Adriano Guimarães Pereira
Engenheiro agrônomo especializado em Manejo e Conservação Pós-Colheita de Frutas e Verduras e representante comercial do setor fotovoltaico
A redução de 80% no preço do sistema fotovoltaico nos últimos 10 anos tem estimulado os produtores a investirem na tecnologia, diminuindo a conta de luz nas propriedades rurais.
A operação das câmaras frias, resfriadores e outros equipamentos, como hidroponia e irrigação, pode ser toda originada da energia solar, que além de sustentável pode gerar renda extra para os produtores, já que o excedente pode ser comercializado. Embora crescente nos últimos anos, os investimentos em energia fotovoltaica no meio rural ainda são incipientes.
O começo de tudo
O sistema de compensação solar no Brasil foi iniciado em 2012 pela resolução 482/2012. Nesses cinco anos que se passaram ocorreu uma redução de 30% no valor dos sistemas. O constante aumento das tarifas, devido à adoção de bandeiras tarifárias, a redução dos reservatórios de água que obrigam o acionamento de termoelétricas e a alta carga de impostos associadaà disseminação da “cultura solar“ são fatores que levaram à energia solar.
O setor rural demorou um pouco mais a assimilar a tecnologia da energia solar, principalmente por alcançar alguns benefícios tarifários (produtor rural, aquicultura e irrigantes), porém, com os insistentes aumentos, a mesma passou a ser bastante viável também no setor agrícola.
Como funciona
Ao contrário do que se pensa, a utilização da eletricidade solar não é novidade, sendo que o setor vem se desenvolvendo há mais de 30 anos em outros países. O princÃpio se baseia na utilização da radiação captada pelas placas solares, gerando uma corrente contÃnua. Essa corrente passa por um inversor, onde é transformada em corrente alternada, com as características da rede local.
A partir desse momento, a energia poderá ser utilizada pelos equipamentos da propriedade ou, caso não tenha consumo, ser injetada na rede da concessionária, gerando crédito ao produtor.
Em outro momento de demanda de energia, a concessionária “devolve“ a energia ao produtor, funcionando como se fosse uma bateria.
E agora?
O Brasil é, sem dúvida, um dos países com maior potencial de desenvolvimento desse setor, por três motivos principais, citados a seguir:
- Alto custo da energia no País;
- Matriz energética hidrelétrica cada vez mais comprometida, por dificuldade de reposição dos mananciais;
- Enorme disponibilidade de áreas com excelente insolação.
Benefícios da energia solar
Para a agricultura, a energia solar traz dois pontos importantes:
Ø Menor custo de produção, já que o produtor passará a ser gerador de sua própria energia, lembrando que o custo da energia é muito impactante em algumas atividades do agronegócio;
ØEm um futuro próximo, quando a matriz passar a ser mais impactante na matriz energética do País, poderemos pensar em uma maior economia de água nas hidrelétricas, logo, uma maior oferta de água para irrigação;
ØPara a humanidade, pensando em uma energia sustentável, o benefÃcio será impactante.
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Praticidade
O agricultor pode dimensionar seu equipamento para gerar 100% de sua necessidade, tendo ainda a opção de montagem em etapas, e também a possibilidade de aumento da estrutura conforme aumentar a demanda.
A tecnologia se mostra viável em qualquer parte da atividade que demande o uso de energia elétrica, que vai de uma pequena oficina no interior da propriedade a um moderno packing house ou algodoeira, que tem um enorme consumo de energia.
O excedente produzido poderá ser utilizado pelo produtor nos próximos cinco anos após a geração, sendo que a mesma ficará “guardada“ pela concessionária. Outra possibilidade é a utilização desse excedente em outra propriedade rural ou urbana, desde que a titularidade da conta seja a mesma.
Investimento necessário
O investimento na implantação da energia solar será proporcional ao consumo do produtor, ou seja, quanto maior o consumo, de maior porte será o equipamento. Na média, pode-se pensar em pay back em torno de seis anos, caso a tarifa do produtor seja beneficiada pela tarifa rural. Nas cidades (agroindústria), o payback gira entre dois e três anos.
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