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Molécula usada em saúde humana controla pragas que atacam citros

 

Simone Cristina Picchi

Bióloga e doutora em Agronomia, pesquisadora da empresa CiaCamp

scpicchi@gmail.com

Alessandra Alves de Souza

Bióloga, doutora em Genética e Biologia Molecular e pesquisadora do Centro APTA Citros Sylvio Moreira (IAC)

Helvécio Della Coletta Filho

Engenheiro agrônomo, doutorem Genética e Biologia Molecular e pesquisador do IAC

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

Uma molécula antioxidante chamada N-acetilcisteína (NAC), utilizada em saúde humana como xarope mucolítico para desobstruir as vias respiratórias, resultou no desenvolvimento de produtos que têm demonstrado, por meio de estudos em andamento, ter potencial para controlar pragas que atacam os citros, como a clorose variegada dos citros (CVC) ““ conhecida popularmente como “amarelinho“ e o cancro cítrico.

Prejuízos causados pela CVC

Entre os prejuízos causados pela clorose variegada do citros (CVC)estão redução do tamanho e enrijecimento do fruto, que se torna inapropriado em estágio avançado do desenvolvimento da doença, para uso na indústria de suco, como também para consumo in natura. Hoje,observa-se alta incidência da CVC nos Estados de Sergipe e Bahia.

A CVC é transmitida por vetores ecigarrinhas que se alimentam da seiva do xilema das plantas. Hoje, são conhecidas 13 espécies diferentes capazes de transmitir a bactéria da CVC, Xylella fastidiosa, durante o processo de alimentação.

Assim, ao se alimentarem de plantas com CVC, as cigarrinhas adquirem a bactéria, transmitindo-a para as plantas sadias. No passado, quando as mudas cítricas eram produzidas a céu aberto, perto de pomares comerciais, estas eram facilmente contaminadas, uma vez que eram muito atrativas às cigarrinhas. Mas, hoje, com a produção de mudas em ambientes protegidos seguindo-se um programa de certificação, muito se ganhou em sanidade e qualidade do material propagativo.

Molécula N-acetilcisteínax CVC

Após o sequenciamento da Xylella fastidiosa, a bactéria causadora da CVC, pode-se identificar genes envolvidos com a patogenicidade da bactéria e aqueles que poderiam ser os possíveis alvos para controlar a doença.

Esses genes sintetizam proteínas responsáveis pela adesão das bactérias aos vasos do xilema das plantas e também umasàs outras, assim formando um aglomerado de células que bloqueia o vaso do xilema, dificultando o fluxo de seiva da raiz para a parte aérea das plantas, causando os sintomas da CVC.

Então, pesquisas realizadas pela Dra. Alessandra Alves de Souza, no Centro APTA Citros Sylvio Moreira (IAC), mostraram que a molécula N-acetilcisteína foi capaz de quebrar este aglomerado de bactérias e desobstruir o xilema, consequentemente restaurando o fluxo de seiva na planta e permitindo a passagem de água e nutrientes.

Em ensaios realizados em campo pelos pesquisadores do IAC, foi observado que o uso de NAC em planta de 13 anos com alta incidência de CVC, após o segundo ano de aplicação da molécula, os frutos aumentaram em diâmetro e também a produção, porém, não chegando às produções obtidas em plantas sadias.

Portanto, aconselha-se que ações como o uso de mudas sadias, controle do vetor e, no caso da CVC, uso da poda de ramos com os primeiros sintomas da doença, não poderão ser deixadas de lado.

Hoje temos uma formulação desenvolvida – o NACagri, que deve ser aplicado via raiz. O objetivo desta tecnologia é prolongar a viabilidade econômica de plantas com sintomas de CVC, acrescentando uma ferramenta a mais no manejo desta doença.

Essa matéria você encontra na edição de maio 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

 

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