17.5 C
Nova Iorque
domingo, novembro 24, 2024
Início Revistas Hortifrúti Nova forma de condução da pimenta-do-reino

Nova forma de condução da pimenta-do-reino

Luiz Augusto Lopes Serrano

Pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical

luiz.serrano@embrapa.br

Inorbert de Melo Lima

Pesquisador do Incaper – CRDR Centro Norte

inorbert@incaper.es.gov.br

Créditos Inorbert M. Lima
Créditos Inorbert M. Lima

Várias espécies do gênero Eucalyptus são consideradas alelopáticas, pelo menos em potencial, provocando efeito direto e indireto, danoso ou benéfico sobre outro organismo, pela produção de substâncias químicas (aleloquímicos) liberadas no ambiente.

Geralmente o efeito dessas substâncias prejudica a germinação de sementes e/ou o desenvolvimento de outras plantas, podendo ser até da própria espécie. No entanto, diversos trabalhos publicados em periódicos nacionais mostraram que a influência alelopática do eucalipto não ocorre para todas as culturas, havendo aquelas sensíveis e outras não.

Ressalta-seque vários especialistas afirmam que as plantas que não se desenvolvem próximas ao eucalipto são devido a ele ser mais competitivo em água e nutrientes durante a fase de crescimento, e não pelo efeito alelopático. Desse modo, a utilização do eucalipto como tutor vivo para determinadas culturas deve ser muito bem estudada, principalmente em regiões que apresentam típico período seco.

Por outro lado, a utilização de tutores “mortos“ de eucalipto se constituiu numa das principais opções para os produtores de pimenta-do-reino, uma vez que passou a ser restrito o uso de madeiras nativas, fato comum nas décadas anteriores a 2000.

O litoral Norte do Estado do Espírito Santo é a segunda maior região produtora de pimenta-do-reino do Brasil, ficando atrás do Nordeste Paraense e à frente do Sul Baiano (IBGE, 2015). Coincidentemente, temos o Sul Baiano como o maior produtor de eucalipto em tora para papel e celulose, o Sudeste Paraense em quinto e o Litoral Norte Capixaba em sexto. Essa “proximidade“ entre os cultivos facilitou a cadeia produtiva da pipericultura.

Detalhe do novo sistema de condução da pimenta-do-reino, com eucalipto - Créditos Inorbert M. Lima
Detalhe do novo sistema de condução da pimenta-do-reino, com eucalipto – Créditos Inorbert M. Lima

Condução

Geralmente, a pimenteira-do-reino é cultivada e conduzida até uma altura aproximada de 2,0 a 2,5 m. Assim, o tutor de eucalipto (madeira tratada) mais utilizado é aquele com 2,5 a 3,0 m de comprimento e com 08 a 10 cm de diâmetro.

Atualmente, sondando o mercado norte capixaba, cada tutor custa em torno de R$ 10,00, e se considerarmos que são entre 1.600 a 2.250 plantas por hectare, o custo com tutores giraria na faixa de R$20.000,00 por hectare.

A princípio, o custo com tutores para implantação de um pimental sempre foi considerado oneroso, porém, é válido lembrar que os tutores duram por muito tempo. Por exemplo, temos o reaproveitamento de tutores de eucalipto tratados após 18 anos de uso, sendo necessária a lavagem do mesmo, desinfestação superficial com calda cúprica e a inversão na hora do plantio.

Após o preparo da área e instalação dos tutores, as mudas de pimenteira-do-reino são plantadas a aproximadamente 20 cm dos tutores, geralmente no lado leste (sol nascente). Durante os primeiros meses até atingir o ápice do tutor, as plantas devem ser amarradas com fitilhos para favorecer a adesão das raízes adventícias nos tutores.

Em comparação aos antigos tutores de espécies nativas que possuíam muitas ranhuras, os tutores de eucaliptos, por serem lisos, necessitam de mais amarrios.A partir do momento em que a planta de pimenteira-do-reino atinge o ápice da estaca seus ramos são direcionados a uma estrutura metálica em forma de oito ou infinito, ficando soltos e pendendo para baixo, minimizando o crescimento na vertical.

Detalhe do novo sistema de condução da pimenta-do-reino, com eucalipto - Créditos Inorbert M. Lima
Detalhe do novo sistema de condução da pimenta-do-reino, com eucalipto – Créditos Inorbert M. Lima

Alta rentabilidade atrai produtores

Nos últimos anos a cultura da pimenteira-do-reino vem apresentando altos retornos econômicos aos produtores, fato que vem aumentando a demanda por informações sobre a cultura.

Sabe-se que a pimenteira-do-reino é uma planta de regiões com clima quente e úmido (não tolera geadas), desenvolvendo-se bem em regiões com altitude de até 500 m, temperaturas médias entre 23 e 28ºC, umidade relativa acima de 70%, precipitação em torno de 1.500 mm e brilho solar superior a 2.000 horas anuais.

Regiões com menores quantidades de chuvas podem ser propícias ao cultivo, entretanto, para a obtenção de produções satisfatórias economicamente é indispensável o uso de sistemas de irrigação.

A ocorrência de déficit hídrico durante o período de produção, bem como a ocorrência de sol intenso, ventos quentes e umidade relativa do ar baixa causam baixa polinização, com consequente formação de espigas falhadas com frutos (“banguelamento“).

A cultura da pimenteira-do-reino vem apresentando altos retornos econômicos - Crédito Welington Secundino
A cultura da pimenteira-do-reino vem apresentando altos retornos econômicos – Crédito Welington Secundino

Solo

O solo para o cultivo deve ter boa drenagem, pois a pimenteira-do-reino não tolera encharcamento. Para áreas sujeitas a encharcamento devem-se construir camalhões com, no mínimo, 30 cm de altura. Altas produções são obtidas em solos que apresentam textura média (entre 15 e 30% de argila).

Sendo a pimenteira-do-reino uma planta perene, é importante coletar amostras de solos para análises nas camadas superficiais (0 a 20 cm) e subsuperficiais (21 a 40 cm) do terreno, a fim de identificar possíveis limitações químicas. A calagem e/ou gessagem devem ser realizadas de acordo com os resultados da análise química do solo.

Essa matéria completa você encontra na edição de maio 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

- Advertisment -

Artigos Populares

Chegam ao mercado sementes da alface Litorânea

Já estão disponíveis no mercado as sementes da alface SCS374 Litorânea, desenvolvida pela Estação Experimental da Epagri em...

Alerta: Patógenos de solo na batateira

Autores Maria Idaline Pessoa Cavalcanti Engenheira agrônoma e Doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) idalinepessoa@hotmail.com José...

Maçãs: O que você ainda não sabe sobre a atividade

AutoresAike Anneliese Kretzschmar aike.kretzschmar@udesc.br Leo Rufato Engenheiros agrônomos, doutores e professores de Fruticultura - CAV/UDESC

Produção de pellets de última geração

AutorDiretoria Executiva da Brasil Biomassa Pellets Brasil Crédito Luize Hess

Comentários recentes