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Ação e reação dos organominerais no solo

Izabela Silveira Cardoso

izabela.silveirac@gmail.com

Geovânia Morais de Rezende

rezendegeovania@gmail.com

Graduandos em Engenharia Agronômica ““ ESALQ/USP

Eduardo Zavaschi

eduzavaschi@yahoo.com.br

Engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas ““ ESALQ/USP – Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão ““ GAPE

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

O Brasil se destaca pela alta produção de grãos, fibras, energia e frutas, entretanto, grande parte dos solos cultivados do País é intemperizado, o que lhes confere baixa fertilidade natural. Este fato faz com que a agricultura brasileira seja altamente dependente de fertilizantes, posicionando o Brasil como quarto maior consumidor mundial de insumos de origem mineral.

A associação entre a rápida disponibilização dos nutrientes pelas fontes minerais e as perdas de eficiência de uso dos nutrientes vinculadas a ela, somado à baixa capacidade interna de produção desse gênero de fertilizantes e a existência de um grande montante de materiais orgânicos, provocou o desenvolvimento de novas tecnologias de adubação, fazendo com que surgissem nesse cenário os fertilizantes organominerais (FOM).

O que são fertilizantes organominerais (FOM)

Os fertilizantes organominerais são resultantes da combinação de fontes minerais e orgânicas que proporcionam, simultaneamente, rápida e gradual disponibilização de nutrientes, conferindo maior eficiência de absorção pelas plantas, além de proporcionar melhorias de ordem física, química e biológica ao solo.

Com relação aos benefícios do uso de fertilizantes organominerais às propriedades químicas do solo, tem-se o aumento da capacidade de troca de cátions (CTC), acarretando em maior retenção de nutrientes e menores perdas; redução da atividade do alumínio na solução do solo, por sua complexação com ácidos carboxílicos e fenólicos; e redução da lixiviação, fixação e/ou volatilização de nutrientes pela liberação gradativa decorrente da ação mineralizadora da matéria orgânica.

No tocante às propriedades físicas do solo, os componentes orgânicos acarretam no aumento da capacidade de retenção de umidade, taxa de infiltração da água, porosidade e estabilidade térmica do solo, bem como proporcionam ao perfil uma menor densidade aparente.

No âmbito biológico do solo, as melhorias podem ser relacionadas ao aumento da diversidade e atividade de microrganismos que favorecerão importantes processos no sistema, como a mineralização da matéria orgânica e fixação biológica de nitrogênio atmosférico.

Ao mesmo passo que garantem melhorias aos atributos químicos, físicos e biológicos aos solos, os fertilizantes organominerais proporcionam a redução da utilização de fertilizantes minerais e dos impactos ambientais causados pelas atividades agropecuárias, uma vez que seus resíduos podem ser destinados à produção do FOM.

Outro benefício do uso do fertilizante organomineral é que o mesmo possui em sua fração orgânica uma gama de substâncias, como aminoácidos, ácidos orgânicos, hormônios e reguladores biológicos que beneficiam o desenvolvimento das culturas. Desta forma, as plantas se desenvolvem com maior vigor, melhor desenvolvimento vegetativo e podem apresentar maior florescimento e redução de abortamento de flores e frutos, resultando em maior produtividade. Este benefício tem grande importância em culturas perenes, como citros e café.

Causa e efeito

Diversas pesquisas (Bhatti et al., 1998; Lopez Hernandez et al., 1986; Fernandez R.,1995 e Benites et al., 2010) mostraram que o uso de fertilizantes organominerais aumenta a eficiência agronômica em até 70% em comparação ao uso de fertilizantes minerais. Esse aumento de eficiência pode ser traduzido na forma com que os fertilizantes organominerais favorecem o melhor aproveitamento dos nutrientes e resultando em incremento da produtividade das lavouras.

Em relação ao maior aproveitamento do fósforo, sua ação está intimamente ligada à dinâmica do nutriente no solo, uma vez que, com a mineralização da matéria orgânica há formação de ácidos orgânicos que formam complexos com ferro e alumínio, podendo ocupar os sítios de adsorção de fósforo no solo, o que acarreta na diminuição da fixação deste elemento e no aumento gradual de sua disponibilidade na solução do solo.

O aumento de eficiência da adubação potássica, com o uso dos organominerais, se dá pela menor possibilidade dos cátions K+ serem lixiviados, uma vez que são adsorvidos na CTC da matéria orgânica, sendo liberados de forma mais gradual quando comparado às fontes minerais.

O uso de nitrogêniopelas plantas, oriundo dos fertilizantes organominerais, também é favorecido, visto que a mistura de fontes minerais nitrogenadas com matéria orgânica proporciona menor perda do nutriente por lixiviação ou volatilização. Isto se dá pelo fato do nutriente ser gradualmente disponibilizado, e desta forma mais sincronizado com a absorção pelas plantas, deixando-o menos suscetível às reações de perda no solo.

Os compostos orgânicos presentes na matéria orgânica podem complexar micronutrientes metálicos (cobre, ferro, manganês e zinco), reduzindo as reações de precipitação dos mesmos no solo, disponibilizando-os de maneira mais eficiente para absorção pelas plantas.

O modo de produção do fertilizante organomineral é decisivo para proporcionar a maior eficiência agronômica prometida. A utilização de fontes orgânicas com elevadas concentrações de nutrientes e matéria orgânica ativa, em estado elevado de humificação, são fatores essenciais para adequada característica do FOM que, juntamente com a adição das fontes minerais, irão atingir teores nutricionais adequados para atender a legislação brasileira. Segundo Zebarth el. al., (2012), essa adição permite menores doses de aplicação ao solo, diminuindo gastos com transporte.

 

Os organominerais melhoram os atributos químicos, físicos e biológicos dos solos - Crédito Shutterstock
Os organominerais melhoram os atributos químicos, físicos e biológicos dos solos – Crédito Shutterstock

Uso dos fertilizantes organominerais e economia

Seu uso é viável para produtores de qualquer escala, mas indicado, principalmente, para culturas perenes (citros e café) ou semi-perenes (cana-de-açúcar), em solos com baixos teores de argila e matéria orgânica e bem drenados.

Os fertilizantes organominerais são considerados uma alternativa tecnológica que possibilita menor consumo de recursos minerais e aproveitamento de resíduos orgânicos, culminando em resultados favoráveis às lavouras que receberão sua aplicação.

A disponibilidade de matérias-primas regionais, somada aos incrementos do estoque no solo e à redução das doses e parcelamento de aplicação dos nutrientes, resultante do uso de fertilizantes organominerais, conferem maior rentabilidade e eficiência ao produtor.

Essa matéria você encontra na edição de fevereiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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