Técnicas alinhadas aos conhecimentos agronômicos e profissionalismo podem ser o diferencial entre as máximas e mÃnimas produtividades
A escolha do cultivar pode explicar até 50% da variação de produtividade da cultura. Entretanto, a escolha do híbrido é fator-chave de toda a produção, devendo estar alinhada aos conhecimentos agronômicos e aos fatores climáticos, sem os quais é difícil a obtenção dos resultados almejados.
De acordo com os pesquisadores Emerson Borghi e Israel Alexandre Pereira Filho, da Embrapa Milho e Sorgo, a semente é o principal insumo de uma lavoura e a escolha correta da semente deve merecer toda atenção do produtor que deseja ser bem-sucedido em seu empreendimento.
“O produtor sempre deve estar atento às características dos materiais mais adaptados às condições regionais, principalmente em relação ao potencial produtivo, estabilidade, resistência a doenças e adequação ao sistema de produção em uso e às condições edafoclimáticas. Estes são fatores-chave para que o material possa apresentar seu máximo potencial produtivo“, ressaltam.
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Escolha do híbridode milho de acordo com a região
O milho é uma cultura cujo ciclo completo é extremamente variável, dependendo do genótipo e das condições ambientais ocorridas durante suas fases de desenvolvimento. O principal fator que influencia o ciclo é a temperatura, pois suas etapas fenológicas são determinadas pelo número de horas de calor diário, expresso em graus dias.
Os graus dias ou soma térmica são variáveis de região para região – daà a importância de o produtor conhecer a cultivar de milho a ser semeada em sua propriedade.
Melhoramento genético
Com a evidente regionalização do cultivo de milho no Brasil, os programas de melhoramento vêm desenvolvendo híbridos adaptados a cada ambiente e cada vez mais responsivos ao uso de tecnologias. Isso, aliado a uma maior geração e difusão de informações de manejo e à constante incorporação de novas tecnologias, vem aumentando significativamente a produtividade da cultura no País.
A regionalização exige atenção do produtor quanto à classificação dos híbridos colocados no mercado anualmente, como hiperprecoce, superprecoce (soma térmica menor que 825 graus dias), precoce, semiprecoce (soma térmica entre 830 a 900 graus dias) e normal (acima de 900 graus dias).
O acúmulo de graus-dia leva em consideração a temperatura máxima e mÃnima até o início do florescimento masculino. Este acúmulo determina o ciclo entre a semeadura e a colheita. Assim, a depender da época de cultivo, as cultivares podem ter ciclos diferentes em função da época escolhida para o semeio.
Em áreas geográficas extensas, a avaliação regionalizada de genótipos de milho nos períodos de safra e segunda safra permite conhecer melhor os ambientes onde cada genótipo se sobressai e comparar suas vantagens e limitações nas diferentes regiões.
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Precocidade
A precocidade é uma característica que tem se tornando fundamental em qualquer híbrido de milho com alto desempenho, devido à necessidade de antecipação da janela de semeadura.
Nas regiões sul e sudeste, nos cultivos de verão, a precocidade tem sido importante para fugir dos veranicos de dezembro-janeiro e/ou viabilizar uma segunda safra, além de se precaver contra as geadas na safra de inverno.
Já no cultivo após a soja, a precocidade no milho é importante para que a cultura consiga aproveitar o final do período chuvoso principalmente nas fases mais crÃticas de absorção de água pela planta. Assim, a precocidade é essencial para garantir o potencial produtivo do híbrido e colocar esta cultura dentro de um cenário estratégico na produção de grãos no País.
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Avanços
Os avanços tecnológicos envolvem, além do potencial genético, altas produtividades. Graças aos avanços genéticos, temos disponíveis cultivares mais responsivas, a incorporação de características como resistência a doenças, insetos, assim como às moléculas de herbicidas como glifosato e glufosinato, para o controle eficiente de plantas daninhas.
Os pesquisadores chamam a atenção para que o agricultor possa planejar a escolha da cultivar em função não só das expectativas climáticas. As possibilidades são muitas, e o produtor deve sempre analisar, por meio do monitoramento constante, quais são as limitações da área (por isso o histórico de plantas daninhas, pragas, doenças e fertilidade de solo são tão importantes) para que ele possa escolher, dentre tantas opções, aquela que melhor se adapta à sua realidade regional.
