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domingo, novembro 24, 2024
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Biotecnologia abre novos caminhos para a agricultura nacional

 

Palestras realizadas durante o XX CBSementes apontam aspectos regulatórios como gargalo para que as soluções cheguem até os agricultores

 

Uso de sementes próprias compromete lavoura Crédito Shutterstock
 Crédito Shutterstock

Já imaginou controlar uma planta daninha, ou a ação de um inseto ou fungo, com total especificidade, sem efeitos colaterais em nenhum organismo vivo do ambiente, que não seja o alvo? Técnicas de controle de pragas e doenças baseadas na interferência por RNA (RNAi) permitem essa precisão e podem ser uma alternativa ao controle químico.

Para o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Eduardo de Andrade, a segurança é uma das maiores vantagens dessa tecnologia. “É possível controlar apenas a espécie desejada sem afetar outras, principalmente as benéficas – como espécies que se comportam como inimigos naturais desta praga, ou mesmo polinizadores como abelhas e borboletas. Além disso, é possível realizar análises preliminares para saber se haverá risco de afetar espécies não-alvo“.

Outro aspecto positivo, abordado durante sua palestra no XX Congresso Brasileiro de Sementes, é a possibilidade de tratar mais de uma praga de forma simultânea, “mesmo se tratando de um inseto e um fungo, pode-se desenhar uma molécula de RNA que contenha a parte da sequência de um gene de um inseto e parte da sequência de um fungo, de modo a afetar estes dois organismos“, conclui.

Outra possibilidade de aplicação futura para a tecnologia é a criação de produtos comerciais que contenham as moléculas de dsRNA para serem utilizados via pulverização. Neste caso, o produtor poderia, por exemplo, aplicar na lavoura para “combater“ a resistência de determinada planta daninha aos herbicidas disponível. “Até algum tempo atrás, o custo de se produzir artificialmente grandes quantidades de dsRNA tornava a tecnologia inviável. Este gargalo aparentemente foi superado, e não acredito que o custo de produção será alto“.

Plantas melhradas a partir desta tecnologia j;a estão disponíveis no mercado. Recentemente foi aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia (CTNBio) para comercialização no Brasil, a primeira variedade de milho com resistência a insetos mediado por RNAi. A planta é resistente à larva-alfinete, inseto que não tem grande relevância nas lavouras brasileiras, mas provoca severos danos nos Estados Unidos, onde foi desenvolvida a variedade.

Vale ressaltar que ainda não existe uma regulamentação do governo brasileiro quanto ao uso de produtos comerciais contendo tecnologia RNAi. No caso de plantas transgênicas contendo a tecnologia, estas são regulamentadas pela CTNBio.

Tecnologia CRISPRsMelhoramento muito mais rápido e barato

O pesquisador da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, encerrou a programação desta segunda-feira com a palestra Novas Tecnologias de Melhoramento Genético, trazendo um panorama sobre a tecnologia CRISPR, suas possibilidades de aplicação e impacto para o mercado de sementes nacional.

Descoberta em 2012, a tecnologia CRISPR (do inglês Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats) é considerada revolucionária por permitir a manipulação de genes com maior precisão, rapidez e menor custo. Tornando possível, “olhar as estratégias e adaptações desenvolvidas pela natureza para que sejam utilizadas no desenvolvimento de plantas com características que sejam de nosso interesse“, explica.

Segundo o pesquisador, híbridos de milho com alto teor de amilopectina, gerados a partir de edição genômica, não foram considerados OGMs, já obtendo autorização para comercialização em países como Estados Unidos e Argentina. “Esse precedente pode influenciar os aspectos regulatórios que estão sendo definidos para essa tecnologia atualmente em vários países, inclusive o Brasil. O que deve levar à rápida introdução no mercado de plantas genomicamente editadas que não contém fragmentos de DNA de outras espécies e/ou grandes alterações na sequência de DNA endógena“.

O menor custo de produção e agilidade de comercialização poderia resultar na descentralização do mercado de sementes. “Ao reduzir o custo para o desenvolvimento de novas cultivares, a tecnologia permite a entrada de novos players no mercado“, conclui.

Para essa terça-feira, o XX CBSementes traz um painel completo sobre Vigor de Sementes e seus múltiplos aspectos; debate questões sanitárias envolvendo a movimentação internacional de sementes, com o pesquisador da Universidade de Iowa/ USA e ainda aborda a os avanços tecnológicos e Cloud Computer na cadeia sementeira. Acompanhe!

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