Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo, Msc. e doutorando em Agronomia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia ““ UFU
Paulo Victor de Oliveira Realino
Engenheiro agrônomo
A produção de grãos tem caminhado principalmente para o ajuste fino, ou seja, detalhes de manejo. Para atingir patamares maiores de produtividade das culturas, materiais genéticos mais produtivos, tecnologias de nutrição e fisiologia de plantas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças têm que fazer parte das atuais atividades agrícolas.
Uma tecnologia importante que vem sendo empregada por agricultores, que auxilia no manejo e atua em conjunto com os nutrientes para maximizar o potencial genético das culturas é a suplementação das plantas com aminoácidos.
Quem são eles
Os aminoácidos são compostos orgânicos biologicamente ativos provenientes do metabolismo de nitrogênio, que é o elemento mais exigido pela maioria das culturas. São unidades formadoras dos peptÃdeos, proteínas e precursores de outras moléculas, como hormônios, coenzimas, nucleotÃdeos e polímeros de paredes celulares. Dentre os benefícios da aplicação exógena dos aminoácidos, destacam-se:
ðProporcionam economia de energia para as plantas;
ðAtuam na síntese da clorofila, tornando a fotossíntese das plantas muito mais eficiente e aumentando a reserva de carboidratos disponíveis aos diversos processos metabólicos;
ðAtrasam o envelhecimento das folhas, neutralizando radicais livres;
ðReduzem a fitotoxicidade de determinados defensivos agrícolas;
ðPromovem maior tolerância das plantas às doenças (função imunológica);
ðAumentam a absorção e a translocação dos nutrientes para as plantas;
ðApresentam ação direta no transporte de nutrientes através do floema;
ðSão precursores de hormônios vegetais que atuam no crescimento de desenvolvimento das plantas;
ðPromovem maior tolerância das plantas ao estresse biótico e abiótico.
A clorofila
As clorofilas são pigmentos verdes especializados em absorver luz, fundamentais no processo de fotossíntese e geração de energia para o crescimento, desenvolvimento e metabolismo das plantas.
Sua produção envolve várias etapas e depende de fatores internos e externos. Basicamente, as plantas utilizam moléculas simples para montagem de moléculas complexas e, nesse caso, o aminoácido glutamina é o composto a partir do qual serão formadas as clorofilas.
No cultivo de grãos, as plantas daninhas constituem um sério problema e o controle químico é o principal método utilizado nas lavouras brasileiras. Os herbicidas podem apresentar efeitos não apenas sobre o controle de plantas daninhas, mas também sobre o metabolismo e a fisiologia das plantas não-alvos do controle, provocando fitotoxicidade à cultura, com a manifestação de sintomas como: lentidão na emergência, engrossamento de raízes, redução do porte, clorose, despigmentação, necrose e deformação das folhas, com possibilidade de morte das plantas e comprometimento da produtividade.
Alternativa
Como alternativa para reduzir esses efeitos negativos da aplicação de herbicidas, uma prática que tem sido difundida é a aplicação de fertilizantes foliares que apresentem em suas formulações substâncias que possuam efeitos atenuadores do estresse de plantas, como aminoácidos, vitaminas, hormônios vegetais e outros compostos orgânicos biologicamente ativos que farão as plantas se recuperarem mais rapidamente.
Estudos
Para estudar a ação de quatro diferentes fertilizantes foliares na recuperação de plantas submetidas a estresse intencionalmente causado por herbicida à base de lactofen na cultura da soja, um experimento foi conduzido na safra 2015/16 na cidade de Uberlândia (MG).
A cultivar de soja SYN 1163 RR foi semeada no sistema de plantio convencional, com espaçamento de 0,5 m entrelinhas e densidade populacional de 18 plantas por metro linear e a emergência das plântulas ocorreu sete dias após a semeadura.
O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com cinco tratamentos: 1) apenas lactofen a 750 L ha-1; 2) lactofen a 750 L ha-1 + foliar 1 a 2,0 L ha-1; 3) lactofen a 750 L ha-1 + foliar 2 a 2,0 L ha-1; 4) lactofen a 750 L ha-1 + foliar 3 a 0,5 L ha-1 e 5) lactofen a 750 L ha-1 + foliar 3 a 1,0 L ha-1 e quatro repetições. As parcelas experimentais foram compostas por seis linhas de cultivo com 5,0 m de comprimento cada, totalizando uma área de 15 m².