Paulo Roberto de Camargo e Castro
Doutor em Agronomia e professor titular da ESALQ/USP
Bruno G. Angelini
Engenheiro agrônomo e Mestrando em Fisiologia e BioquÃmica de Plantas – ESALQ/USP
Alguns trabalhos apontam melhorias dos parâmetros de produção em várias espécies cultivadas tratadas com aminoácidos.Sob condições de campo, pesquisadores indianos avaliaram os efeitos de produtos à base de aminoácidos, em diferentes dosagens, na produtividade de camélia, espécie arbórea da qual são colhidas folhas para a produção de chás. A maior concentração, de 300 mL ha-1 proporcionou os maiores incrementos na produtividade foliar, levando a aumentos de 19,7%, 33,9% e 37,7%
O aplicação proporcionou acréscimos na quantidade de aminoácidos nas folhas, que ocorreu proporcionalmente ao aumento da dose testada. Além disso, muitas características organolépticas e outros atributos de qualidade (tais como coloração), também foram afetados positivamente, mas estas características variaram com a dose e os produtos utilizados.
Experimentos
Em um abrangente estudo, pesquisadores egÃpcios observaram que pessegueiros (Prunuspersica cv. Florida Prince) tratados com produto comercial contendo 85% de aminoácidos [16% na forma de L-aminoácidos livres (Pepton85/16)], apresentaram melhorias nos parâmetros quantitativos e qualitativos relacionados à produção.
O experimento foi conduzido durante dois anos e, dentre os tratamentos testados [1- controle; 2- irrigação a 0,25%; 3- pulverização foliar a 0,25%; 4- irrigação a 0,50%; 5- pulverização foliar a 0,50%; 6- irrigação a 0,25% + pulverização foliar 0,25% (T2+T3) e 7- irrigação a 0,50% + pulverização a 0,50% (T4+T5)], aqueles que utilizaram a aplicação foliar em conjunto com irrigação se destacaram, pois apresentaram os melhores e mais regulares resultados.
Foram observados incrementos significativos nas dimensões dos frutos [comprimento e largura (21,96 e 23,93%, respectivamente)] e, consequentemente, no volume (56,73%), peso (47,28%) e ainda na produtividade vegetal (47,68%).
Alterações na firmeza (pêssegos tornaram-se mais macios), conteúdo de sólidos solúveis totais (acréscimos de até 52,35%), acidez (redução de 37,5%) e no conteúdo total de antocianinas (incremento de 52,41%), também foram relatados.
No Nordeste do Brasil, pesquisas mostraram que a aplicação de produtos à base de aminoácidos aumentou o número de frutos por panÃcula nos estádios chumbinho e ovo (37 e 36%, respectivamente) de mangueira (Mangifera indica cv. Haden), após pulverizações foliares de solução contendo 0,1% do produto comercial.
Técnica
Visando minimizar o uso excessivo de biorreguladores utilizados na cultura da mangueira “˜Tommy Atkins’, aplicaram-se diferentes concentrações de aminoácidos, em três épocas distintas: na floração (panÃculas com 05 cm), na fase “chumbinho“ e em frutos com tamanho de ovo.
O produto comercial utilizado como fonte de aminoácido possui 20% de aminoácidos, 11% de nitrogênio e 15% de K2O. Foram avaliados quatro tratamentos: 0,06%, 0,04%, 0,02% do aminoácido, além do controle. Somente a dose de 0,06% apresentou aumento significativo no comprimento da panÃcula e, embora não tenha havido diferenças significativas entre os tratamentos para o número de frutos fixados, houve incrementos de até em 45,32% para este parâmetro, quando as plantas receberam pulverizações foliares na concentração de 0,06% de aminoácidos.
Considerou-se que os aminoácidos podem entrar na planta e compor uma reserva disponível para a produção de novas proteínas durante o crescimento da videira (Vitisvinifera). Notaram-se que cinco pulverizações, nos estádios de brotação, pré-floração, floração, frutificação e maturação dos cachos, com uma solução que contém 4,15 g L-1 de um conjunto de 20 aminoácidos, induzem o aumento no tamanho das bagas.
Também se verificou melhoria na qualidade para comercialização de cachos de das uvas “˜Benitaka’ após duas (neste caso, durante a brotação e pré-floração) ou cinco pulverizações com aminoácidos 4,15 g L-1, pois a uvas apresentaram coloração mais intensa (aumento da nota de 2,25 para 3,75, em média) e uniforme, assim como diminuição na acidez (23 a 26% em relação ao controle), com uma relação de sólidos totais e acidez titulável mais equilibrada.
Em Goiás, experimento testando duas fontes de nitrogênio (ureia e aminoácidos) e frequência de aplicação (0, 01, 03, 05, 07 e 09 vezes), durante o ciclo da cultura de pimentão, mostrou que a utilização de aminoácidos (2% de N em 200 L de calda ha-1) proporciona incrementos no comprimento e diâmetro dos frutos.
Pesquisa conduzida no Paquistão verificou que um produto composto por aminoácidos e extrato de algas (0,5 mL L-1 aplicado durante o florescimento, na fixação de frutos e um mês após esta etapa) aumentou o número de cachos (61%), o comprimento da ráquis (16%), o número de bagas por cacho (9%), assim como o tamanho das bagas (6%) e o peso de 100 bagas (17%) de uva “˜Perlette’, quando comparado ao controle.
Os aminoácidos e nutrientes foram aplicados quatro vezes: no início do crescimento, após a fixação dos frutos e mais duas vezes, em intervalos de 21 dias depois da segunda aplicação. Todos os tratamentos promoveram acréscimos significativos na produção (kg) por videira, peso da baga e do cacho e teor de açúcares totais, quando comparados ao controle. O teor de sólidos solúveis totais, assim como acidez, também foram influenciados positivamente pelos produtos aplicados.
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