Custos
Emerson e Israel relatam que um dos critérios para escolha da cultivar é decorrente do preço da semente. “Em função da “tecnologia embarcada“ na semente, o custo deste insumo é significativo. O Circuito Tecnológico do Milho, realizado pela Aprosoja em parceria com a Embrapa, demonstrou que o custo médio do saco de semente na safrinha de 2016 ficou em R$ 324,72, sendo variável em razão do material semeado e da tecnologia transgênica disponível. Assim como nas demais regiões, a semente impacta consideravelmente no custo de produção, portanto, a escolha correta da cultivar deve merecer toda atenção do produtor que pretende ser bem-sucedido em seu empreendimento“, alertam os pesquisadores.
O custo de uma semente varia normalmente em função do seu potencial produtivo (HS > HT > HD >variedade), dos eventos transgênicos introgredidos e de região para região.
Alerta
Sementes advindas de empresas idôneas, licenciadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) devem ser priorizadas pelo produtor, pois são obrigadas a fornecer alto poder de germinação e vigor. Caso isso não ocorra, basta o produtor procurar o consultor técnico de vendas que lhe atendeu para que a troca ocorra imediatamente.
Sementes de empresas não licenciadas, muitas vezes adquiridas a um preço muito abaixo do praticado no mercado da região, podem trazer sérios prejuízos ao produtor. Estas empresas, por trabalharem na clandestinidade, não garantem sementes com o mesmo potencial de germinação e vigor.
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Muito cuidado
Além da escolha do híbrido mais adequado, os pesquisadores da Embrapa alertam que o produtor não deve abrir mão do refúgio, caso opte por semear algum material com tecnologia transgênica resistente a insetos-praga. É necessário plantar o refúgio para manter a população de pragas sensÃveis à toxina Bt, preservando a eficiência desta tecnologia.
O refúgio, quando feito de maneira correta e seguindo as orientações técnicas, ajuda a preservar a tecnologia e, desta maneira, tende a reduzir a aplicação de inseticidas em milho Bt. Levantamentos realizados em 2015, 2016 e 2017 pela Aprosoja e Embrapa no Estado do Mato Grosso apontaram que os produtores aderiram ao uso do refúgio no Estado, porém, em sua maioria ele não é implantado da maneira recomendada.
Incertezas
O cenário econômico para o milho é sempre repleto de incertezas. Sendo assim, Israel e Emerson chamam a atenção que a principal orientação para o produtor que irá plantar milho (seja ele safra de verão ou safrinha) é planejamento e monitoramento.
Por isso, o produtor precisa ser assertivo nas suas escolhas para conseguir economizar o possível, buscando colher o máximo. Assim, além da escolha das cultivares, é sempre importante atentar para os seguintes detalhes:
ðTratamento de sementes: tecnologia importante para se conseguir o estande ideal de plantas, mas que muitas vezes é realizado na propriedade sem muita eficiência, em função de o produtor não dispor de equipamentos adequados para a operação, podendo refletir na produtividade em função do ataque de pragas como a cigarrinha (Dalbulus maidis), que neste ano causou prejuízos significativos em muitas regiões produtoras.
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Escolha da área e época de semeadura
Em função da restrição hÃdrica caraterÃstica do final do período de verão e início do outono, o potencial produtivo de milho na safrinha é menor que o cultivo de milho no verão. Para otimizar o uso de insumos (reduzindo os custos de produção) e buscar minimizar os efeitos de uma eventual restrição hÃdrica, o produtor deve, primeiramente,selecionar as glebas com melhor histórico de fertilidade e, consequentemente, de produtividade.
Quando o produtor faz a semeadura sem levar em consideração este fator, as áreas de menor potencial de produção diminuem consideravelmente a lucratividade, pois o resultado positivo obtido nas áreas de maior potencial acaba “pagando“ o prejuízo que pode advir das áreas com restrição.
Seguindo essa estratégia de seleção de áreas, mesmo semeando uma área menor, o produtor tem mais chance de sucesso na safrinha, além de otimizar o uso de insumos. Conciliando menores custos, sem perdas relevantes de produtividade, com o maior faturamento decorrente dos altos preços, o produtor poderá maximizar seus lucros.
