Dione Eliomar Resende Junior
Engenheiro agrônomo da Sekita Agronegócios
Em folhas, os sintomas da alternária se expressam por meio de lesões foliares necróticas, circulares ou não, pardo-escuras, com caracterÃsticos anéis concêntricos e bordos bem definidos. As lesões ocorrem isoladamente ou em grupos, podendo apresentar ou não halo clorótico.
Lesões em caules podem surgir em plantas adultas e caracterizam-se por serem marrom-escuras, alongadas, deprimidas, podendo ou não apresentar halos concêntricos. Em plantas jovens podem formar cancros no colo de plântulas, que culminam com o tombamento e morte destas.
A alta severidade do ataque desse fungo é caracterizada por intensa redução da área foliar, resultando em uma folha com aspecto de queimadura, queda do vigor das plantas, quebra de hastes, morte de plantas e consequente redução da produção e qualidade das raízes.
Condições para o ataque
De maneira geral, esta é uma doença tÃpica de primavera e verão, todavia, pode causar danos importantes em outonos e invernos atípicos. Os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas e evoluem posteriormente para as partes mais novas da planta.
A doença costuma apresentar alto poder destrutivo em condições de altas temperaturas e umidade. A ocorrência de epidemias severas da doença está sempre associada a temperaturas diárias de 25 a 32º C.
A literatura cita que as temperaturas mÃnimas, ótimas e máximas necessárias para a germinação dos conÃdios são as de05º -07º, 25º- 27º e 30º – 32ºC, respectivamente.
A umidade, fator importante na germinação de conÃdios, pode ser conferida pela chuva, água de irrigação ou orvalho. A presença de água livre na superfície foliar é fundamental para a germinação, infecção e esporulação do fungo.
De maneira geral, os maiores Ãndices de mancha de alternaria ocorrem em condições de 40% de umidade relativa durante o dia e 95% durante a noite. A esporulação abundante do fungo ocorre na faixa de 14 a 26ºC, com umidade relativa de 100% durante 24 horas.
Prevenção
Práticas que contribuem para a redução da umidade, período de molhamento foliar e maior circulação de ar entre plantas, tais como: evitar o plantio em áreas úmidas, distribuição uniforme de semente e eliminação de “pés de grade“, são estratégias que visam reduzir as condições favoráveis à A. dauci.
Sanidade, resistência e/ou tolerância a essa doença devem ser levados em consideração no momento da escolha das variedades a serem plantadas.
Realizar o manejo adequado de irrigações, com intervalos de aplicação e lâmina de água corretos, reduzem o período de molhamento foliar e contribuem para reduzir a severidade da doença. Também se recomenda realizar adubações nitrogenadas e potássicas com as folhas da cenoura secas, e assim evitar ferimentos, os quais podem se tornar porta de entrada para esta e outras doenças.
Além do cuidado na aplicação de adubos, também é necessário adotar um manejo equilibrado entre os nutrientes (N,P,K), dando atenção maior ao nitrogênio e levando em consideração a exigência nutricional de cada variedade.
É importante, também, a incorporação dos restos culturais logo após a colheita, para acelerar a decomposição do material doente, favorecendo a redução do potencial de inóculo na área.
A eliminação de plantas voluntárias, hospedeiros alternativos, restos culturais, bem como evitar novos plantios próximos a áreas em final de ciclo são medidas que visam diminuir as fontes de inóculo da doença e impedir a entrada da doença em novos cultivos.
Devido à capacidade deste fungo sobreviver em restos culturais, recomenda““se a prática de rotação de culturas por dois a três anos com gramÃneas (Brachiariaruziziensis e milheto), leguminosas (Crotalária spectabilis e ochroleuca) ou cereais (aveia preta), para que haja queda natural na população dos patógenos.
Além dessas práticas culturais, também se recomenda aplicar fungicidas preventivos e protetores à base de cobre, mancozeb, metiram eclorotalonil, que apresentam largo espectro de ação, baixa fitotoxicidade e conferem bons níveis de controle sob baixa pressão de doença.
São produtos de custo relativamente baixo, que podem ser aplicados em caráter preventivo durante todo o ciclo da cultura. O período de proteção na planta varia de cinco a sete dias, em média, sendo recomendados intervalos de aplicação de sete dias.
Aliado a este manejo fúngico está a aplicação de produtos biológicos à base dos microrganismos Bacillussubtilis e Trichoderma.
Controle químico
A aplicação de fungicidas com ação sistêmica confere elevados níveis de controle, mesmo sob condições crÃticas. Fungicidas à base de cresosim-metÃlico + boscalida, piraclostrobina + metiram, tebuconazol, difenoconazol, famoxadona + mancozebe, iprodiona, procimidona eprocloraz apresentam, em geral, rápida absorção e estão menos sujeitos à ação de intempéries, apresentando sistemicidade diferenciada em função do grupo químico a que pertencem.
O período de proteção na planta varia de seis a 14 dias, em média, sendo recomendados intervalos de aplicação de 14 dias.
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