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Irrigação e novas tecnologias para driblar a seca

Irrigação de alho via pivô central
Irrigação de alho via pivô central  Crédito da foto: Marco Lucini

Segundo o anuário brasileiro de hortaliças 2013, a área plantada de hortaliças no Brasil supera 800 mil hectares, com uma produção, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 25 milhões de toneladas. Foram movimentados R$ 25 bilhões no país, envolvendo mais de 7,3 milhões de pessoas.

As principais culturas em destaque na produção são: alho, batata, batata-doce, cebola, cenoura, folhosas (alface) e mandioca, materiais dependentes de irrigação pelo menos em uma fase de produção.

De acordo com Lauro Luis Petrazzini, doutor em Fitotecnia, sócio-diretor da Agropecuária Petrazzini e professor de Agronomia da Universidade de Cuiabá (UNIC), as brássicas são as hortaliças mais atingidas, especialmente repolho, couve-flor e brócolis, que devem ser cultivadas com 100% da água disponível do solo. “Porém, é necessário manter um mínimo de 60% de água disponível para as principais culturas (alface, tomate, pimentão e batata), para possibilitar um bom desenvolvimento do sistema radicular“, expõe.

Sem chuvas, há menor desenvolvimento de caules, folhas, flores e raízes. A planta pode não completar o ciclo reprodutivo, abortando inflorescência (couve-flor) e não formando cabeça comercial (repolho e alface americana), com menor produção de raízes tuberosas e frutos (tomates e abóboras).

 

Cinturão Verde sente os efeitos da seca

 

Segundo Renato Alves Pereira, engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) de Mogi das Cruzes, região que atinge 13 municípios e é um dos principais polos de abastecimento de hortifrutigranjeiros da Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), a situação é tão complicada no Cinturão Verde daquele estado que não é possível apontar os prejuízos apenas de uma cultura. “Em todas as atividades a situação é crítica, porque a agricultura é extremamente dependente da água. O gado está um pouco sem água; na parte de olericultura e de floricultura, o clima quente vem queimando as plantas, sendo que também há falta de água nas propriedades; os frutos não cresceram e certas plantas tiveram o amadurecimento forçado“, analisa.

Renato conta que, para tentar salvar a produção, os agricultores da região têm tido que irrigar mais. O problema é que não há água suficiente para isso, o que faz com que os produtores busquem alternativas que nem sempre são as melhores. “Ouvi um relato de um agricultor que estava sem água. Ele teve de buscar em um rio próximo, mas a água não é tratada. A irrigação das plantas com essa água que não é tratada traz fungos e microrganismos, ou seja, é prejuízo“, alarma.

Caso as chuvas não ocorram nos próximos dias, os prejuízos poderão ser ainda maiores. “Se a situação continuar, vamos ter perda de produção; não tendo a produção, não há renda; e sem renda não é possível pagar os compromissos financeiros. Vamos ter uma crise“, prevê. “Confesso que nunca vi uma seca dessa“, complementa.

 

Garantia de produção

 

Para Adriano Edson Trevizan Delazeri, consultor da Hidroponic Consultoria em Hidroponia, entre as técnicas que o produtor pode adotar para irrigar com menos água está a cobertura do solo com palhada seca ou plástico, o que diminui bastante a evaporação.

“Materiais que o produtor encontra na região, como a casca de arroz ou a palha de milho picada, têm um preço baixo e promovem excelentes resultados. Os condicionadores de solo, como a perlita ou um gel misturado ao solo, também são interessantes. No caso da perlita, pode-se empregar 20 litros por metro quadrado ou gel de 10 a 20g/m². Ao utilizar um gel ou a perlita, e sobre o solo a colocação da palhada, pode-se diminuir em muito a aplicação de água“, esclarece o profissional.

Outra dica dada por ele se refere à colocação do mulching, plástico que recobre o canteiro e facilita o preparo do cultivo, mas que exige a colocação de mangueiras de irrigação sob o plástico. As mangueiras de irrigação devem ser dimensionadas conforme o espaçamento da cultura, em que o volume de água aplicado também deve corresponder a uma norma técnica, pois, como a evaporação sobre o plástico é muito menor, a aplicação em excesso prejudica a cultura.

A proteção de plantas favorece a menor sazonalidade das culturas e os melhores preços, assim como garante a oferta de produtos o ano todo. “O futuro da olericultura em países tropicais está relacionado com a utilização de cultivo protegido, o aproveitamento da água e a possível redução no uso de produtos fitossanitários“, conclui Lauro Petrazzini.

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