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Formigas – Dê um basta nelas

 

Thalles Cardoso Mattoso

Engenheiro agrônomo, pós-doutor no laboratório de Entomologia e Fitopatologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense

Thaís Berçot Pontes Teodoro

Bióloga, mestre em Ecologia e doutoranda em Produção Vegetal

Denise Dollores Oliveira Moreira

Engenheira florestal e doutora em Produção Vegetal

Richard Ian Samuels

Zoólogo, doutor em Entomologia e professor Associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense

richardiansamuels@gmail.com

Crédito II Seminário Florestal
Crédito II Seminário Florestal

As formigas cortadeiras são as principais pragas de florestas plantadas. Estas são responsáveis pelo corte de folhas, brotações, ramos e flores que são transportadas para o interior de suas colônias subterrâneas, onde o material vegetal é utilizado para o cultivo do fungo simbionte (Leucoagaricusgongylophorus), que alimenta os indivíduos presentes em seus ninhos.

Geralmente, desfolham toda a árvore, diminuindo assim sua capacidade fotossintética e, consequentemente, a produção de madeira. Os prejuízos causados podem ser diretos: morte de mudas e redução do crescimento das árvores; ou indiretos: diminuição da resistência de plantas a insetos e patógenos.

Estas formigas são mais danosas durante os três primeiros anos de idade da planta, sendo que o desfolhamento total retarda o crescimento da árvore, enquanto que duas ou três desfolhas consecutivas podem levar a sua morte.

Danos

Estima-se que apenas uma colônia de Atta spp. pode reduzir a produção de madeira de 0,04 a 0,13 m3/ha em plantações de eucalipto. Contudo, essas reduções podem variar de acordo com a idade das plantas e intensidade de ataque. Alguns trabalhos também apontam que um ninho de formiga cortadeira é capaz de restringir em 5,0% o crescimento anual em Eucalyptus e em 10% para Pinus.

O nível de dano econômico de formigas cortadeiras é estimado com base na metragem dos formigueiros, sendo que, em plantações de eucalipto, seus níveis de dano são estimados entre 13,4 e 39,2 m2 de ninho/ha. Estudos revelaram que reduções médias na produção de madeira em espécies de eucalipto são da ordem de 0,87% para cada 2,76 m2 de ninho/ha.

Os valores dos danos econômicos provocadas por formigas cortadeiras podem variar de acordo com a região, devido a diferenças nas características das plantações e custo com o manejo das infestações, contudo, de forma geral, o controle destas pragas em reflorestamentos pode representar mais de 75% dos custos e do tempo gastos.

Trilha de formigas - Crédito Richard Ian Samuels
Trilha de formigas – Crédito Richard Ian Samuels

Problemas

As formigas cortadeiras, que se caracterizam pelo corte e carregamento de material vegetal fresco, estão dentro da tribo Attini, composta pelos gêneros Atta (saúvas) e Acromyrmex (quenquéns). Estes gêneros apresentam diversas espécies distribuídas no continente americano, sendo 10 espécies de Atta e 30 espécies de Acromyrmex no Brasil.

Dentre as saúvas que causam prejuízos a sistemas de produção florestal, destacam-se as espécies: Atta laevigata (saúva de vidro), Atta sexdensrubropilosa (saúva limão), Atta sexdenssexdens (saúva limão do norte), Atta sexdenspiriventris (saúva limão sulina), Atta cephalotes (saúva da mata) e Atta opaciceps (saúva do sertão do nordeste).

Dentre as quenquéns, destacam-se: Acromyrmexsubterraneussubterraneus (quenquém mineira), Acromyrmexniger (quenquém), Acromyrmexaspersus (quenquém rajada), Acromyrmexlaticeps (quenquém campeira), Acromyrmexoctospinosus (quenquém da amazônia), Acromyrmexstriatus (formiga de rodeio), Acromyrmexcoronatus (quenquém de árvore) e Acromyrmexrugosus (formiga mulatinha).

Cada espécie descrita será mais ou menos severa às culturas de acordo com a região de cultivo.

Formigas-cultivando-seu-fungo-Crédito-Richard-Ian-Samuels
Formigas-cultivando-seu-fungo-Crédito-Richard-Ian-Samuels

O ataque

As formigas cortadeiras são atuantes ao longo de todo ano, diferentemente de outras pragas que ocorrem somente numa determinada época. Contudo, em relação às florestas implantadas, os cuidados começam antes mesmo da implantação das mudas.

Antes do preparo do solo, os formigueiros devem ser combatidos, para quando receberem as mudas não haver formigas que causem problemas. Cabe ressaltar que, com a necessidade de combate constante, o manejo destas pragas deverá acompanhar as mudanças e estações do ano, adaptando-se diferentes estratégias e métodos ao longo de todo o processo.

 

Prevenção

Antes do preparo do solo, os formigueiros devem ser combatidos, para que quando receberem as mudas essas formigas não causem problemas. O controle inicial deverá ser realizado 30 a 60 dias antes da limpeza da área para o plantio. Durante este período, recomenda-se o uso de controle químico com iscas formicidas granuladas ou termonebulização.

Após o primeiro combate, recomenda-se a realização do repasse para revisão do controle inicial, que deve acontecer 30 a 60 dias antes das mudas serem implantadas. Neste período, podem ser utilizadas iscas, termonebulização ou inseticidas na formulação em pós-seco. Estas etapas vão garantir que as áreas estejam livres de formigueiros para receber as mudas.

MIP

Uma estratégia bastante recomendada é o Manejo Integrado de Pragas (MIP) para reduzir preventivamente as populações de formigas cortadeiras. Dentro do MIP, respeitando-se das dimensões da área a ser plantada, práticas como aração e gradagem (até quatro meses após o período das revoadas), o uso de culturas armadilhas nas bordas da cultura, manutenção de faixas de vegetação nativa entre os talhões, redução da caça de animais silvestres e dispersão de insetos e microrganismos inimigos das formigas cortadeiras garantem a redução do número de colônias dentro da área e, consequentemente, o custo com controle químico durante o período do controle inicial e do repasse.

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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