Carla Verônica Corrêa
Doutoranda em Ciências Agronômicas pela UNESP ““ Botucatu
Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas pela UNESP ““ Botucatu
Nos últimos anos a aplicação de silício vem se tornando uma alternativa sustentável, com potencial para diminuir a necessidade de aplicação de tratamentos fitossanitários nas culturas e aumentar a produtividade.
Em solos com baixos teores de silício, a adubação com silicatos de cálcio e magnésio beneficiam as características químicas do solo, tais como pH, saturação por bases, fornecimento de cálcio e magnésio.
A utilização de fertilizantes silicatados aumenta a eficiência da adubação NPK, o que se deve ao fato dos adubos silicatados apresentarem propriedades de adsorção, permitindo, por exemplo, a liberação de fósforo, que antes se encontrava adsorvido.
Diversos estudos demonstram que a aplicação de silício reduz a transpiração devido ao acúmulo de sÃlica na folha, reduzindo a exigência de água pelas plantas e, desta forma, tornando-se mais tolerante a veranicos, mantendo o processo de crescimento por um período maior, em relação às plantas que não recebem silício.
Um aspecto importante atribuÃdo ao silício é a sua atuação na arquitetura das plantas, que favorece a fotossíntese ao proporcionar folhas mais eretas, permitindo maior penetração de luz solar e maior absorção de CO2, ocorrendo, assim, maior eficiência e incremento na taxa fotossintética, o que resulta em maior desenvolvimento da cultura.
Influência na vida útil pós-colheita dos bulbos
O silício aumenta o fortalecimento e a rigidez da parede celular, contribuindo para o enrijecimento da mesma, e assim tornando os bulbos mais resistentes às lesões pelo transporte, ataque de pragas e penetração de hifas de fungos.
Além disso, dependendo da fonte de silício empregada, podem-se fornecer nutrientes como o potássio, que atua na qualidade da cebola, com melhoria no sabor e cor, e de cálcio, que atua na manutenção da textura do bulbo.
Mais resistência da planta
O acúmulo de silício permite a formação de uma camada mais espessa, o que dificulta a penetração de hifas de fungos na epiderme das plantas, reduzindo a incidência de doenças.
Além disso, possibilita o aumento da produção de fitoalexinas, que são substâncias de defesa das plantas contra o ataque de patógenos. Essa mesma camada de silício contribui para a redução dos danos causados por pragas. Isso se deve ao fato do silício atuar como uma “lixa“, desgastando o aparelho bucal do inseto.
Aplicação
A aplicação do silício pode ser realizada antes mesmo da implantação da cultura. Como exemplo, tem-se o silicato de cálcio, que pode ser empregado como corretivo de acidez do solo. Assim, além do fornecimento de cálcio, também disponibiliza o silício.
Outra forma de aplicação é via foliar. Essa aplicação pode ser realizada junto com as pulverizações de outros produtos. No entanto, alguns resultados experimentais vêm mostrando que a aplicação via solo apresenta melhores resultados quando comparada à aplicação via foliar. Isso provavelmente se deve ao fato da planta ter a possibilidade de acumular esse elemento desde a fase inicial de seu desenvolvimento nas maiores concentrações de silício disponível.
A aplicação de silício via solo apresenta a vantagem de ser realizada uma única vez durante o ciclo da cultura. No Brasil, existem diversas marcas comerciais de produtos contendo silício para as plantas, sendo comercializados em mistura com outros nutrientes.
Deve-se ressaltar que a maioria dos produtos que são fontes de silício também apresentam em sua composição alguns nutrientes essenciais para as plantas, como o potássio. Assim, deve-se ter o cuidado de não realizar aplicações com altas concentrações, uma vez que dosagens excessivas poderão causar queimas nas folhas e desequilíbrio nutricional.
Dependendo do produto, pode ser recomendado em aplicações foliares com intervalos de aplicações de 10 a 15 dias. As concentrações a serem empregadas dependerão do produto empregado.
Erros
Nunca se deve esquecer de alguns pontos cruciais. O silício não atua como fungicida, mas aumenta a resistência das plantas aos fungos. Deve-se atentar que, junto com o silício, sempre há algum nutriente essencial à cultura, como potássio, cálcio e magnésio, que podem causar lesões às folhas e desequilíbrio nutricional, quando aplicado em altas concentrações.
Custo-benefÃcio da aplicação
Em geral, o custo com a aplicação de silício, seja via solo ou foliar, é baixo. No entanto, os benefícios, como redução da incidência de doenças, que contribui inclusive para o aumento da pós-colheita da cebola, da resistência às condições de estresses bióticos e abióticos, faz com que os benefícios sejam bem superiores aos custos.