Dirceu Pratissoli
Doutor, professor e diretor do Nudemafi e do CCAE ““ Centro deCiências Agrária e Engenharias/UFES
A Tuta absoluta, vulgarmente designada por traça-do-tomateiro, é uma pequena borboleta, oriunda da América Latina, estando presente também na Argentina, BolÃvia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, e Venezuela.
Foi detectada pela primeira vez no Continente Europeu na Comunidade Autónoma de Valência (Espanha), na Primavera de 2007 e posteriormente, em 2008, na Itália. A Tuta rapidamente se expandiu em toda a Espanha, tendo sido já detectada na França, Argélia, TunÃsia, Marrocos, Malta, Grécia e LÃbia.
Essa praga tem como principal hospedeiro o tomateiro, podendo causar perdas de produção de 50 a 100%. Pode também atacar a cultura da batata e a berinjela, assim como outras plantas da família das Solanáceas.
Os ovos são colocados preferencialmente nos folÃolos, porém podem ser encontrados nas hastes, flores e frutos. A fase de lagarta é a que tem a capacidade de causar danos.
Danos
Os danos podem ser de característica quantitativa ou qualitativa. Nos folÃolos elas penetram no interior da folha (parênquima foliar), onde passam a se alimentar destruindo grandes áreas dos tecidos, as quais denominamos de minas.
Esse dano irá interferir na taxa fotossintética da planta, atrasando o desenvolvimento da planta. Nos ponteiros dos tomateiros, que chamamos de gema apical, as lagartas penetram abrindo um caminho, de cima para baixo, o qual denominamos de galerias. Esse tipo de ataque proporciona a morte da gema, impedindo assim a formação de novos cachos de frutos.
Nos frutos as lagartas também fazem galerias quando penetram na polpa do fruto. Essa perfuração da polpa torna os frutos impróprios para a comercialização.
Condições propÃcias para o ataque
A proliferação dessa praga tem sido favorecida por períodos de baixa precipitação com temperaturas elevadas e veranicos, na época chuvosa.
Trichogramma pretiosum
O emprego de Trichogramma como um agente de controle biológico se deve a dois fatores – o primeiro está relacionado ao fato de espécies deste gênero terem uma ampla distribuição geográfica; o segundo é devido aos aprimoramentos tecnológicos desenvolvidos nas mais diversas linhas de pesquisas, propiciando uma melhoria na produção massal e nos sistemas de liberação deste parasitoide.
O sucesso no uso desse parasitoide em diversas culturas está aliado ao problema de resistência de insetos aos inseticidas e aos desequilíbrios ecológicos que estão ocorrendo em todo o mundo. Esses fatos têm proporcionado o seu uso no manejo de 69 espécies de insetos-praga.
Em nossas pesquisas de manejo de pragas em tomateiro, temos empregado o Trichogramma contra a traça, mas também para todos os broqueadores de frutos do tomateiro. Nossos resultados são animadores, pois em um plantio convencional se faz de 32 a 34 aplicações de inseticidas; já no nosso sistema ocorreu uma redução no número de aplicação, quando utilizamos de duas a oito aplicações.
Quando aplicar
Nossa recomendação é que se inicie a liberação das vespas 15 dias após o transplantio, encerrando aos 100 dias de cultivo.Deve-se liberar 150.000 adultos por hectare, a cada três dias.
A forma de liberação pode ser muito simples (liberar os adultos que emergiram andando pelo campo), isto para pequenas áreas, ou formas mais sofisticadas (cápsulas, dronis, avião ou pivô central), quando são em áreas de grande extensão. No entanto, o fator de maior importância é fazer uma distribuição homogênea a campo.
Quanto custa?
O custo de aquisição e liberação durante uma safra é igual ou menor ao do uso de inseticida. Já a relação custo-benefÃcio é imensa, iniciando na redução do gasto com inseticidas, menor impacto no meio ambiente pelo menor uso de agrotóxicos, além da melhor qualidade de vida do agricultor, por manipular menos agrotóxicos.
O mais importante do uso de Trichogramma, no manejo de pragas é de onde irá adquirir o produto. Esta minha advertência vai para empresas não idôneas que entram nesse mercado e lesionam o nosso agricultor.