Talita de Santana Matos
Elisamara Caldeira do Nascimento
Doutoras em Agronomia ““ UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de Fruticultura da UFMT
A comercialização de baby leafno Brasil vem crescendo e se diversificando, com notória demonstração de demanda em função do surgimento de nichos que se demonstram dinâmicos, com constante busca por este mercado de hortaliças gourmet.
Essa nova tendência tem atraÃdo a atenção não só de consumidores e produtores, como também de chefs de restaurantes, buffets e hotéis, principalmente aqueles especializados em culinária de alto valor agregado, que requisitam pesquisas constantes para a inserção de produtos e novidades na confecção de cardápios diferenciados.
Em específico, o conceito baby leaf integra não só beterraba, como também hortaliças como alface, agrião e rúcula, entre outras espécies, com folhas recentemente expandidas e colhidas precocemente em relação ao tempo em que tradicionalmente se costuma colher para consumo.
Por outro lado, empresas multinacionais ofertam sementes específicas de hortaliças para o cultivo de baby leaf. Estes vegetais caracterizam-se por sua qualidade organoléptica, orginalmente gerando plantas com folhas macias, saborosas e com diferentes cores e formatos, dependendo da espécie utilizada.
A introdução da beterraba na forma de baby leaf é promissora, por atender um mercado crescente e ávido pela aquisição de produtos de valor agregado superior, tornando-se, consequentemente, um investimento com um excelente custo-benefÃcio para o produtor e para os consumidores.
Fitossanidade
Em relação ao manejo fitossanitário, medidas como a higienização constante com peróxido de hidrogênio e dióxido de cloro, além de sistemas que garantam a qualidade da água, como o uso de lâmpadas ultravioletas e de ozonização garantirão o controle da principal doença na cultura da beterraba, a qual é denominada por cercosporiose, causada por CercosporabeticolaSacc.
Esta doença é responsável pela destruição total do limbo foliar no cultivo da beterraba voltada para a comercialização na forma de baby leaf. Ressalta-se que esta doença encontra condições favoráveis quando há alta umidade relativa do ar (acima de 90%) e sob temperatura entre 22ºC e 26ºC. Assim, o monitoramento microclimático é fundamental no processo.
Apesar do controle químico disponível, conter a cercosporiose com tais produtos torna-se inviável, dadas as características de comercialização das plantas. Assim, o uso da prevenção e de sementes de garantia são as melhores opções para o produtor.
Os sintomas caracterÃsticos da cercosporiose são observados nas folhas. Inicialmente são pontuações que evoluem do formato mais ou menos arredondado, centro claro e bordas com perÃmetro de coloração vermelho-púrpura. Àmedida que as lesões aumentam, se tornam com tonalidade acinzentada, porém, com a necrose o tecido lesionado cai e a folha torna-se perfurada.
O aumento do número de lesões e o crescimento da área induzem à senescência precoce e à redução significativa da área foliar.
Algumas práticas de controle podem ser adotadas para o manejo da cercosporiose. Por exemplo: o uso de sementes certificadas, porém, sem tratamentos com fungicidas, gerarão mudas sadias.
Outra alternativa é a regulação da adubação nitrogenada, associada ao efetivo controle da irrigação e drenagem da solução nutritiva, variáveis importantes para o controle desta doença.
Em função disto, o produtor deve focar na aquisição de sementes de hortaliças, em específico de beterraba, que lhe garantam uma qualidade superior e, caso seja possível, adquiri-las de empresas que tenham em seu portfólio sementes voltadas para a produção de baby leaf selecionadas com base no melhoramento da qualidade, precocidade, porte, assim como sabor, textura e aroma mais acentuados no período juvenil, além da resistência genética a doenças, uma vez que, num ciclo tão curto, quase que se impossibilita o uso de defensivos respeitando-se o período de carência.
Demanda brasileira
Vale ressaltar que o cultivo deste tipo de hortaliça vem conquistando uma legião de consumidores em países da Europa, nos Estados Unidos, no Japão, assim como no Brasil, que são meramente defensores do consumo de mix de saladas de baby leaf.
Por outro lado, a comercialização no Brasil é realizada na forma individualizada, com apenas uma espécie ou com um mix de poucas espécies com folhas de diferentes formatos, cores, texturas e sabores. Omix de folhas é o produto mais exigido no mercado, por possibilitar maior valor nutricional na alimentação dos consumidores, além de agradável aspecto visual.
De modo geral, a hortaliça produzida na forma de baby leaf apresenta preços mais altos de venda em comparação às suas versões tradicionais, ampliando a margem de lucro do produtor. Além disso, são menos suscetÃveis a oscilações de preços que as variedades tradicionais.
Porém, para o produtor, um grande desafio é a aquisição tanto em constância quanto em volume, de sementes e tratamentos fitossanitários.Geralmente estes produtos são comercializados em grandes redes de supermercados e nas boutiques de hortifrúti.
Destacam-se por sua vantagem no preparo, o que os confere uma praticidade inigualável. Em função disso, atualmente tais produtos tendem a serem comercializados higienizados e minimamente processados, conferindo-lhes características de produtos prontos para o consumo.
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