manualmente, até o pouso.
Em resumo, hoje os drones são considerados pela agricultura moderna uma ferramenta fundamental no pacote tecnológico, oferecendo suporte em todas as fases da cultura e na implantação de projetos, com informações altamente confiáveis.