Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia
Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
Daniel Lucas Magalhães Machado
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
danielmagalhaes_agro@yahoo.com.br
Os bulbos de cebola são consumidos pelo seu sabor, aroma e valor nutricional na dieta humana, principalmente pelas propriedades médicas importantes, prevenindo o envelhecimento e atuando no tratamento de doenças cardiovasculares, obesidade, colesterol, hipertensão, catarata e distúrbios do sistema digestivo. A ação bacteriostática é especialmente importante, pela eficácia específica contra Helicobacterpylori, uma bactéria que causa gastrite e aumenta o risco de câncer de estômago.
A cebola é rica em compostos que apresentam propriedades antioxidantes, em especial os compostos fenólicos, capazes de eliminar os radicais livres, protegendo contra a oxidação celular. As concentrações de tais componentes são influenciadas por fatores genéticos, condições ambientais e condições de manejo.
Dentre as práticas agrícolas, a fertilização consiste na fração mais cara, porém, de maior retorno econômico, resultando em maiores rendimentos e em produtos mais uniformes e de maior valor comercial.
Quanto aplicar de adubo?
A necessidade de fertilizantes é variável, de acordo com a necessidade de cada solo e suas disponibilidades de nutrientes, fatores econômicos da área, suprimento de umidade e cultivar. Independente das particularidades, a nutrição adequada é crucial para determinar o rendimento e a qualidade dos bulbos de cebola.
O potássio (K) é o segundo nutriente mais absorvido e exportado pela cebola.A necessidade de K para um ótimo crescimento é de cerca de 40 g/kg de matéria seca da parte vegetativa, sendo que a deficiência de potássio na planta de cebola é caracterizada por amarelecimento das folhas velhas, secamento da ponta foliar e reduzido crescimento do bulbo.
A aplicação de K deve estar em sintonia, em especial com os demais cátions, no intuito de permitir o fornecimento adequado de todos os nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas e estabelecimento do estande desejado.
O papel do potássio
Os possÃveis incrementos significativos em produtividade e qualidade com a adição de K, isolado ou em combinação com aminoácidos, está relacionado à gama de funções do nutriente: regulação de turgescência, metabolismo primário, alongamento celular, osmorregulação, ativação enzimática, transporte de solutos a longa distância, equilíbrio entre cátions e aníons, regulação citoplasmática do pH, síntese de proteínas e amido e, ainda, papel proeminente na resistência à seca, salinidade e alta luz ou frio.
O potássio também se relaciona com a síntese de compostos secundários que atuam como inibidores da ação e desenvolvimento dos fatores bióticos. Portanto, plantas nutridas adequadamente com K apresentam redução na incidência e severidade de doenças e pragas.
O potássio, por ser monovalente, apresenta elevadas perdas por lixiviação nos latossolos. A lixiviação do K, além de reduzir o lucro do produtor, acarreta contaminação dos lençóis freáticos. Se a taxa de aplicação de K for excedida ou não sincronizada com a demanda da cultura, em uma determinada dose o rendimento cai, pois o nutriente passa a ser muito excessivo e a eficiência de utilização diminuiu, aumentando os riscos de lixiviação de K.
Já foi relatado que 50% do fertilizante com K aplicado podem ser lixiviados abaixo de 0,6 m no perfil do solo, profundidade superior a capacidade de absorção pelo sistema radicular da cebola. Por isso, pulverizações foliares com fontes de K, em complementação a adubações de solo, tem se mostrado compensatórias, no entanto devem ocorrer pouco antes do enchimento dos bulbos, período de máxima demanda.
A grande demanda de K, em especial na bulbificação, se relaciona à redução do potencial osmótico, favorecendo a entrada de água e de fotoassimilados, contribuindo para o enchimento dos bulbos.
Alternativas
Em razão do crescente aumento nos custos da fertilização quÃmica e de seus impactos sobre o ambiente, buscam-se alternativas de fertilização que sejam mais econômicas, eficientes e sustentáveis. A incorporação de compostos orgânicos, fontes de aminoácidos, tem sido estimulada, sendo uma alternativa interessante para o desenvolvimento de culturas de alto valor nutricional, como a cebola.
Os aminoácidos podem ser considerados bioestimulantes pelo efeito positivo no desenvolvimento das plantas, como observado com a aplicação de ácidos húmicos, com aumento do crescimento das raízes e absorção de nutrientes como N, P e Zn; efeitos semelhantes à auxina, aumento da concentração de clorofila e fotossíntese. Com relação aos aspectos de qualidade, os compostos de ácidos húmicos podem alterar as concentrações de sólidos solúveis, açúcares, carboidratos e amido.