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Adubação orgânica na produção de hortaliças

Joara Secchi Candian

Bacharel em Agroecologia, doutoranda em Agronomia (Horticultura)

Antonio Ismael Inácio Cardoso

Doutor e professor da UNESP/FCA ““ Departamento de Horticultura, Botucatu (SP)

ismaeldh@fca.unesp.br

Fotos Shutterstock
Fotos Shutterstock

Ainda que predomine o sistema convencional de produção no setor hortifrúti, o cultivo em sistemas alternativos, como o orgânico, cresce a cada ano devido a uma maior preocupação, por parte dos consumidores, com a qualidade dos alimentos e com a preservação do ambiente.

Assim, vem crescendo a utilização de técnicas e processos agrícolas que buscam integrar saúde, produção, preservação e lucro com o intuito de diminuir o uso de materiais sintéticos e de alto valor energético, os quais causam impactos ambientais, econômicos e sociais.

Destaca-se que, em média, os produtos orgânicos são comercializados por um preço superior aos convencionais e que há menor oscilação de preços ao longo do ano dos produtos orgânicos, permitindo maiores lucros ao produtor.

Recomenda-se a aplicação do adubo orgânico 20 dias de antecedência ao plantio - Fotos Shutterstock
Recomenda-se a aplicação do adubo orgânico 20 dias de antecedência ao plantio – Fotos Shutterstock

Caminho sem volta

A produção orgânica está cada vez mais aumentando em importância, sendo que nesta é proibida a utilização de adubos inorgânicos. No entanto, o inverso não ocorre, isto é, nos sistemas convencionais é permitida a utilização de adubos orgânicos, o que é comumente feito, principalmente pelos pequenos produtores. Por isto, tem-se observado aumento no número de pesquisas com adubos orgânicos, tais como estercos, compostos e diversos tipos de resíduos orgânicos.

Os adubos orgânicos podem ser misturados a determinados compostos inorgânicos como forma de enriquecimento e complementação, desde que sigam algumas regras. Na Instrução Normativa nº 17, de 18 de junho de 2014 há mais esclarecimentos a respeito das substâncias e práticas permitidas para uso nos sistemas orgânicos de produção animal e vegetal.

Portanto, um produtor que queira comercializar seu produto como orgânico tem uma série de normas e leis a serem seguidas, não somente com relação aos adubos, como também com as sementes, “defensivos“ naturais, dentre vários outros produtos. Portanto, os interessados em produzir devem procurar informações com um especialista da área ou empresa certificadora de produtos orgânicos.

Foto 03

Vantagens e desvantagens

Não apenas na agricultura orgânica, mas também na convencional, a adubação orgânica é muito importante, pois a utilização de resíduos orgânicos, além de ser fonte de nutrientes, está diretamente ligada à qualidade físico-química e microbiológica de um solo.

Seus efeitos podem ser sentidos já no primeiro ano de aplicação, entretanto, é em longo prazo e associado a técnicas de conservação do solo que a adubação orgânica vem apresentando excelentes resultados. Em alguns casos, a produção de hortaliças, sem ou com pouca necessidade de adubação de cobertura, principalmente em culturas de ciclo mais curto, reduz o custo com mão de obra. No entanto, isto só é possível em sistemas já equilibrados, em que o solo pode ser considerado rico em matéria orgânica.

Estes resultados só são possíveis porque a matéria orgânica é capaz de fornecer “alimento“ aos microrganismos presentes no solo, que são os grandes responsáveis pela liberação de compostos e disponibilização de minerais, os quais serão absorvidos pelas plantas.

Misturas de adubos orgânicos obtêm-se um melhor balanço de nutrientes - Fotos Shutterstock
Misturas de adubos orgânicos obtêm-se um melhor balanço de nutrientes – Fotos Shutterstock

Além de fornecerem nutrientes às plantas, via microrganismos, a adubação orgânica pode reduzir a perda de nutrientes, como o nitrogênio e o potássio, que, se aplicados apenas com adubos solúveis, podem ser rapidamente perdidos por lixiviação, contaminando o lençol freático, principalmente em períodos de chuvas mais intensas.

A matéria orgânica também ajuda a aumentar a capacidade de troca de cátions, ou seja, a capacidade do solo em manter nutrientes disponíveis às plantas, tornando-se uma “poupança“ de nutrientes para as plantas. Assim, ao longo das incorporações o produtor estará criando um reservatório de benefícios físico-químicos e biológicos para seu solo.

Solos ricos ou enriquecidos com matéria orgânica também conseguem reter mais água, reduzindo os custos com irrigação e, no caso de produtores que não tenham irrigação, reduzem as perdas por falta de água em períodos de falta de chuva. A matéria orgânica melhora a estrutura, o arejamento e a porosidade do solo.

Solos ricos com matéria orgânica conseguem reter mais água - Fotos Shutterstock
Solos ricos com matéria orgânica conseguem reter mais água – Fotos Shutterstock

Adubos orgânicos

Existem alguns adubos orgânicos que, além de serem uma excelente fonte de nutrientes, também favorecem o manejo de doenças e/ou pragas, como a torta de mamona, que apresenta propriedades inseticidas e nematicida. Alguns adubos verdes (que não é assunto deste “artigo“) podem reduzir a população de patógenos do solo, como a Crotalariaspectabilis, no manejo de nematoides causadores das galhas.

Entretanto, não são apenas benefícios que fazem parte da utilização de adubos orgânicos. Fornecer nutrientes para as plantas por meio de resíduos também tem limitações e cuidados a serem tomados.

Compostos orgânicos podem trazer microrganismos patogênicos e introduzir nematoides e sementes de plantas espontâneas (“daninhas“). Por exemplo, no caso de estercos e compostos, é preciso ter cuidado com o local onde o mesmo ficou guardado. Se for um local contaminado, o produto ficará também.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2018  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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