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Os nutrientes e ácidos húmicos essenciais à cana

Sandro Roberto Brancalião

PhD. em Agronomia e pesquisador do IAC

brancaliao@iac.sp.gov.br

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A combinação de fertilizantes fluidos especiais para o tratamento nutricional da cana-de-açúcar tem sido apontada por pesquisadores como boa opção para quem busca agregar valor à produção. A tecnologia de fertilização fluida, que tem como base a combinação de nitrogênio, fósforo e potássio, tem crescido e apresentado bons resultados em áreas de cana-de-açúcar do interior do Estado de São Paulo.

Vantagens da fertilização fluida

A fertilização fluida traz a facilidade em sua aplicação e de acordo com as condições edafoclimáticas, conjuntamente com a adubação convencional, de solubilizar o fósforo do matiz (fração mineral) do solo, aumentando a CTC e promovendo um sinergismo entre os macro e micronutrientes do solo, disponibilizando-os paulatinamente para a cultura da cana.

A melhoria do fósforo lábil é condição ímpar para o desenvolvimento da soqueira da cana-de-açúcar.

Benefícios à cultura da cana

É muito prematuro falar em benefícios, já que nem todas as unidades de produção podem investir, haja vista a crise que se acumulou nos anos 2014 e 2015 no setor. Em contrapartida, é uma oportunidade de inovação, pois pode ser associada a técnicas tais como a melhoria da tecnologia e qualidade da aplicação, utilizando vazão adequada para fertilizantes, verificando seu grau de higroscopicidade, valores de pH de calda e oportunidade de mistura com outros produtos, especialmente na cana planta.

Aceitação

Existe muita relutância ainda quanto à aceitação da fertilização fluida pelos produtores, pois há dúvidas em relação ao manejo do fósforo em cana soqueira e após a primeira colheita da cana-planta. Sendo assim, o posicionamento do produtor,via de regra,continua com o convencional e nem sempre sabe o que realmente utiliza em carga líquida de vinhaça ou mesmo o seu correto aporte de torta de filtro.

Esta condição vai ser alterada à medida que evoluirmos na qualidade de plantio, fitotecnia e manejo da nutrição, conjuntamente.

 Sandro Roberto Brancalião, PhD. em Agronomia e pesquisador do IAC - Crédito Arquivo pessoal
Sandro Roberto Brancalião, PhD. em Agronomia e pesquisador do IAC – Crédito Arquivo pessoal

Dicas importantes

Para uma boa aplicação da fertilização fluida deve-se considerar e contar com pulverizadores e equipamento com manutenção adequada, bicos, barras tanques bem lavados, utilizar pulverizadores específicos para fertilizantes, bem como contar com um bom treinamento do operador e acompanhamento de perto do técnico e/ou produtor.

Custo-benefício

A técnica apresenta bom benefício para a saúde do solo e da cana, no entanto, existem poucos resultados de pesquisa que podem dar este indicador, sem considerar outros parâmetros do sistema de produção: tais como idade da planta, solo livre de compactação, manejo correto de plantas daninhas, matocompetição, áreas livres de pragas (cigarrinhas, brocas, migdoulos, etc.), e com certeza sem estresses abióticos, pois em se tratando de uma aplicação fluida, não teríamos como comparar com as aplicações sólidas, a não ser que houvesse uma ótima precipitação na sequência da aplicação.

É interessante ressaltar que em solos com alto teor de argila é difícil se obter respostas imediatas com a aplicação de ácidos húmicos. Entretanto, nutrientes básicos no manejo da nutrição, bem como o uso de fertilizantes nos sulcos, podem ser agregados ao sistema de produção.

Já em ambientes mais restritivos, em solos arenosos, precisa-se valorizar e estudar os teores de carbono orgânico total e tentar, num primeiro momento, construir a fertilidade do solo de outra forma, além de eliminar a compactação e valorizar a melhoria dos atributos físicos e químicos.

Após edificado este conjunto de etapas preliminares, poderemos fazer uso da fertilização fluida.Sendo assim,na maioria dos meus trabalhos,inicialmente procuro posicionar a técnica em solos de textura média para obter um ponto médio que sirva de parâmetro para o benefício ao solo e uma resposta adequada da planta aos produtos comerciais e fertilizantes fluidos estudados.

Eu, como pesquisador, e O IAC, não recomendamos fertilizantes fluídos para neutralização da acidez. Não acreditamos nesta ferramenta para eliminar o alumínio tóxico, íons H+ou para elevar o pH do solo. Portanto, apenas estuda-se a fertilização fluida para fornecimento de nutrientes.

Acredita-se no uso e na reatividade de um calcário em pó com bom filler e aplicado em condições adequadas como medida prática eficiente para minimizar a deriva, corrigindo assim o V% dos nossos solos tropicais.

Essa matéria você encontra na edição de Agosto 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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