Nicolle GenarMaftum
Engenheira agrônoma da Agrosul Assessoria Agroambiental e Planejamento e produtora de morangos
Kaio Murilo Bueno
Engenheiroagrônomo e produtor de morangos
Maria Aparecida CassilhaZawadneak
Professora da Universidade Federal do Paraná e coordenadora da Produção Integrada de Morango PIMo PR
Consumido in natura ou processado na forma de polpa congelada, de sucos, de geleias, como matéria-prima para confeitarias, indústrias de alimentos ou presente até mesmo na indústria de cosméticos, o morango é o que apresenta maior expressão econômica entre as pequenas frutas. O fruto do morangueiro é conhecido por suas características organolépticas e aspectos nutricionais benéficos à saúde, agradando paladares no mundo inteiro.
Genética
Nos últimos anos, com a introdução de novas cultivares de morangueiro, os consumidores encontram frutos no comércio praticamente o ano todo. No Brasil, o marco da expansão da cultura do morangueiro se deu nos anos 60, quando o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) lançou a cultivar Campinas.
Desde então, muita coisa mudou, e hoje existem cultivares oriundas dos EUA, mudas produzidas no Chile, Argentina e Espanha. Entre elas destacam-se as chamadas “neutras ao fotoperíodo“, ou seja, não dependem do comprimento dos dias para seu florescimento.
Elas são as cultivares “˜Albion’, “˜San Andreas’, “˜Monterey’, “˜Portolas’, “˜Aromas’, sendo as duas primeiras de cultivo mais expressivo no País. Estas novas cultivares permitem a produção de morangos o ano todo, evitando-se a entressafra e permitindo ao produtor melhor rentabilidade. Mas, para ofertar frutos de qualidade, com maior vida de prateleira, o produtor precisa investir em tecnologia de produção.
Sistemas produtivos
Os sistemas de cultivo do morangueiro no Brasil evoluÃram muito ao longo dos anos, passando de sistemas tradicionais, em que o cultivo é feito no solo, a céu aberto ou protegido sob cobertura de túneis baixos ou altos, ao cultivo fora do solo em estufas altas.
O cultivo em ambiente protegido levava em consideração, principalmente, a proteção das plantas, além de permitir o trabalho em condições climáticas adversas. Nos últimos anos tem havido uma tendência na adoção de cultivares neutras ao fotoperíodo em sistema menos tradicional, fora do solo.
Fora do solo
O cultivo de morangueiro sem uso do solo, chamado também de cultivo em substrato ou em semi-hidroponia, é ainda incipiente em área no País. Os resultados produtivos e econômicos estão aquém dos obtidos em outros países produtores, principalmente por falta de informações de pesquisas capazes de indicar sistemas apropriados de cultivo para as condições de cada região produtora.
Mesmo que o cultivo em substratos tenha evoluÃdo muito nos últimos anos, ainda é necessário desenvolver sistemas mais sustentáveis, combinando alta produtividade e elevada eficiência de utilização da água e dos nutrientes.
Nos sistemas de cultivo sem solo, as mudas são plantadas em substratos acondicionados em “slabs“, que ficam apoiados sobre bancadas a uma altura de aproximadamente um metro do solo, com a irrigação e a fertirrigação sendo realizadas em sistemas abertos ou, mais recentemente, em sistemas fechados.
A produção de morangos neste sistema traz inúmeros benefícios, dentre os quais a ergonomia de trabalho, proporcionando agilidade na execução dos tratos culturais e na colheita dos frutos.
Com o cultivo em slabs há uma maior eficiência no uso da água e no manejo nutricional das plantas. Sem o cultivo no solo há uma sensÃvel diminuição de problemas fitossanitários, tanto de doenças da parte aérea das plantas quanto radiculares, em virtude da utilização de substratos inertes.
Ainda, dependendo do manejo do produtor, há uma redução na incidência de doenças de frutos (em especial as fúngicas), bem como diminuição da ocorrência dos principais insetos-praga, proporcionando assim um menor uso de agroquímicos para seu controle. Com a semi-hidroponia há a possibilidade de produção durante todo o ano, permitindo ainda a utilização das mesmas mudas por dois anos ou mais.
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Otimização de espaço
O espaço na estufa é totalmente otimizado em virtude da exclusão da alternância de áreas, como é recomendado para o morangueiro implantado no solo. Com um manejo adequado, o produtor consegue uma produtividade média de 1,2 kg de fruto por planta/ano com as novas cultivares importadas.
Para o cultivo de morangueiro nesse sistema, o substrato deve se apresentar inerte, ou seja, livre de pragas e agentes patogênicos que venham ocasionar danos ao desenvolvimento das plantas.