Adriana Souza Nascimento
Engenheira agrônoma, mestre em Fitopatologia e pesquisadora da EMATER/DF
adriana.nascimento@emater.df.gov.br
As doenças bacterianas estão entre os principais problemas fitossanitários das brássicas ou crucíferas (plantas da família Brassicaceae), e não raramente provocam perdas significativas pela destruição da planta inteira ou do órgão comercializável, que tem seu valor econômico reduzido.
As condições favoráveis para o desenvolvimento de doenças bacterianas são altas temperaturas e umidade. A sobrevivência de Xanthomonascampestrispv. campestris se dá nas sementes, restos culturais, hospedeiros alternativos, sejam cultivados ou invasores, e sua disseminação acontece por sementes, água e pelos tratos culturais.
Para Pectobacteriumcarotovorum subsp. carotovorum os fatores favoráveis, além das temperaturas e umidade elevadas, são a adubação excessiva com nitrogênio e deficiências em cálcio (Ca) e boro (B). Sua sobrevivência se dá nos restos culturais e a sua penetração nas plantas acontece através de ferimentos e aberturas naturais, com disseminação principal por mudas contaminadas, água e tratos culturais.
No brócolis
O brócolis (Brassicaeoleraceavar.italica) é uma hortaliça da mesma família da couve, couve-flor, do repolho e do agrião (Brassicaceae). Produz inflorescências (conjunto de flores) comestíveis e podem ser do tipo “cabeça“, ou do tipo “ramoso“. É fonte de vitamina C, A, cálcio, ferro, fósforo e fibras.
As principais doenças bacterianas da hortaliça são a podridão negra causada por Xanthomonascampestrispv. campestris e a podridão mole causada por Pectobacteriumcarotovorumsubsp. carotovorum, que quando associadas levam a perdas totais nos períodos quentes e úmidos.
Sintomas
O brócolis é suscetÃvel em todas as fases de seu desenvolvimento à Xanthomonascampestrispv. campestris. Os principais sintomas são a queda prematura dos cotilédones quando a bactéria vem associada às sementes (plântulas), e nas plantas as folhas verdadeiras apresentam sintoma típico, amarelecimento em forma de “V“, com o vértice voltado para o centro da folha, acompanhando as nervuras.
Quando há a invasão sistêmica da bactéria, os vasos da folha e do caule ficam enegrecidos, com amarelecimento e necrose das folhas, enfezamento, murcha, queda de folhas, até o apodrecimento total da planta.
A podridão mole é comum em períodos quentes, úmidos, e em solos ácidos afeta os órgãos suculentos da planta, apresentando maior ocorrência na fase final da cultura, quando se observa o encharcamento dos tecidos, seguido de rápida podridão com exsudação de líquido fétido e danos irreversÃveis ao brócolis.
Prejuízos x controle
Os prejuízos econômicos pela incidência das bacterioses diminuem com o uso de manejo integrado das doenças. Xanthomonascampestrispv. campestris pode promover consideráveis reduções de produtividade e qualidade das brássicas em geral, sendo registradas perdas acima de 60% em brócolis e, em casos extremos, podendolevar à perda total na colheita em cultivares altamente suscetÃveis.
As medidas de controle das doenças devem ser integradas, sendo a prevenção muito importante, como o uso de cultivares resistentes. Além disso, devem-se utilizar sementes de boa qualidade, sadias ou tratadas; cultivos longe de áreas com lavouras velhas de brássicas, não fazer plantios seguidos com brássicas na mesma área (rotação de culturas) e eliminar os restos culturais logo após a colheita.
Na podridão mole, além de sua penetração ser por aberturas naturais (estômatos e hidatódios), há também penetração pelos ferimentos, devendo-se evitar que isso aconteça durante os tratos culturais e controle de insetos, e ainda, realizar o controle da irrigação (disseminação pela água), equilibrar a adubação nitrogenada e realizar adubação com cálcio e boro (de acordo com análise de solo).
Atenção
Não há medidas de controle curativas para as doenças do brócolis e não há registros de agrotóxicos para aplicação de controle químico nas lavouras infectadas, porém, diversos produtos cúpricos têm sido utilizados no controle de doenças bacterianas, uma vez que o cobre atua na proteção do tecido vegetal contra infecções e na redução da população dos patógenos na superfície foliar.
A época e o número de aplicações de cobre para controle dependem de vários fatores, como suscetibilidade da cultivar, idade da planta, condições ambientais e adoção de outras medidas de controle.
Â