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Dicas importantes
Outro critério muito importante para o sucesso no milho (principalmente o safrinha), mas negligenciado pelos produtores, é o dimensionamento da área de plantio em função da capacidade operacional, ou seja, o tamanho da área em relação às máquinas e implementos disponíveis para todas as operações mecanizadas, de modo que a semeadura do milho ocorra dentro da janela de plantio recomendada pelo risco climático da região.
Em muitas regiões produtoras a janela para o plantio da safrinha é curta e, com o milho com boas perspectivas de preço no mercado futuro, o produtor resolve plantar a maior área possível. Porém, se o maquinário disponível para o plantio for insuficiente para atender a janela ideal de cultivo em função da área a ser semeada, o produtor adota a estratégia de aumentar a velocidade de trabalho, tanto das semeadoras quanto dos pulverizadores.
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Distribuição de plantas
O sucesso da produtividade de milho não está somente na garantia do estande e do espaçamento entrelinhas, mas também na distribuição longitudinal de plantas. A presença de falhas ao longo da linha de semeadura indica a diminuição do estande, ao mesmo tempo em que a presença de plantas muito próximas também pode ocasionar redução na produtividade em função da competição que poderá existir pelos recursos disponíveis (água, luz e nutrientes).
A distribuição espacial de plantas é importante, pois possibilita estabelecer arranjos espaciais equidistantes entre as plantas na área que permitem maior aproveitamento dos recursos naturais, possibilitando a expressão do máximo potencial produtivo das plantas.
Esta distribuição não remete apenas ao número de plantas por unidade de área (hectare), mas sim à distribuição espacial tanto na linha quanto na entrelinha. Quanto mais equidistante, mais a planta pode aproveitar a luminosidade, além de reduzir a competição por água e nutrientes do solo.
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Adubação
Como a adubação do milho é baseada na expectativa de produtividade, geralmente no milho safrinha o investimento é menor. A melhor estratégia é sempre realizar a adubação seguindo a análise de solo, a produtividade esperada (o produtor consegue com o histórico dos anos anteriores) e a premissa mais importante: adotar o critério de utilizar a fonte certa, na dose recomendada, na época de maior exigência da planta e no local adequado (solo ou foliar, a lanço ou no sulco, a depender do nutriente e da dose).
A adubação a lanço, para otimizar o rendimento operacional no plantio, pode não ser a melhor estratégia em algumas situações, principalmente quando se refere à adubação fosfatada e em anos onde a chance de restrição hÃdrica tende a ser mais severa.
A adubação a lanço normalmente resulta em crescimento radicular mais superficial, predispondo as culturas a sofrerem antecipadamente o estresse durante os veranicos.O pesquisador Álvaro Resende, também da Embrapa Milho e Sorgo, alerta que o fornecimento de nutrientes deve ser dimensionado a partir dos requerimentos de todas as culturas que compõem o sistema em rotação ou sucessão.
Assim, toda vez que o agricultor aduba o milho com quantidades abaixo das necessárias para repor o que é exportado na colheita, há um empobrecimento das reservas de nutrientes disponíveis no ambiente solo + palhada.
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Manejo de plantas daninhas, pragas e doenças
Normalmente, os tratos culturais são semelhantes para o milho verão ou em safrinha. Com o advento das tecnologias RR, tornou-se comum o semeio do milho tolerante ao glifosato em sucessão à soja RR.
Este fato fez com que os produtores passassem a utilizar ainda mais o glifosato em suas lavouras, podendo ocasionar o aumento na pressão de seleção de espécies tolerantes e biótipos resistentes a este herbicida em suas lavouras. Além do aumento da pressão de seleção, o produtor passa a ter que se preocupar com o manejo das plantas voluntárias de soja e milho tolerantes ao glifosato em suas lavouras.
“Além da rotação de tecnologias na semente, o produtor deve atentar para a rotação de tecnologias e/ou de ingredientes ativos, pois a resistência de plantas daninhas a alguns herbicidas vem se tornando cada vez mais frequente. Para reduzir esses problemas, seria interessante, por exemplo, se o produtor semeou a soja RR no talhão, ele pode optar por um híbrido de milho que não apresente esta tecnologia“, explica Álvaro Resende.