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Cedro australiano – Madeira estável, versátil e de alta produtividade

Fotos Ricardo Vilela
Fotos Ricardo Vilela

O cedro australiano(Toonaciliata var. australis) está no grupo das espécies mais valiosas para a produção de matéria-prima para as indústrias moveleiras e da construção civil. Isso porque as propriedades biológicas, físicas e mecânicas da madeira dessa espécie são semelhantes às de outras espécies de Meliaceae, notadamente aquelas pertencentes aos gêneros Cedrela (cedro brasileiro) e Swietenia (mogno brasileiro).

A madeira do cedro australiano possui como principais características a superfície lisa e lustrosa, cerne e alburno de coloração distinta com relação favorável ao cerne, coloração do cerne bege rosado, leveza, baixa densidade, grã direita, não causa sensação de adstringência e possui boa estabilidade. Por isso mesmo, é matéria-prima ideal para produtos que necessitam de acabamento de alto nível: portas e janelas, molduras, móveis e objetos, instrumentos musicais, laminados. Poucas espécies aceitam tão bem trabalhos com torno, fresa, cola, lixa, verniz e tingimento, na opinião de Ricardo Steinmetz Vilela, diretor da Bela Vista Florestal e presidente da ProCedro.

As características citadas fazem com que o desdobro de suas toras produza pranchas com pouca tendência de empenamento e rachaduras, os principais defeitos comerciais de madeira serrada em geral. Da mesma forma, exige investimentos menores em equipamentos para serraria.

Características da madeira:

ð Trabalhabilidade;

ð Baixa retratibilidade;

ð Estabilidade dimensional;

ð Resistência mecânica;

ð Leveza;

ð Beleza visual.

Demanda reprimida

Dentro do setor de base florestal, a madeira tropical de alto valor, como a do cedro australiano se encaixa no setor de madeira processada mecanicamente, dentro do qual o volume de “serrados“ se destaca.

Segundo a STCP Consultoria, o Brasil produz 20 milhões de metros cúbicos de madeira serrada por ano. Destes, 12 milhões são de espécies folhosas. Produtos de maior valor agregado consomem por ano outros quatro milhões de metros cúbicos.

Para suprir todo esse volume de madeira,Ricardo Vilela calcula que seriam necessários mais de um milhão de hectares de florestas plantadas com madeiras nobres. “O cedro australiano tem uma madeira similar ao cedro rosa brasileiro, parecida visual e mecanicamente, a ponto de marceneiros experientes confundirem as duas. Isso faz com que esse seja o caminho mais óbvio de penetração no mercado interno e externo. O cedro rosa brasileiro, internacionalmente conhecido como Spanish Cedar, vem abrindo uma lacuna no mercado, por estar cada vez mais escasso e caro. O cedro australiano é a alternativa natural para consumidores dessa madeira de alto valor agregado“, aponta o especialista.

 

Ricardo Vilela, diretor da fazenda Bela Vista Florestal e presidente da ProCedro. Foto: RODRIGO LIMA / NITRO.
Ricardo Vilela, diretor da fazenda Bela Vista Florestal e presidente da ProCedro.
Foto: RODRIGO LIMA / NITRO.

Os pilares do mercado

Ricardo Vilela cita os três fatores imprescindíveis para se estruturar uma cadeia de mercado para uma nova espécie florestal:

â–º Origem: O receio de adquirir madeira de origem ilegal da Amazônia é real em muitas empresas. A madeira de floresta plantada leva uma enorme vantagem nesse quesito.

â–º Padrão: afirmar que o mercado exige padrão não quer dizer que a madeira tem que ser classe A, mas que o produtor deve entregar a madeira dentro das características acordadas; de umidade, número de defeitos e dimensões. Algo que parece óbvio, mas culturalmente não é cumprido pela maioria dos fornecedores de madeira de origem nativa no país.

â–ºContinuidade de fornecimento: se o cliente for começar a usar uma nova espécie de madeira, uma das primeiras questões que deve observar é se haverá continuidade de fornecimento. Isso é imprescindível, pois cria-se uma cadeia onde os agentes são interdependentes.

Colheita do cedro australiano  FOTO: JOAO MARCOS ROSA/NITRO
Colheita do cedro australiano
FOTO: JOAO MARCOS ROSA/NITRO

A parte que interessa

Cerca de 80% do volume da árvore está concentrado no fuste da planta. O restante representa pontas e galhos. Estas partes não terão uso na serraria, seja pelo baixo diâmetro ou pela forma tortuosa e inadequada ao processamento.

O diâmetro está diretamente ligado à produtividade e à idade da planta, segundo Eduardo Stehling, consultor e diretor da Fuste Consultoria Florestal.“Plantas de baixa produtividade atingirão diâmetro de corte mais tarde. O ideal é ter toras com diâmetro médio entre 45 e 55 cm e plantas com DAP mínimo de 50 cm.Observa-se que o diâmetro médio das toras é determinante no rendimento de desdobro. Quanto maior o diâmetro médio, maior o rendimento. Bons rendimentos giram em torno de 50 e 60% na conversão de tora para madeira serrada“, pontua.

Toras retilíneas, de baixa conicidade, sem tortuosidades ou defeitos, garantem alta rentabilidade. A madeira precisa estar em bom estado, livre de nós e problemas ligados ao manejo. Por outro lado, toras finas apresentam baixo rendimento.

O consultor informa que plantas com 30 cm de diâmetro médio apresentarão rendimento em torno de 30%, consistindo basicamente em miolo e alburno de árvores. Esta madeira tem mercado, entretanto, seu valor é inferior.

Toras de cedro australiano com 12 anos - Fotos Ricardo Vilela
Toras de cedro australiano com 12 anos – Fotos Ricardo Vilela

Em florestas de produção direcionadas para serraria, cada árvore terá entre três e quatro toras úteis, sendo que as três primeiras são passíveis de manejo de desrama para a produção de madeira clear(livre de nós). A tora da base é a mais grossa e a da ponta a mais fina. Dessa forma, em uma árvore, cada tora possui um rendimento de desdobro específico.

“O que determinará a largura das tábuas e pranchas produzidas será a ponta fina da tora, que ficará orientada para a serra no momento do corte. Os cortes devem contemplar a remoção do alburno das árvores, pois sua presença afeta a qualidade e, consequentemente, os valores das pranchas ou tábuas produzidas, impactando no preço final de venda desta madeira“, diz Eduardo Stehling.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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