José Rafael da Silva
Engenheiro agrônomo, MSc. e proprietário do Viveiro Flora Brasil
rafael@viveiroflorabrasil.com.br
Victor Hugo Graça Silva
Engenheiro agrônomo – Ciclo Ltda
O maracujá-amarelo, Passiflora edulis Sims f. flavicarpa, Deg., é uma fruteira tropical nativa, e o seu cultivo teve alta ascensão no País, desde seu início na década de 70, quando o Brasil nem era tido com um dos principais produtores, até os dias de hoje, como o maior produtor e consumidor da fruta.
O maracujá pertence à família Passifloraceae, da ordem Passiflorales, atingindo 580 espécies, que estão distribuÃdas nos trópicos, nas Américas, Ásia e África, sendo que, entre essas, cerca 150 são nativas do Brasil. Mesmo com toda essa variedade, 97% dos cultivos comerciais são da espécie Passiflora edulisSims f. flavicarpa, Deg. (maracujá-amarelo ou azedo) e Passiflora edulisSims (maracujá-roxo).
Potencial
Algumas variedades de maracujá possuem potencial genético de produção de 120 toneladas por hectare por ano, claro que esse número utópico (por enquanto), se atingido, acabaria com todo o pomar.
A média nacional de produtividade é de cerca de 20 toneladas por hectare por ano.Por outro lado, produtores mais tecnificados e que seguem à risca todas as recomendações dos especialistas conseguem uma produtividade de 50 a 70 toneladas por hectare por ano. Esta alta produtividade, via de regra, reduz a longevidade do pomar, porém, melhora muito a viabilidade econômica do empreendimento.
Inovação
Em qualquer atividade humana, o uso de tecnologias modernas tem se tornado obrigatório, sob risco, para aqueles que não as utilizam, de inviabilizar seu negócio. Esta informação é extremamente verdadeira em qualquer atividade rural, seja ela pecuária de leite ou corte, agricultura de grandes áreas, horticultura ou fruticultura.
Em fruticultura, podemos chegar aos extremos de pomares com uso intensivo de tecnologias modernas, que incluem sementes, mudas, adubos, controle fitossanitário e colheita, produzirem até oito vezes mais que pomares implantados e cuidados com baixa ou nenhuma tecnologia.
Sementes de qualidade
A importância de se obter sementes de maracujá de viveiros certificados é muito grande. Muitos produtores têm o habito de retirar sementes de maracujá do seu próprio pomar para fazer suas próprias mudas ou comprar sementes (ou mudas) de origem desconhecida, tanto por não possuÃrem fácil acesso à semente de qualidade ou tentando com essa prática baixar o custo de produção da sua lavoura.
Porém, essa tática pode, além de não baixar os custos, trazer prejuízos para seu pomar, pois o maracujá é uma planta alógama (de polinização cruzada) e isso faz com que a produção com essas sementes (ou mudas) de origem não certificada ou geneticamente desconhecida não seja boa, podendo reduzir o percentual de frutos com maior valor comercial e diminuir o potencial produtivo em até 60%.
Além disso, há o risco dessas sementes, sem origem certificada, trazerem patógenos, infectando e comprometendo a produção do pomar e da área.
As sementes de maracujá originadas de matrizes certificadas e registradas no órgão competente são seguras, possuem maior potencial produtivo, podem chegar a ter 80% dos frutos com uma melhor classificação, elevando o valor comercial dos frutos e facilitando sua comercialização no mercado. Além disso, tem aplicação específica, ou seja, variedades com maior valor para a indústria ou para o mercado de fruta fresca.
Os registros de produtor de sementes e o do viveiro de produção de mudas são obrigatórios junto ao Ministério da Agricultura e, em Minas Gerais, também junto ao IMA.
Implantação de quebra-ventos
Por se tratar de uma planta trepadeira, o maracujá necessita ser suportado por um sistema de condução, e o espaldeiramento vertical é o sistema mais difundido e recomendado, capaz de gerar grandes produções no pomar, uma vez que possibilita a polinização manual ““ etapa mais importante durante o ciclo do maracujazeiro ““ além de facilitar e melhorar diversos processos, como: classificação de frutos, tratos fitossanitários, entrada de tratores, etc.
Sendo assim, o maracujá conduzido em espaldeira irá formar uma “cortina“ com os ramos caÃdos, deixando mais difícil a passagem do vento entre as plantas, o que na possível ocorrência de vendavais pode levar ao tombamento de toda estrutura de espaldeiras, gerando grandes prejuízos aos produtores.
Como forma de prevenir que o vento derrube os postes e plantas do pomar, primeiramente deve-se atentar ao local em que será implantada a cultura do maracujá e aos materiais usados para fabricação dos postes para a espaldeira (dando preferência a postes de eucalipto tratado).