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Perspectivas e potencialidades do mercado de pimentas

Existe uma variedade de usos e formas de consumo da pimenta, além de uma grande variedade de produtos e subprodutos, o que favorece a segmentação e diversificação do mercado, que vem atraindo produtores de todo o Brasil, especialmente pela rentabilidade do cultivo

 

Talita de Santana Matos

Elisamara Caldeira do Nascimento

Doutoras em Agronomia pela UFRRJ

Glaucio da Cruz Genuncio

Doutor em Nutrição Mineral de Plantas e professor adjunto da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT)

glauciogenuncio@gmail.com

Raquel SilvianaNeitzke

Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia pela UFPEL

raquelsilviana@gmail.com

 

 Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A pimenta é de origem tropical, crescendo e se desenvolvendo melhor sob temperaturas amenas ou elevadas, não tolerando baixas temperaturas ou geadas. Atualmente existem em torno de 20 a 27 espécies catalogadas, originárias das Américas do Sul e Central, das quais cincosão domesticadas.

No Brasil, a produção de pimentas está em função do uso de variedades botânicas, com características de frutos bem distintas. Assim, podem-se distinguir grupos varietais como: Capsicumfrutescens (malagueta e tabasco); C. chinense (pimenta de cheiro, pimenta bode, cumari do Pará, biquinho, murupi e habanero); C. annuumvar.annuum(pimenta doce, jalapeño, cayenne, serano e cereja); C. baccatum var. pendulum (dedo de moça e cambuci) e, C. baccatum var. praetermissum (Cumari).

 Atualmente existem em torno de 20 a 27 espécies de pimentas catalogadas - Crédito Raquel Neitzke
Atualmente existem em torno de 20 a 27 espécies de pimentas catalogadas – Crédito Raquel Neitzke

Demanda

Devido à característica de ser um produto perecível, parte da produção tem se voltado para a agroindústria, medida esta que serve como redução das perdas pós-colheita, que podem ultrapassar 30%.

O processamento da pimenta visando à obtenção de molhos e conservas, assim como condimentos e geleias, é o mais utilizado. Atualmente, existem empresas especializadas na industrialização de grande variedade de pimentas produzidas no Brasil, com grande concentração destas nos Estados de Minas Gerais e Bahia, onde o consumo de pimenta é cultural.

Por outro lado, uma parte significativa da produção é comprada diretamente do produtor, a partir de venda direta e/ou contratos de parceria, assim como as agroindústrias vêm gradativamente investindo em produção própria, uma vez que existe a necessidade da garantia de continuidade de produção e qualidade de produto.

Vale ressaltar que um dos fatores que restringe o crescimento do setor é a dependência de mão de obra, tanto para os tratos culturais quanto para a colheita, que pode demandar um quantitativo elevado de pessoas, caso este seja referenciado pela colheita da malagueta.

No cenário do Mercosul, o Brasil ocupa o segundo lugar no comércio de molhos da América Latina, atrás somente do México. Além do mais, o Brasil produz páprica (Chili) e páprica doce, e a sua produção é voltada para o mercado europeu, assim como a pasta de tabasco para o mercado norte-americano.

Crédito Isla
Crédito Isla

Processamento

Para o processamento em forma de conservas são indicadas cultivares que produzem frutos pequenos. Exemplo: pimenta de cheiro, pimenta do ará, pimenta cumari, pimenta biquinho e malagueta. Para a produção de conservas de pimentas com baixo nível de pungência é indicada a pimenta biquinho.

Para a produção de pimenta desidratada, com sementes e em flocos, conhecida como pimenta calabresa, é indicada a pimenta dedo de moça.

Pimentas indicadas para produção de molhos:jalapeño, malagueta, habanero, entre outras.

A pimenta voltada para agroindústria rediz perdas pós-colheita - Crédito Raquel Neitzke
A pimenta voltada para agroindústria rediz perdas pós-colheita – Crédito Raquel Neitzke

Importação e exportação

As informações quanto às importações de pimenta in natura são imprecisas devido, via de regra, aos contratos diretos entre grupo de produtores e importadores, uma vez que parte significativa é destinada ao consumo interno. Por outro lado, existem relatos da produção de pimenta tabasco em 400 ha localizados no Ceará, voltados para a exportação, em forma de pasta, para os EUA.

Já a exportação de pimenta-do-reino (Piper nigrum) é consolidada, se destacando como principal o Estado do Pará, seguido do Espírito Santo. As exportações desta especiaria alcançaram, em 2014, o valor de US$ 8,00 o kg, com 35.000 toneladas enviadas aos EUA (principal importador), assim como Alemanha, Espanha, França e México, segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

As pimentas mais importadas, depois da pimenta-do-reino, são as pimentas para a fabricação de páprica (pimenta doce vermelha desidratada na forma de pó) para a Europa, e a do tipo “˜tabasco’ em forma de pasta para os EUA.

Existe uma variedade de usos e formas de consumo da pimenta - Crédito Raquel Neitzke
Existe uma variedade de usos e formas de consumo da pimenta – Crédito Raquel Neitzke

Universo de possibilidades

Existe uma variedade de usos e formas de consumo da pimenta, além de uma grande variedade de produtos e subprodutos, o que favorece a segmentação e diversificação do mercado.

O consumo in natura corresponde, geralmente, a pequenas porções, sendo fortemente influenciado pelos hábitos alimentares de cada região e são parte importante de vários pratos tradicionais.

Os estados da região sul são provavelmente os que menos consomem pimentas in natura no País, havendo uma preferência pelas formas processadas, como molhos, conservas e pimentas desidratadas.

Foto  Ilustração

Na região sudeste consome-se principalmente a pimenta doce do tipo americana, pimenta “˜cambuci’, “˜malagueta’ e “˜cumari vermelha’. Na região nordeste, predominam as pimentas “˜malagueta’ e “˜de cheiro’. Na região norte, as pimentas mais apreciadas são a “˜murupi’, “˜cumarido Pará’ e a “˜de cheiro’; na região centro-oeste, tradicionalmente são cultivadas e consumidas as pimentas “˜bode’, “˜malagueta’, “˜cumarido Pará’, “˜dedo de moça’, e mais recentemente a “˜de cheiro’, anteriormente importada do Pará e atualmente já cultivada em Goiás.

Essa é parte da matéria de capa da revista Campo & Negócios Hortifrúti, edição de Julho 2017. Adquira a sua para leitura completa.

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