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Fertilizantes de liberação lenta reduzem perdas

Bruno Roberto Loman

Estagiário do Gape ““ ESALQ USP

Eduardo Zavaschi

Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas

 

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

Uma das tecnologias que busca a economia de recursos minerais e eficiência na adubação do solo é o uso de fertilizantes de liberação lenta, que tem como objetivo aumentar a eficiência dos adubos, diminuindo perdas.

Nitrogênio

O nitrogênio é um dos nutrientes mais exportados pela maioria das culturas, sendo que há necessidade de adequada adubação com o elemento para alcançar produção de alto nível.

A ureia é o fertilizante nitrogenado mais utilizado devido ao seu baixo custo por unidade de N em relação a outros fertilizantes do mercado. Apesar de sua ampla utilização, sabe-se que a ureia apresenta grandes perdas por volatilização de NH3, que variam de acordo com as condições em que o fertilizante se encontra, sendo que em condições favoráveis à volatilização, a perda pode chegar a 80% (MARTHA JR et al., 2004).

Fertilizantes de liberação lenta

As perdas por lixiviação de N oriundo da ureia não são significativas quando comparadas à perda por lixiviação. Assim é também para o potássio, pensando na sua alta mobilidade do solo, boro pelo deslocamento no perfil e fósforo pela alta fixação pelos óxidos.

Visando diminuir estas perdas e, consequentemente, aumentar a eficiência do fertilizante, foram desenvolvidas tecnologias como os fertilizantes de liberação lenta.

A Associação Americana de Autoridades de Controle de Alimentos para Plantas (AAPFCO) define os fertilizantes de liberação lenta como um adubo que contém um nutriente em forma que atrase sua disponibilidade após a aplicação no solo, ou que estenda sua disponibilidade para a planta significativamente quando comparado aos fertilizantes solúveis convencionais (TRENKEL, 2010).

As tecnologias em fertilizantes de liberação lenta que atualmente se encontram no mercado buscam a liberação gradual dos nutrientes por vários meios, como o uso de materiais de baixa solubilidade com estruturas complexas biodecompostas, materiais que agem como barreira física, ou seja, revestimento por materiais inorgânicos; com baixa área de contato, diminuindo a velocidade das reações, como super grânulos e organominerais (TRENKEL, 2010).

O resultado da técnica são povoamentos mais homogêneos - Crédito Ana Maria Diniz
O resultado da técnica são povoamentos mais homogêneos – Crédito Ana Maria Diniz

Experimentos

Trabalhos indicam que o uso de fertilizantes de liberação lenta permite redução de 20 a 30% do adubo recomendado normalmente para as culturas, mantendo-se a mesma produção (TRENKEL, 2010). Porém, na produção de eucalipto, esse decréscimo na utilização de fertilizantes não está consolidado, uma vez que o sistema radicular no sistema florestal é diferente, quando comparado às culturas anuais.

O uso dessa tecnologia pode reduzir a salinização do solo que causaria estresse osmótico e danos específicos para o eucalipto, dependendo do seu estádio. Este fato ocorre pela alta concentração de íons proporcionados pelas adubações com fertilizantes convencionais, quando aplicados em altas doses.

Além disso, os fertilizantes de liberação controlada podem aumentar a eficiência da absorção de nutrientes pela planta, uma vez que estes são liberados gradualmente. O uso de fertilizantes de liberação lenta pode também reduzir perdas por volatilização, lixiviação e consequentemente a poluição do meio ambiente (TRENKEL, 2010).

Recomendações

Em culturas perenes, como o eucalipto, a aplicação dos nutrientes pode ser feita com menor frequência quando usados fertilizantes de liberação lenta, resultando em menores custos operacionais, o que pode viabilizar o uso da tecnologia.

Por exemplo, em eucalipto, segundo Raijet al (1996), recomenda-se a adubação nitrogenada e potássica parcelada em quatro vezes, com uso de fertilizante solúvel convencional. Com a utilização de fertilizantes de liberação lenta, este manejo poderia ser feito em duas vezes. Existem poucos estudos com uso de fertilizantes de liberação controlada na cultura do eucalipto.

Custos

Os custos dos fertilizantes de liberação lenta variam sazonal e regionalmente. Lammel (2005) apresentou no IFA (Workshop Internacional de Fertilizantes de Eficiência Aumentada) o custo dos diferentes tipos de fertilizantes, e ressaltou que a aquisição de adubos de liberação lenta custa, em média, cinco vezes o valor dos convencionais.

Entretanto, quando ocorre aumento do preço de fertilizantes convencionais, diminui a lacuna entre o preço deste e do fertilizante de liberação lenta, tornando mais viável o seu uso. No caso do eucalipto, em que há várias aplicações de fertilizantes durante o seu ciclo, a utilização de fertilizantes de liberação lenta pode ser viável em função da diminuição das operações de adubação.

Gráfico - Fertilizantes de liberação lenta reduzem perdas

Figura 1. Comparação de preço de fertilizantes de liberação lenta e controlada com fertilizantes comuns (Adaptado de TRENKEL, 2010).

Em suma, o uso de fertilizantes de liberação lenta ainda necessita de mais estudos para comprovar a viabilidade do seu uso, ressaltando a importância das universidades e grupos que promovem a experimentação agrícola com imparcialidade.

Entretanto, tem-se perspectivas de uso desses fertilizantes por fatores ambientais, uma vez eles podem proporcionar a redução de doses contribuindo para a longevidade das matérias-primas.

Essa matéria você encontra na edição de Julho/Agosto 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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