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Projeto sustentável tem como base o bambu

Crédito Pixabay
Crédito Pixabay

Rafael Teixeira Matheus, com apenas 23 anos, é formado em Administração de Empresas e proprietário da Domosfera Estruturas Sustentáveis, em Monte Mor (SP). Ele é um exemplo claro de empreendedorismo visionário – cursou movelaria em bambu e lá aprendeu desde a colheita e tratamento até o manuseio, encaixes e amarrações da estrutura. “No início de 2016 tivemos o contato com estruturas geodésicas, e a partir daí começamos a nos especializar nesse tipo de estrutura“, conta.

A princípio, ele conta que escolheu o bambu porque queria aprender novas práticas de construção e movelaria com materiais alternativos. Porém, com o passar do tempo, percebeu que o bambu é um dos materiais mais resistentes que existem na natureza, e possui características surpreendentes, como leveza, flexibilidade, durabilidade e resistência.

O Brasil é o país que mais possui espécies nativas de bambu no mundo, e devido à sua forma de procriação e colheita, este pode ser considerado um dos materiais mais sustentáveis em termos de construção civil e movelaria.

Estruturaspossíveis com o bambu

Praticamente todos os tipos de estruturas são possíveis a partir do bambu. Pode-se construir toda uma casa, desde a fundação, pilastras, paredes, escadas, assoalho, telhado, etc., inclusive o próprio broto do bambu também é comestível.

Rafael Teixeira acrescenta que o bambu é um material muito peculiar, podendo ser usado em conjunto com outros materiais (um dos usos, por exemplo, é com o concreto, para se fazer fundações e estruturas de sustentação, chamado popularmente de “bambucreto”). Além disso, o uso em móveis, utensílios, e decoração também é muito recomendado.

A espécie mais apropriada para movelaria e construção é a Phyllostachysaurea, popularmente conhecida como cana da índia ou bambu-mirim. Tales Teixeira Matheus, 27 anos, formado em Propaganda e Marketing, é que atua como artesão em bambu e é qualificado para construção de estruturas geodésicas da Domosfera.

Estruturas geodésicas feitas de bambu - CréditoRafael Teixeira Matheus
Estruturas geodésicas feitas de bambu – CréditoRafael Teixeira Matheus

“O trabalho que realizamos é focado na construção de estruturas geodésicas, conhecidas como Domo Geodésico, que são formas de construção desenvolvidas no início do século XX. Essa estrutura é baseada nos sólidos platônicos, e tem como base primordial o triângulo. São formas muito interessantes que se baseiam principalmente em polígonos como o tetraedro (pirâmide), octaedro e icosaedro. Com a combinação de triângulos, que juntos formam uma angulação exata para que se tenha a forma desejada da estrutura, conseguimos nosso objetivo“, revela Tales Teixeira.

Segundo Rafael Teixeira, o nomeDomosferafoi escolhido para sua empresa justamente pela união das palavras Domo e Esfera. “As formas que construímos são baseadas também na esfera, sempre levando em consideração a geometria espacial“, justifica.

Ainda segundo ele, existem níveis de curvatura que permitem uma grande variação no tamanho das peças e geram uma gama variada de possibilidades quanto à forma e o tamanho das estruturas. “Contamos hoje com um software especializado para o desenvolvimento de estruturas geodésicas, que calcula com extrema precisão o tamanho das peças e a angulação necessária em cada ponto do Domo“.

Colheita do bambu

Em relação à época para colheita do bambu, os meses mais apropriados são os de estiagem. “Um conhecimento popular difundido é de que os meses mais apropriados para colheita são aqueles sem a letra “R”, portanto, maio, junho, julho e agosto. Deve ser levado em consideração também o ciclo da lua, que nos ciclos certos faz com que a seiva desça para a base do bambu, deixando a vara mais “seca” e apropriada para o tratamento“, explica Rafael Teixeira.

Em relação às formas de utilização, o uso do bambu é indicado para essas estruturas quando se busca sustentabilidade, durabilidade e facilidade na manutenção e manuseio. Isso porque, o bambu, por ser um material muito leve, permite que essas estruturas sejam feitas com o intuito de serem desmontáveis.

Além disso, no caso de estruturas geodésicas, como o peso da estrutura é dividido igualmente em todas as peças, no caso de alguma avaria o custo de manutenção é baixo, visto que o reparo é feito de forma pontual apenas na peça que foi danificada.

Estruturas geodésicas feitas de bambu - CréditoRafael Teixeira Matheus
Estruturas geodésicas feitas de bambu – CréditoRafael Teixeira Matheus

Rentabilidade garantida

Rafael Teixeira inaugurou sua empresa no final de 2016, e revela que em poucos meses de vida a rentabilidade tem se mostrado bem alta. “Já realizamos e entregamos projetos que geraram um faturamento mensal considerável. Por ser um trabalho feito sob medida, sendo cada um desenvolvido sob a necessidade do cliente, o valor agregado é bem alto, também por ser um trabalho totalmente artesanal“, esclarece.

Outra vantagem importante que seus clientes levam em conta é o baixo custo de manutenção aliado à durabilidade. Um bambu tratado da forma correta pode durar mais de 20 anos no tempo (sol e chuva), dependendo das condições e do acabamento feito na estrutura. “No caso de estruturas geodésicas, quando houver alguma avaria, apenas a peça que foi danificada precisa ser restaurada ou substituída. Já na estufa feita com barras de ferro, uma avaria pode facilmente comprometer uma grande parte da estrutura, trazendo um custo maior de manutenção“, compara o empresário.

O primeiro projeto da Domosfera foi de uma estufa caseira, baseado no triângulo isósceles, com uma base retangular. Sua área interna é de 32 metros quadrados, e a altura central chega a 2,50 metros. “Nesta estufa diversos tipos de alimentos serão cultivados, desde verduras como alface e couve, até palmito que também será cultivado nela. Seu fechamento será com lona transparente própria para estufas, e para garantir a segurança da estrutura, estacas em U foram utilizadas para fixação do domo no solo“, conta Rafael Teixeira.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Floresta, edição de maio/junho 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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