Enivaldo Marinho Pereira, mais conhecido pelo apelido de “˜Pioi’, é técnico agrícola e produtor rural nos municípios de Carmo do ParanaÃba e Rio ParanaÃba (MG). Ele planta café na Fazenda Cruzeiro e no SÃtio Toca da Raposa, e atualmente tem 150 hectares em produção, com média de 35 sc/ha em sequeiro.
Segundo ele, de dois anos para cá a broca-do-café diminuiu 20% do volume final dos grãos de sua lavoura. “Com a broca temos duas perdas – 10% do grão em si e 10% na comercialização.Vendendo a saca a R$ 450,00, nossa margem de lucro ainda não é negativa, mas com o frequente aumento do custo de mão de obra e do controle da praga, se não subir o preço da saca e a infestação aumentar, em breve nossa margem ficará negativa“, assusta-se o produtor, que para produzir um hectare de café tem um custo de 25 sacas.
O Endosulfan foi proibido em 2013, mas em 2014 muitos produtores ainda tinham estoque para fazer o controle, que segurou a praga. Em 2015 apareceram pequenos focos na cultura. Já em 2016, o produto que veio para substituir o anterior chegou com o preço muito alto, fazendo alguns agricultores adotarem medidas paliativas, o que resultou em severos ataques de broca na lavoura. Neste ano já se soube de casos de fazendas com lotes com alta porcentagem de ataque, o que está acontecendo em toda a região do Cerrado.
“Isso nos assusta muito, porque se nenhuma medida for tomada, em 2018 o problema será maior ainda“, diz Pioi.
Custo nas alturas
O Endosulfan ficava por R$30,00 o litro, e Pioi usava duas aplicações de 1,5 litro, no total de R$ 90,00 o tratamento. Agora ele tem que pagar mais de R$ 1.000,00 por tratamento/ha.
“Muitas vezes a broca abre a porta para o bicho-mineiro, causando muitos problemas. Por isso não podemos controlar um e esquecer o outro. Estão vindo mais produtos para o mercado para controlar a broca, mas todos muito caros, o que para muitos cafeicultores é inviável“, lamenta o cafeicultor.
O que fazer?
Vale lembrar que em lavouras novas o ataque da broca é menor, pois a prevenção é o primeiro passo, sendo que a broca permanece na lavoura principalmente em frutos da safra anterior por vários meses. “A colheita, principalmente, tem que ser bem feita, com um repasse impecável. Isso porque a broca transita de um fruto para o outro em um prazo de três meses, o que é um grande problema“, pontua Pioi.
O vazio sanitário, pensado para controlar a praga como se faz com a ferrugem na soja, tem um custo muito alto para o cafeicultor. No caso dessa opção, ainda assim o produtor deve fazer uma colheita muito bem feita, que já é 50% do controle da broca.
Queda de qualidade e custo
Todos os cafés brocados são comercializados, mas precisam ser separados dos demais. Isso porque a saca do café brocado é R$ 50,00 mais barata, e não atende o mercado externo. Portanto, esses grãos só são vendidos para consumo interno.