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Medidas de controle das doenças do tomateiro

Ronaldo Machado Junior

Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)

ronaldo.juniior@ufv.br

Ronaldo Silva Gomes

Cleverson Freitas de Almeida

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Genética e melhoramento pela UFV

Rafael Henrique Fernandes

Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Fitotecnia pela UFV

 

Crédito Ana Maria Diniz
Crédito Ana Maria Diniz

O tomate (SolanumLycopersicum L.) é a segunda hortaliça mais importante em termos de produção, superada apenas pela batata (IBGE, 2016). O cultivo dessa olerícola possui elevada importância econômica em função do volume e valor de sua produção.

Estima-se que, em 2016, a produção brasileira de tomate tenha sido da ordem de 3,7 milhões de toneladas, em uma área de cerca de 77,89 mil hectares (IBGE, 2016). Dessa produção, cerca de 75% é destinada ao consumo in natura, enquanto que a parcela restante é direcionada ao processamento industrial para extração de polpa.

Doenças ““ o maior obstáculo

Várias doenças limitam a produção do tomate, sendo de origem bacteriana, fúngica, virótica ou ainda aquelas causadas por nematoides. No entanto, a maior parte das doenças encontradas nas lavouras de tomate são causadas por fungos.

No Brasil, a murcha-de-fusário, também conhecida por murcha vascular, consiste em um dos principais problemas fitossanitários da cultura. Essa doença é causada por variantes do fungo Fusariumoxysporum f. sp. lycopersici (FOL), que possui três raças fisiológicas, as quais diferem quanto à capacidade e severidade de infecção.

As raças 1 e 2, que causam a murcha-de-fusário, possuem ampla distribuição geográfica, sendo encontradas na maioria das regiões produtoras de tomate. Já a raça 3 deste fungo ainda tem distribuição limitada, segundo os levantamentos realizados até então. Embora tenha uma ocorrência mais restrita, esta última raça já é encontrada em diferentes países, como Estados Unidos, Austrália, Brasil, Nova Zelândia, Reino Unido, Venezuela e México.

No Brasil, a raça 3 foi descrita primeiramente afetando cultivos comerciais no Espírito Santo, e posteriormente no Rio de Janeiro. Recentemente, isolados da raça 3 também foram identificados nos Estados da Bahia e em Minas Gerais.

Mesmo com as limitações geográficas desta raça do patógeno, ela representa um grande risco ao cultivo do tomate no País, dada a escassez de cultivares resistentes adaptadas às regiões produtoras.

O manejo integrado tem se mostrado mais eficiente no controle de doenças do tomateiro - Crédito Clevison  Michelon
O manejo integrado tem se mostrado mais eficiente no controle de doenças do tomateiro – Crédito Clevison Michelon

Condições propícias para o ataque

O fungo causador da murcha-de-fusário é saprófita, ou seja, ele pode sobreviver em restos vegetais entre as estações de cultivo. Esse fungo possui ainda estruturas de resistência como os clamidósporos, as quais asseguram a sua sobrevivência por décadas no solo, mesmo sob condições adversas.

O desenvolvimento da murcha-de-fusário é favorecido por temperaturas amenas, situadas entre 21 e 33°C. Esse fungo tem um melhor desenvolvimento na temperatura de 28°C, embora desenvolva-se mais rápida e severamente entre 27 e 30ºC. Por outro lado, tem sido observado que a incidência dessa doença nas plantas é favorecida nas condições de maior acidez do solo, de deficiência hídrica e de nutrientes, especialmente o cálcio.

A infecção dessa doença ocorre frequentemente por meio das extremidades de raízes, em função da existência de aberturas naturais na parede celular nessa região da planta, ou por meio de ferimentos provocados pelo atrito das raízes com o solo. Em solos sob elevada infestação de nematoides, as raízes das plantas estão mais sujeitas a lesões provocadas por esses organismos, o que pode intensificar a severidade da doença.

Sintoma típico de murcha de fusariumde um lado com amarelecimento e outro ainda verde - Crédito Hélcio Costa
Sintoma típico de murcha de fusariumde um lado com amarelecimento e outro ainda verde – Crédito Hélcio Costa

Após a penetração, as hifas do fungo causador da murcha-de-fusário crescem em direção aos vasos do xilema e passam a se desenvolver no seu interior, colonizando as células. O processo de estabelecimento desse fungo inclui a produção de enzimas, toxinas e fatores de virulência, além da produção de esporos e distribuição sistêmica desse fungo na planta, através da corrente ascendente de seiva.

Com a evolução da colonização, esse fungo promove o bloqueio dos vasos infectados, limitando a passagem de água e elementos minerais para a parte aérea da planta, causando os sintomas da doença.

No entanto, tem sido observado que o sucesso ou não da penetração do fungo do fusário nas plantas depende do balanço entre os mecanismos de resistência do hospedeiro e de ataque do fungo.

Sintomas e prejuízos

A incidência da murcha-de-fusário pode ocorrer durante todo o ciclo do tomate, mas principalmente nas fases entre o florescimento e a colheita. As mudas de tomate infectadas por fusário geralmente manifestam um amarelecimento progressivo das folhas, o que pode culminar na morte das mudas.

Nas plantas adultas, os sintomas primários dessa doença são, em geral, observados nos folíolos mais jovens, compreendendo um leve clareamento das regiões entre as nervuras, seguido do murchamento das folhas mais velhas, da desfolha e necrose das folhas remanescentes.

Os prejuízos associados à incidência de fusário no tomateiro decorrem principalmente do comprometimento do desenvolvimento das plantas. Essa doença restringe importantes atividades fisiológicas, como a respiração e a atividade fotossintética, ocasionando a redução do potencial produtivo da cultura do tomate.

Por outro lado, a incidência da murcha-de-fusário resulta na depreciação dos frutos nessa cultura. As plantas infectadas por essa doença não conseguem completar o seu ciclo adequadamente, levando ao amadurecimento precoce dos frutos. Esses frutos, além de serem, em geral, bem menores, tendem a apresentar características impróprias de aspecto e sabor.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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