Muito requisitado na culinária, estima-se que a produção mundial de manjericão esteja em torno de 830 toneladas ano e, com a extração do óleo essencial, gere uma receita de US$ 6,5 milhões
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Rafael Campagnol
Professor de Olericultura daUFMT
Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo edoutor em Agronomia/Produção Vegetal
Utiliza-se o manjericão como condimento para temperar e aromatizar os alimentos, considerando que, além de melhorar o sabor das preparações, também agrega valor nutricional aos alimentos, a fim de prevenir doenças cardiovasculares.
É, também, uma ótima estratégia para melhorar o sabor das dietas hipossódicas e hipolipÃdicas recomendadas a indivíduos com hipertensão arterial e dislipidemias. Sua riqueza em antocianinas, responsáveis pela cor roxa, é um importante antioxidante para proteger o organismo de doenças.
Na cozinha gourmet, o manjericão roxo é excelente para aromatizar pratos de peixes e legumes. As folhas do manjericão roxo são, normalmente, utilizadas frescas, porém também podem ser consumidas secas. Já as sementes podem ser consumidas e adicionadas à massa do pão.
Portanto, as propriedades nutracêuticas e condimentares do manjericão roxo, aliadasàs condições climáticas reinantes no Brasil, possibilitam seu cultivo o ano todo e credenciam-na como uma espécie de amplo potencial para ser mais bem explorado pelos produtores e atender a demanda crescente do setor alimentÃcio, visto que já atrai os olhares dos profissionais da culinária gourmet como um alimento diferenciado no universo gastronômico.
Quem é ele
O manjericão (Ocimumbasilicum L) é caracterizado botanicamente por ser uma planta herbácea perene, da família das Lamiaceae (a mesma do alecrim, menta e orégano), possuir hábito de crescimento ereto, com altura máxima de até 1,0 m e altura média de 0,5 m.
Almeida (2006) cita em seu livro “˜Manual das culturas hortÃcolas’ a existência de duas subespécies de manjericão:Ocimumbasilicumsubsp. Basilicum, que são as plantas que possuem folhas grandes (as mais conhecidas: manjericão, alfavaca ou basÃlico), sendo que esta subespécie se subdivide em dois grupos: Latifolium, que são as que apresentam folhas verdes, e Purpureum, que são as de folhas púrpuras.
Já a subespécie Ocimumbasilicumsubsp. Minimum, cujo nome vulgar é manjerico, é caracterizada por possuir folhas finas, e destacam-se por seu uso como planta ornamental ou aromática.
Características
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Em relação às partes comercializáveis, as folhas caracterizam-se por serem pilosas, estriadas, com nervura saliente, pontiagudas, ovais, de margens lisas e onduladas e formato de coração, seis centÃmetros de comprimento e coloração verde-clara.
Ressalta-se a ocorrência de exsudação de essências na face abaxial das folhas. Em função disso, apresenta-se como uma planta extremamente aromática. As flores brancas, pequenas e de coloração que pode variar de branco à púrpura, caracterizam-se por serem emitidas na região axilar dos ramos, da qual é a principal parte comercializada por folhas frescas ou secas. O fruto é do tipo aquênio, minuto, fruto minuto e indeiscente, contendo sementes pequenas, pretas e oblongas.
Quanto à origem do manjericão, pode-se citar que é uma planta que possui como centros de origens a Índia e a Ásia Central, regiões estas onde a planta é considerada sagrada, é utilizada por gregos ortodoxos em rituais religiosos sendo, por muitos, considerada como sÃmbolo do amor na Itália, e de luto na Grécia.
O manjericão possui várias aplicações na culinária, como aromática, pincipalmente em combinação com o tomate, assim como é amplamente utilizado no tratamento de inúmeras enfermidades.
Produção mundial e nacional
Estima-se que a produção mundial esteja em torno de 830 toneladas ano e, com a extração do óleo essencial, esta produção gere uma receita de US$ 6,5 milhões. Por outro lado, no Brasil existe uma carência de dados que quantifiquem tanto a produção nacional, por Estado, quando a rentabilidade.
Somente naCeagesp, o manjericão correspondeà segunda erva aromática comercializada, com volume de 5.000 a 7.000 maços mês-1, e preço médio de venda de R$ 0,40 o maço, sendo o valor final deste produto entre R$ 1,50 a 3,00.
Ressalta-se, ainda, que a produção de manjericão roxo corresponde a 15 a 20% de todo o manjericão produzido (folhas verdes e roxas), uma vez que este tipo possui exigências nutricionais maiores, e por isso ocorre uma carência no fornecimento de semente com alto percentual de germinação, dificultando o processo de produção desta erva aromática.
Aposta certa
DericVermeulen é gerente de produção da empresa Vermeulen Hortaliças e Plantas Ornamentais, em Holambra (SP), onde é cultivado 1,5 ha de ervas aromáticas. Deste total, o manjericão roxo 10% da área, um plantio iniciado em 2006. “Entramos no cultivo de manjericão depois de observar uma crescente demanda por temperos diferentes e de forma saudável“, conta.
Segundo ele, o valor médio de venda é de R$ 7,00/kg do produto fresco, produção comercializada para aCeagespde São Paulo e para alguns mercados e restaurantes. “A aceitação é limitada, pelo consumo não muito difundido“, lamenta.
Quanto ao custo de produção, está em R$ 4,00/kg, em média.
Porteira adentro
O plantio do manjericão é feito no campo, em canteiros com mulching para segurar a umidade e as plantas daninhas. A irrigação é feita por fitas de gotejo ou por aspersão, e as plantas ainda recebem pulverizações semanais e passam por colheitas manuais. A adubação consiste em fertirrigacão feita duas vezes por semana e irrigação de acordo com o clima e chuvas.
O plantio é feito escalonado mensalmente para que Deric consiga colheitas semanais durante o ano todo.
O gerente da propriedade conta que a cultura sofre muito por ataque de várias espécies de nematoides, e por isso ele optou pelo tratamento biológico, sempre trabalhando preventivamente.