Walter dos Santos Soares Filho
Pesquisador e lÃder do Programa de Melhoramento Genético de Citros da Embrapa Mandioca e Fruticultura
Basicamente a enxertia refere-se ao uso de um porta-enxerto adequado à variedade-copa que se pretende explorar comercialmente. São diversas as vantagens do uso de um porta-enxerto adequado à implantação de um pomar de citros: indução de alta produtividade e qualidade de frutos, precocidade de produção de frutos, redução do porte da planta, tolerância à seca e à salinidade, resistência a doenças que afetam as raízes, como a gomose de Phytophthora, entre outros atributos de importância agronômica.
Para tanto, deve-se proceder a uma criteriosa escolha do porta-enxerto adequado à situação do citricultor.
Cavalos utilizados para enxertar a muda
Atualmente, no Brasil, o porta-enxerto mais utilizado ainda é o limoeiro Cravo. Outros porta-enxertos também vêm sendo empregados. No Rio Grande do Sul, por exemplo, ao contrário da maioria dos pomares cÃtricos do País, predomina o trifoliata (Poncirustrifoliata) e em Sergipe ainda é utilizado o limoeiro Rugoso, embora o limoeiro Cravo seja predominante.
Em São Paulo é cada vez mais crescente o uso do citrumeloSwingle, principalmente entre os citricultores de maior porte, que também têm utilizado a tangerineira Sunki.
Manejo da enxertia
Deve-se realizar a enxertia no momento adequado de desenvolvimento do “cavalo” ou porta-enxerto. Este deve ser feito no local da enxertia, que normalmente ocorre a 15 cm de altura, no caule, quando este tiver o diâmetro aproximado de um lápis. O ramo que fornecerá as borbulhas da variedade copa a ser enxertada deve ter diâmetro compatÃvel com o do “cavalo”.
Cuidados
Devem-se utilizar variedades porta-enxerto de origem genética conhecida e livres de doenças (sadias). O mesmo se aplica às variedades copa.
A inserção da borbulha no “cavalo” é feita mediante um corte em T invertido no “cavalo”, na altura da enxertia. O “cavalo” deve estar bem nutrido e com um manejo adequado de água, para que haja bastante seiva circulante, o que favorecerá o pegamento da borbulha.
Após a enxertia, a região de inserção da borbulha deve ser protegida mediante o enrolamento de uma fita plástica, que favorecerá a fixação e pegamento da borbulha, curvando-se os cavalinhos imediatamente após o amarrio.
Cerca de 15 dias após a enxertia, a fita plástica deve ser retirada, deixando-se a borbulha brotar, dando origem à copa. Caso a borbulha não tenha vingado ““ o que se percebe pela coloração escurecida da mesma, indicando sua morte ““ a operação de enxertia deve ser repetida.
Desempenho
Não se admite que plantios comerciais de citros sejam feitos sem o emprego de mudas, onde há a participação de duas variedades que interagem de forma complementar, cada uma com sua finalidade própria: o porta-enxerto e a copa.
As mudas devem ser sadias e obtidas em ambiente protegido, de forma a evitar sua contaminação por doenças, além de impedir que as próprias mudas sirvam de veículo de doenças de grande impacto, como o HLB (ex-greening), CVC (clorose-variegada-dos-citros), cancro-cÃtrico, entre outras.
Conforme dito anteriormente, a escolha adequada do porta-enxerto a ser utilizado trará vantagens como alta produtividade e qualidade de frutos, precocidade de início de produção de frutos, redução do porte da planta, tolerância à seca, à salinidade, resistência a doenças, como a gomose de Phytophthorae tristeza-dos-citros, entre outras.