João Eduardo Ribeiro da Silva
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia – ICIAG-UFU
Daniel Lucas Magalhães Machado
danielmagalhaes_agro@yahoo.com.br
Diego Tolentino de Lima
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia – ICIAG-UFU
A vida na Terra começa com a conversão da energia eletromagnética derivada do Sol (luz solar) em energia quÃmica, por meio da fotossíntese. Somente seres dotados de moléculas de clorofila, como as plantas, são capazes de realizar fotossíntese e fornecer alimento às demais espécies do planeta.
As plantas superiores apresentam respostas à luz quanto à qualidade, quantidade, direção e periodicidade. Durante a fotossíntese, algumas estruturas celulares estão envolvidas, como fotorreceptores clorofila e fitocromo, e moléculas associadas ao transporte de elétrons na membrana celular, como os citocromos.
Em termos de comprimentos de onda, a radiação solar ocupa a faixa espectral de 100 nm a 3.000 nm (03 μm), tendo uma máxima densidade espectral em torno dos 550 nm, comprimento de onda que corresponde sensivelmente à luz verde-amarelada.
A radiação situada na faixa da luz visÃvel contém comprimentos de onda que vão de 400 a 700 nm (entre a radiação infravermelha e a ultravioleta), sendo que existem dois fotossistemas nas plantas – oFotossistema I (FS I), que está associado a moléculas de clorofila P700 e absorve ondas largas próximas a 700 nm (cor vermelha), e o Fotossistema II (FS II), associado a moléculas de clorofila P680 que absorvem ondas eletromagnéticas com comprimentos de onda de 680 nm (cor vermelha).
Já os fitocromos são pigmentos proteicos de coloração azul-esverdeada que se encontram no citoplasma das células vegetais e participam na fisiologia vegetal em resposta a fenômenos luminosos periódicos. Estes podem estar na forma ativa (F) ou inativa (R), sendo ativados por comprimentos de onda no vermelho curto (660 nm), e assim absorvendo luz solar para a fotossíntese, e inativados por comprimentos de onda no vermelho longo (760 nm).
As telas coloridas
O uso de telas coloridas em cultivos protegidos, como em viveiros de mudas ou de plantas olerÃcolas, tem por princÃpio de funcionamento a manutenção da luz que incide sobre as plantas em faixas de comprimento de onda que favoreçam o desenvolvimento das mesmas.
Outro fundamento que justifica essa prática é que o excesso de luz pode ser prejudicial ao desenvolvimento da planta, ocorrendo um fenômeno conhecido como fotoinibição.
Segundo Longet al. (1994), sob baixa intensidade luminosa (menor que 100 μmol. m-2s-1), mais de 80% do quantum absorvido é usado na fotossíntese. Quando a intensidade luminosa aproxima-se de 1.000 μmol.m-2s-1 (cerca de metade do valor da luz solar), menos de 25% do quantum absorvido é usado e, sob luz solar plena, a utilização reduz para aproximadamente 10%. Sabe-se também que a quantidade de luz recebida pelas plantas é dependente de fatores como nebulosidade, localização geográfica e época do ano.
No entanto, a capacidade das plantas de oxidar a água permitiu que os organismos fotossintetizantes utilizassem a luz solar como fonte de energia e a água como fonte doadora de elétrons para fixar o CO2 atmosférico.
Entretanto, essa mesma capacidade de oxidar a água é um dos principais motivos de problema, pois espécies tóxicas de O2, tais como O2 singleto, peróxidos e superóxidos, formados durante a fotossíntese (ARAUJOet al., 2009), são destruidoras de membranas, prejudicando a planta.
Opções
O conceito de tela fotosseletiva foi desenvolvido e testado em Israel, em culturas de arbóreas, ornamentais, olerÃcolas e frutÃferas e tem se espalhado gradualmente por todo o mundo. Atualmente os filmes coloridos mais utilizados são o vermelho, azul, preto (também conhecido como sombrite), além de outras colorações, como branca, cinza e prateada.
Os filmes são vendidos em diferentes densidades, tratados como porcentagens, devido à luz solar que passa para dentro do ambiente. Geralmente, telas com percentagens de sombreamento de 30-50% são ideais para o cultivo de plantas, enquanto que de 80-90% são mais utilizadas em coberturas para fins de sombreamento de áreas para pessoas. Algumas espécies vegetais mais sensÃveis à luz poderão se desenvolver bem em sombreamentos próximos a 75%, como as orquÃdeas.
Importante saber
As cores interferem no crescimento, acúmulo de substâncias nos tecidos vegetais, atividades enzimáticas e dos fotossistemas. Observa-se melhor desenvolvimento de plantas, seja ele inicial ou já na fase de colheita, em ambientes com tela vermelha, assim como o crescimento de mudas. Esta cor de tela tem sido relatada como capaz de dobrar a produtividade de espécies como abóbora e uva.